quarta-feira, dezembro 06, 2006

A Noviça Rebelde.


Certo dia estava de saco cheio em casa em plena segunda-feira, precisava sacolejar um pouco, se é que me entendem. Não tinha nada de drogas em casa, uma maré baixa baixou no Rio e eu não consegui comprar porra nenhuma. Fui no meu armário e vi umas três garrafas de vinho, lembrei de uns filmes babacas em que o protagonista mesmo sozinho faz questão de beber em uma taça. Foda-se! Peguei o saca rolha e comecei a puxar com força a tampa, o que a fez partir ao meio, ficando uma parte entalada na boca da garrafa. Peguei um garfo e com a parte de trás dele empurrei o restante pra dentro; pronto, comecei a lançar no gargalo mesmo, tudo de uma vez só, em largos goles, além de fundos. O ambiente me pareceu soturno, sozinho e despreocupado com qualquer perspectiva, liguei um som pra tentar ouvir alguma música em meu novo estado de espírito. O som era gostoso, uma harmonia lenta, um pouco melancólico admito, mas nada melhor do que a realidade pra nos sacolejar mesmo. As necessidades começaram a exalar, brotavam em minha mente forçosamente, não me dando escolha à não ser segui-las inconscientemente. Sempre que me encontro neste estado, não sei concretamente o que me move no mundo, são tantos valores descentes que temos que seguir verdadeiramente, alguns tão contraditórios, que prefiro esquecê-los e seguir em frente vorazmente; a fome de viver. Terminei a garrafa em questão de minutos, fui ao armário e abri outra, contudo parei nos primeiros goles. Se continuasse neste ritmo não sobraria muito de mim, e eu precisava ainda de mais. De súbito me senti invencível, nada me tragaria neste mundo, meu coração era uma pedra. Preciso de uma puta e agora. O que é preferível? Pagar uns cinqüenta reais em uma boate fodida a esta hora da noite, correndo o risco de não comer ninguém, ou tentar a sorte na Atlântica por um pouco mais? Ou menos se bobear, ai depende do seu gosto. Estava um pouco ébrio na verdade. Trôpego em minhas convicções e totalmente decidido. Peguei as chaves do carro e fui pra minha sorte, o melhor que podia fazer. Ao mesmo tempo em que me senti triste, não podia deixar de me animar. Sai do prédio onde moro em Botafogo e fui dirigindo em uma rua deserta, com poucos vampiros como eu. Dizem que na madrugada acontecem mais assaltos, ainda mais com motoristas sozinhos e despreocupados como eu; To pouco me fodendo. Do jeito que as coisas caminham, um dia cedo ou tarde a violência bate a minha porta, assim como a sua. Então de que adianta ficar em casa trancafiado? Vamos às putas. Passei de carro em frente “La Cicciolina” ver se conseguia algo na porta. Algumas pessoas entrando, e outras saindo às pressas, nada de interessante na verdade. Segui em frente em busca da sorte. Comecei a passear pela famosa Avenida Atlântica de Copacabana. O movimento ali sempre fora estupendo, tem todo tipo de gente e de coisa. Algumas não chegam a ser coisa, isso me entristeceu, mas foda-se, eu quero minha puta. Estava dirigindo lentamente quando olhei uma Loira de bunda magnífica, acompanhada com umas pernas que nunca vira igual, estava apaixonado por aquele corpo, uma gostosa de marca maior. Fiquei um pouco nervoso pelo fato de não ter nada em mente para lhe dizer, o que fora logo sorvido pelo vinho que há pouco havia tomado. Parei do lado dela com a janela do carona bem em frente à rabuda. Abaixei minha janela, enquanto ela já se debruçava em meu vidro. Seu rosto era bonito também, fiquei feliz pr ter a sorte de encontrar alguém como ela, justo ali, sobretudo esta hora da madrugada, quando a maioria das putas já saiu com seus clientes:
- Oi Fofo. Está perdido por ai? – Achei estranho ela já começar a falar, achei que ia esperar eu puxar assunto. Tinha uma voz melodiosa, realmente era uma puta de nível perdida no meio da Atlântica. Sorri.
- Caralho você é gostosa mesmo, acho que quem está perdida é você, nunca vi mulher mais linda aqui em Copa.
- Não precisa mentir pra me agradar lindinho, eu sou uma puta – Ela sorriu, tinha dentes bons.
- Quem disse que estou mentindo, você é de luxo. Realmente aqui encontramos de tudo, é um circo realmente.
- E o que não falta é palhaço no picadeiro – Demos uma gargalhada. Juntos. Sua cabeça já estava toda dentro do meu carro. Vi um crucifixo pendurado em seu pescoço, bem minúsculo. Estava com uns brincos cintilantes, grandes em suas orelhas em forma de círculos, com um top cor de rosa e uma mini saia bem justa em sua bunda estonteante...Meu Deus que bunda, era divina. Logo fantasiei. Queria dar uma gastada nela.
- Você é realmente bem espertinha, além de gostosa. Deixa-me sentir esta sua boca – Com violência agarrei-a pelos cabelos e chupei a sua língua, foi um beijo bom, apesar de agressivo. O vinho falava ainda por mim. Queria ver aquela bunda neste minuto, então acabei inventando algum subterfúgio para tal – Hum, você beija com vontade, gosto disso. Mas como vou saber que você não é um travesti? – Claro que pelo beijo sabemos quando é, ou não, um traveco, entretanto a maioria das pessoas não sabe disso, e pelo visto ela também não, apesar de puta. Ela sorriu descaradamente, achou engraçada minha reação e suspeitou, acontece que ela devia estar gostando mesmo do jogo.
- Olhe bem lindinho – Ela foi até atrás de um carro estacionado em uma das inúmeras vagas da imensa avenida e levantou bem a saia, revelando uma boceta rosa, com pentelhos loiros adornando seus lábios. Ela sabia provocar, virou-se e colocando as mãos no chão empinou e me mostrou a bunda. Que cu lindo.
- Entra! – Alguma coisa explodiu em minha mente àquela hora, despertando mil fantasias e eu iria realizá-las com esta mulher. Já sabia até o que iria fazer, me senti psicótico. A Loira entrou depressa no meu automóvel e saímos de volta ao meu apartamento.
- Você tá rondando muito tempo por ali? Eu tinha acabado de chegar e você apareceu – Perguntou.
- Nem tanto, eu também tinha acabado de chegar na Atlântica quando lhe vi. Com uma bunda destas é impossível não notar.
- Que engraçado...Chegamos juntos e vamos embora juntos. Acredita no destino?
- Porra nenhuma meu anjo. Já lhe disseram que você parece um anjo – Indaguei rindo.
- Eu acredito em destino, sempre acontecem coisas que ligam as pessoas. Deus está lá em cima e olha tudo.
- Claro, na certa olha tudo e ri de todos ao mesmo tempo em que chora.
- Você é estranho.
- E você é gostosa, com todo o respeito – Não queria perder o sorriso, estava adorando aquilo tudo.
Ao chegarmos em casa, voltei a beber o vinho e ofereci um pouco a ela. A loira pegou um copo qualquer de requeijão em cima da mesa e bebeu. Não queria perder tempo e fui pegar uma das fantasias da minha ex-namorada, àquela vaca. Entreguei a roupa para a loirinha e mandei se trocar, falei seco e sem qualquer tipo de constrangimento; fora uma ordem sem sombra de dúvida. Com a porta do banheiro encostada vejo algum movimento lá dentro, queria ver o que ela achou da roupa e fui espioná-la. Por entre a nesga da porta comecei a observar, alimentar o meu voyeurismo. Ela puxa um vidrinho com um pó e dá dois tecos. Espero que não surte aqui no meu apartamento, se não vou ter que lhe dá um coladão e não gosto de bater em mulheres. Ela termina de vestir a fantasia no banheiro, enquanto rapidamente me dirijo para a sala, me senti um imbecil. A Loira chega um pouco tímida a minha frente, com olhar um pouco assustada, evasivos e interrogativos. Ela parecia uma santa, a roupa lhe vestiu bem e certinha. Trajava agora um hábito de freira, em todos os detalhes possíveis. A cruz pendente no pescoço, sua cabeça envolvida por um pano negro escorrido, e a parte branca por de baixo desta. Estava linda, estonteante, e tão logo fui mortificado por sua beleza, um sorriso forte e vistoso amadureceu em meu rosto. Ela retribuiu em um gesto sensual, colocando atrás das orelhas o pano negro da cabeça. Tive uma ereção.
- Vem cá e chupa minha pica agora, Loira gostosa! – Botei meu pau duro pra fora e comecei uma leve punheta.
- Nossa que pirocão – Ela se ajoelhou e ficou parada olhando um pouco o meu caralho, havia gostado dele. Percebi.
- Ajoelhou? Agora reza – Com fome ela começou uma felação incrível, chupava bem úmida a cabeça do meu pau, passava a língua provocando e depois abocanhava tudo até o talo, num vai e vem frenético. Senti a garganta diversas vezes. Era uma reza pra ninguém botar defeito. Tirei logo toda a roupa e a coloquei pra chupar de novo, a porra escorria pelo canto da boca, misturando muco e baba, de modo que eu ainda pude alcançar o vinho e dar mais uns tragos. Derramei um pouco de vinho em seu rosto e lembrei do sangue de cristo, comecei a dar umas pirocadas na cara da minha freirinha. Ela estava linda naquele hábito de freira, com os olhos claros tingidos pelo erotismo, e novinha na idade da perdição. Enquanto mamava com avidez, olhava diretamente nos meus olhos, gemendo baixinho pra não ser ouvida em seu delírio. Agarrei seus cabelos e a fiz chupar mais forte, meu pau explodia. Minha alma era uma máquina de sexo.
- Ai que delícia de chupada...
- Seu caralho é muito bom...- Ela se interrompeu e percebi que ela não sabia como me chamar. Eu sorri pra ela e disse:
- Senhor!
- Seu caralho é muito bom meu Senhor.
- E você tem uma senhora chupada... Minha vez agora – Não quis nem saber de nada. Deitei-a na cama e levantando o hábito, mergulhei com a boca toda aberta em sua boceta, rosa de pentelhos loiros. Era incrivelmente perfumada. Segurei as pernas dela abertas pra cima, e a fenda da boceta se abriu ainda mais, linguava fundo e molhado, cuspia e sugava todo o cuspe. A Loira fazia eu perder meu ar. Adorava o gosto dela nas minhas amígdalas, adocicado e com um leve sabor salgado no final. Minhas mãos iam de encontro aos seios por debaixo do manto; não queria tirá-lo, sendo que ela percebeu isso, fazia todos os movimentos singelos e sensuais, porém sem deixar o hábito escapar.
- Meu Senhor, põe este caralhão na minha cara! – Ela não conseguiu se conter de tesão, estava delirando em meu fetiche. Estávamos em um meia nove absurdo, ela ficou deitada de costas na cama, enquanto eu ia por cima. A loira começou a me dedar o rabo, no mesmo tempo em que me chupava o pau, me deixou ainda mais excitado, foi quando mordi seu clitóris. O incrível é que ela gostou disso, urrou de dor e prazer, passando a chupar mais forte. Tirei meu pau de sua boca, o liquido seminal fez uma linha de baba untada a boca, enquanto o pau ia se distanciando. Fiquei de quatro e olhando pra ela ordenei:
- Agora você vai chupar meu cu – Ela me olhou um pouco chocada, ficou a me fintar um pouco. Eu estava bêbado demais pra qualquer tipo de constrangimento. Liguei o foda-se, não vejo nada de mais nisso, ainda por cima depois de tudo que já fizemos. De repente os olhos de vergonha em que ela se aprisionou fora liberto por uma devassa curiosidade. A Loira agora se fixava em meu rabo, franziu as sobrancelhas com um tesão inesperado, começou a se masturbar observando meu cu. Deu uma cusparada e abriu as nádegas com as duas mãos, ajeitou o manto negro na cabeça, e voltou a abrir a bunda. Olhava com vontade agora, dando um chupão de língua no rabo em seguida. Isso a animou de verdade, passava as unhas pela bunda, chegando a morder as bochechas das nádegas. Ela ficou um tempo neste vai e vem com a língua alucinante. Levanto e a pego pelos braços, deito-a de costas no chão, coloco um travesseiro fino retangular de dormir no chão e apoio nele a cabeça dela, venho por cima, virado em direção aos pés da Loirinha, me agacho na posição de cócoras e encaixo o cu na boca da minha freira. O relaxamento do cu nessa posição ficou tão absurdo, que me senti totalmente relaxado, ela alcançou profundidades admiráveis com a língua e comecei a gemer, urrar como um animal. Caralho! Fiquei totalmente louco de tesão, enfiei um dedo na sua boceta e ela estava encharcada, chegava a escoar. No chão mesmo a agarrei com força, fui até um pouco violento na verdade, estava ligado ao máximo, e ela ligada pelos tecos que deu antes da foda. Posicionei-a de quatro, levantando o hábito deixando a bunda de fora. Não sei como mas ainda lembrei de colocar uma camisinha, infelizmente:
- Hoje eu só quero o cu minha Freirinha! – Disse em um regozijo profundo, resfolegando a cada palavra.
- Sim meu senhor! Mete logo em mim essa pica! – Encaixei sem ela esperar, de susto ela mordeu os lábios com força e gemeu baixo com os olhos semi cerrados. Comecei a meter com uma força abissal, ouviam-se os estalos do meu quadril explodindo em sua bunda do corredor. Senti a camisinha rasgar e meu pau conheceu a carne de seu rego. Foda-se! Quero continuar metendo! Foda-se! Meti a mão na boceta e ela começou a gritar e gozar como a puta que é, ao mesmo tempo em que eu gozava junto com ela. Ficamos gritando e gozando juntos alguns minutos, o que nos pareceu uma eternidade. Após o término ela continuou desfalecida e deitada com o hábito deixando mostrar apenas sua bunda escultural e toda gozada. Olhei pra ela ao chão e não senti merda alguma, meu coração realmente virou uma lasca de pedra. Tive pena dela, não pude imaginar nem um terço do que ela possa ter sentido. Mas fiquei satisfeito comigo mesmo, o que foi pior. Acabei lembrando que não havia combinado preço algum, puxei cem reais da carteira e entreguei a ela. Lembrei de dar mais vinte pro táxi. A Loirinha retorna ao banheiro e se lava meio confusa ainda. Volta pronta para partir, apenas diz:
- Eu quase nunca vou pra Copa, trabalho na quatro por quatro na verdade, mas gostei de você, foi surpreendente. Você quer meu telefone? – Escarneceu um pouco tímida.
- Claro que sim. Vou chamar um táxi pra você... Toma leva a roupa junto, lhe caiu muito bem. Semana que vem vou te ligar e quero que você venha com ela de novo, mas traz um crucifixo maior que este ai – Disse meio sem pensar. Ela me entrega um cartão com seu número. Além de puta era advogada, o que é quase a mesma coisa.
- Claro meu Senhor – Ela saiu às pressas enquanto eu ligava para um táxi local. Feliz da vida voltei a beber o resto da minha garrafa de vinho, pensando em como explicar o meu atraso no escritório amanhã cedo. E que Deus nos ajude.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Larica.


Querem dilacerar seus sonhos mais mesquinhos, e mesmo que o moinho seja tombado, hão de inventar uma máquina que lhe prenda a realidade cruel de uma criança que perdeu a arte de fantasiar. De que adianta viver sem a prazerosa arte das quimeras. De que adianta experimentar o que querem que experimentem? Vamos fumar todas as maneiras possíveis e inimaginárias de se superar, mesmo que seja apenas em nossos corações. E quanto mais imaginamos nosso crescimento estupendo, mais se aumenta à fome arrebatadora de todo nosso inconformismo. As mãos que forçam a entrada de uma porta trancada, tentam convulsivamente, ao mesmo tempo em que inutilmente, destrancá-la e espionar as seqüelas de um mundo doente. Não devemos forçar portas, tão pouco abrir a nova caixa de pandora habitada no computador. Trabalho é a palavra da existência humana, mesmo que sem sentido e escravizado. Devemos estar conscientes de que temos que abandonar nossas maiores aspirações para nos adequarmos ao materialismo que nos cercam, ao consumo que nos oprimem. As pessoas podem se sentir umas merdas por diferentes porras; pela sua classe social, pela sua condição física, pelo próprio capital, mas às vezes elas se sentem oprimidas pelo simples fato da outra pessoa existir. Tem puta medo do pensamento do estúpido semelhante a sua volta. De seu irmão como chama a igreja católica. Faz de tudo para não ser repudiado de um meio, mesmo que aquele meio não seja sua verdadeira pessoa. É insuportável perceber que somos tão semelhantes em nossa estupidez! Enquanto tragamos a vida trôpega em uma realidade avarenta, não usamos mais as quimeras pra crescermos, apenas como fuga da realidade, a inspiração não se torna mais uma aspiração, apenas uma dor aguda amarga no peito a ser desmembrada, desgarrada e abandonada por uma necessidade que não seja sua, e sim daquele irmão, ou nem mesmo deste puto. Quantas pessoas fogem atrás de máscaras escrotas em meios virtuais? Não que devamos parar de se colocar em lugar de terceiros, de se imaginar em outras épocas, mas a fantasia não deve parar apenas como fuga, e sim como algo a se concretizar. A verdade é que está na hora de usufruirmos a igualdade tão latente dita em todas as igrejas do mundo, em todas as formas de se chegar ao divino. Porque cu todo mundo tem. Vou cagar; cagar é divino.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Réquiem De Uma Flauta.


Com o queixo ligeiramente erguido, com as pupilas entrecerradas e a fisionomia de esforço, apesar da leveza e calma de aparência que ostentava, dedilhava com ardor as inefáveis notas de sua flauta doce. Deixava os graves e agudos soando com tamanha paixão para um público igualmente apaixonado; que sentidos poderíamos dar para sons que quando escutados, levantam as mais contraditórias da lógica das emoções? Seus movimentos tinham o tempo de um sonho, vagarosos, seguidos por abruptos solavancos de seu corpo todo, hipnotizando assim os olhos ao seu redor. Não tardou a entrar o baixo de toda música, carregada de uma alegre melancolia, anarquizando toda felicidade existente em uma solitária gota de lágrima. A luz que emana de certos fatos, e fotos, prende totalmente a atenção de todo o reboliço ao seu redor, ainda mais com o coro ordenando toda a melodia a sua volta, deixando mais nítido todo contraditório. O violoncelo tragou em um só suspiro a imaginação mais abominável ao medo. Não era a tristeza que a música queria passar ao público, apesar de alguns se sentirem assim. A alegria também devia estar ali, contudo poucos a viram. O inexplicável era o mais aceitável; as dúvidas eram o verdadeiro foco. Ninguém se atreveu a dizer uma palavra, as respostas vinham não de palavras, e sim apenas de estrondos, sons, o rugido de uma orquestra em seu ápice. O homem que tocava a flauta estava no centro de tudo, da música e da platéia, assim como o resto da orquestra. Sentia-se o próprio maestro das conseqüências. A volúpia e o regozijo de poder estar ali, o fez tremer, mas não hesitar. Novas pessoas se juntavam da rua, chamados pelo coro que urrava do Teatro. Algumas mães, que voltavam com seus filhos para casa, não resistiram a tanta ostentação sonora e detiveram-se na porta, esticando os pescoços. E o Flautista aparentando cair, dá pequenos passos em direção ao público. Este homem sempre sonhara com este dia. Poder lotar todo um lugar, com tantas emoções contíguas a lembranças. De repente tudo se silencia, o teatro se calou, a música havia se calado, para no segundo seguinte, aplausos, uivos e explosões de ânimos ovacionando o Flautista. Este desceu de sua caixa de fera que o sustentava e olhou ao redor. A praça realmente havia enchido de pessoas, todavia não era um teatro, tão pouco um palácio, e sim uma praça; Cinelândia. O Flautista estende uma sacola e começou a recolher uns trocados, de olhos estendidos, os mesmos que contemplavam o céu. Depois de recolher o que pôde saiu de fininho na direção da praça seguinte, levando seu caixote de fera. Impressionante a capacidade de abstração junto à criação do imaginário. A música é a explicação de todo silêncio que nos cerca perante as dúvidas mais engenhosas, e que nos acompanha sempre que nos vemos sozinhos, ou chorando no júbilo ou na amargura.

sábado, dezembro 02, 2006

Mitos Urbanos.


Não sei por onde anda minha vontade, fora enganada e transviada pelas mentiras circunstanciais de um momento triste. Não sei se voltarei desta minha subversão de sentidos, quantos mais afundamos, mais somos alimentados pela voragem de um coração perdido em seus tormentos. Não sei quem sou neste mundo superficial, todos procurando agradar gostos alheios, esquecendo de sua real verdade, o real anseio que lhe adorna seu senso crítico. Talvez realmente eu não saiba muita coisa; de mim tão pouco quanto os que me cercam, além de outros que me julgam. Só posso dizer que a revolução vive em mim, as mudanças de vontades, as relativizações do meu ser são tão intensas, podendo ser; ácido ou êxtase, maconha ou haxixe, heroína ou coca, ópio ou cogumelos, e tudo isso ao mesmo tempo e agora. Não se acanhe ao achar que tudo não passou de um sonho, claro também um maldito pesadelo, ficando pendente apenas o ponto de vista, do horizonte ou a vertical. Mas deixemos de lado os pragmatismos inflamados em nossos parâmetros pessoais, o que nitidamente tentam ser infiltratados, implementados em um senso comum que poucos repudiam, e quando o fazem, são estuprados e execrados, muitas vezes com chantagens sociais absurdas. Então; revolucione-se e foda-se.

terça-feira, novembro 28, 2006

Largos Sorrisos.


A mão tremia em convulsão, caída à lateral da cama, tremendo, se mexendo por vontade própria. Os pés seguiam os mesmos passos de todo o corpo, dançando uma música inaudível, sem sentindo para muitos e um verdadeiro regozijo para mais poucos. A testa suava em demasiado desconcerto, os pingos iam molhando o travesseiro deixando um odor desconfortável. A casa já estava impregnada por este cheiro fétido. Nada mais podia se fazer por esta pobre infeliz, sua mente estava perdida em busca de uma felicidade que não existe, uma felicidade surreal, uma promessa nunca cumprida. Um gemido de súplica silenciou a respiração ofegante. Eu olhava aquela cena com um desgosto do cão. Não poderia deixar de notar seu sexo desnudo, enquanto todo o corpo aparentava o júbilo de um gozo interminável. Apesar de tudo tive uma ereção por aquela louca fodida. Os olhos verdes perdidos no vazio da parede. Havia um quadro ali ou era só impressão dela? Ela queria se exibir pra mim, estava fora de si, podre por dentro. Tive nojo da cena. Meu nojo maior era por mim até, por estar gostando daquela merda toda. Tirei a seringa do braço dela, com certa repugnância. O ambiente estava lento, o tempo estava mais longo. Também sabia que em pouco momento aquilo poderia ser meu futuro; junto a ela. Sobretudo a verdade tinha que ser reconhecida, como gostei dessa bunda gostosa, e isto me alargou o sorriso ao vê-la empiná-la pra mim. Os seios se fizeram pontudos pedindo minha boca. A vontade agora estava desfalecida. Adjacente àquele corpo lindo e sem vontade. Ela dançava deitada se esfregando na cama, parecia uma maldita gata no cio. Precisava de um trago e dos bons. Cheguei na cozinha, afinal ela não ia a lugar nenhum, peguei um copo no armário e enchi até a borda de uma cachaça boa. Não dei nenhum gole, joguei longe o copo explodindo na parede e resolvi beber no gargalo. Lembrei de um amigo meu que tinha esta mania, Felipe. Sempre buscava entre suas ações as mais violentas, a importância da expressão corporal, claro que isso assustava a todos, mas era apenas uma forma de esconder sua sensibilidade. Ele era um ator dos bons, estava sempre ocupado com peças. Dissipei minhas palavras de figuras e imagens e me sentei em uma poltrona em frente à minha desfalecida mulher, onde ainda se revirava em gozos profundos na cama. Sentado e inerte comecei a olhar profundamente para minha garrafa de cachaça, como aquilo sempre me acalmava. Subitamente a garrafa cria pernas e começa a dançar na minha frente, um sapateado engraçado e de bastante criatividade, o que me alargou um outro sorriso. A garrafa dança e dança sobre suas perninhas, causando um espetáculo ao meu ver. Era tudo tão magnífico. A sede porém fez eu interromper o show, tentei pegá-la pelo gargalo e ela sai correndo de meu alcance. Achei que havia enlouquecido de vez, garrafas não criam pernas, não sapateiam, tão pouco fogem quando vamos tomar o que elas podem nos oferecer. De repente esta garrafa vem de alienígenas, ou talvez faça parte de uma mega conspiração do governo para nos mantermos sóbrios. Acabei me irritando e comecei a perseguir a garrafa pela casa, derrubando alguns móveis em minha implacável perseguição.
“Meu corpo estava dormente estirado em minha cama, estava no limite, na extrema fronteira entre a realidade e o sonho. A atividade constante e as tremedeiras aumentavam meu prazer, apesar de não sentir muita coisa ao me tocar. O prazer vinha da curiosa dormência. Sentia alguém comigo, mas não sabia quem, podia ser quem fosse, saber que havia outra pessoa ali comigo aumentava meu exibicionismo. Me contorcia toda, minha boceta babava gozo, e um arrepio cobria como um véu todo meu corpo. Empinei ainda mais um pouco a bunda, gosto quando me observam o cu, me excita como nunca. Meus bicos saltaram de meus seios implorando para serem mamados, ao mesmo tempo em que a pele se transformava em seda, um largo sorriso abriu em minha mente. O prazer chegou a um certo contorno que saí de meu corpo, corria de estrelas em estrelas, flutuava de pensamentos em pensamentos e vivia nos planetas perdidos do universo. Como é bom ser a dona do espetáculo, ter o controle sobre o público, excitá-los deixando-os de pau duro, e cada vez mais mostro porque sou tão gostosa. Que lugar maravilhoso é este que estou, onde o corpo desfalece de prazer, os braços parecem não ter vida própria, as pernas não existem e sinto que flutuo. Os barulhos que me cercam são estranhos pra mim, coisas se partindo, vidros explodindo, e à medida que vai aumentado este barulho todo, percebo que estou cercada por uma música linda...Tudo é tão magnífico. De repente me vejo com 9 anos, quando brincava de médico com um amiguinho meu na escola, ele tinha uns 12 anos. A gente se reunia na hora do recreio atrás do palco de teatro. Ficávamos algum tempo nessa brincadeira, ele adorava enfiar algumas coisas em mim. Fiquei mais molhada com estas lembranças. Lembro também que nos pegaram uma vez, o garoto tava com dois dedos na minha boceta, foi a maior merda, nunca mais o vi. Em casa meu pai me deu umas bolachas e me xingou de coisas que nunca havia escutado. Logo depois me tiraram do colégio, acabei indo para uma escola só de meninas, sendo lá que aprendi a colar velcro. Não resisti e sorri pra estes meus pensamentos”.
É impressionante como a força da imaginação faz o impossível se tornar realidade, assim como a criança que brinca com objetos mortos dando vida a seus brinquedos. Cansei de correr atrás da garrafa, peguei um vaso que caíra da mesinha da sala e arremessei na direção dela. A merda foi que a garrafa não resistiu, obviamente, o choque. Voltei para a cozinha na intenção de pegar outra bebida. Desta vez quis dar uma de esperto, peguei uma fita isolante na gaveta da cozinha e colei a garrafa no meu braço. Essa safada não ia fugir de mim.
“Esta sensação é a melhor da minha vida, é uma felicidade tão intensa, parece que estou tendo orgasmos múltiplos há horas. Estou realmente longe, nada mais importa, quero ficar aqui gozando o meu gozo. Foda são os barulhos que de vez em quando explodem no meu ouvido, quem tá fazendo esta merda toda?”.
Volto pra sala e vejo minha puta ainda prostrada na cama, com leves movimentos sensuais. Meio ébria pelo prazer intenso. Caminho um tanto quanto trôpego até ela e sento no chão ao seu lado observando a casa de cabeça pra baixo; mesinhas viradas de ponta cabeça, vasos destruídos, estantes tombadas, móveis partidos violentamente. Nisso tudo estou eu sentado do lado do sofá fedido, e me pergunto, quem fez esta merda toda?

quarta-feira, novembro 15, 2006

A Porta Mágica.


Meus olhos me traem de vez em vez em quando, contudo sei que não é sempre, graças a Deus ou coisa do gênero. Cansado prostrado em cima da cadeira deixava ler todo o jornal para saber as merdas do mundo. E nada como umas tragédias para começar o dia. O espetáculo da mídia se transforma na nossa mais saborosa sobremesa de nosso café da manhã antes de sair ao trabalho. O real disfarçado de imaginário e o sadismo travestido de curiosidade. Curtia a leitura nas falsas máscaras de políticos e celebridades. Mas quem não constrói máscaras? Será mesmo tolo aquele que é totalmente sincero? Ou a honestidade tem sua vez? Perigoso e necessário seria a resposta, pelo menos pra minha personalidade construída. Então assim vou me fodendo. Contraditório não? Joguei o jornal extravagantemente no chão de casa quando já ia batendo a porta. Sai no corredor do apartamento em que moro, sentindo umas altas batidas de musica vindo da casa do vizinho, que mora em frente ao meu. Fiquei esperando calmamente o elevador, enquanto que de esguelha observava a porta do vizinho, entreaberta e com luzes saindo em flashes lá de dentro. Caminhei com cautela e pela fresta dei uma olha de relance lá para dentro, resolvi ser intrometido mesmo. Estava tudo em um mundo paralelo. Eu não acreditei nem que estava indo pro escritório, pensei ainda estar dormindo. A musica era eletrônica e bem envolvente, me deixei levar. Fui entrando no ritmo da musica, ela crescia cada vez mais, embalando meus pensamento e ditando meus passos, a alegria vigorava cadê vez mais, os quadris se animavam enquanto os pés pareciam descalços. Fechei a porta atrás de mim e olhando pela cozinha para a sala fiquei um pouco invejoso confesso, eles haviam deformado a forma original do apartamento, a sala estava bem maior que a minha, o que me fez perceber que a sala era todo o apartamento. As janelas estavam fechadas, lacradas e cobertas por toldos espessos que não permitiam o contato com o céu límpido de hoje. Tinham umas vinte pessoas lá dentro, todas pulando animadíssimas. Fiquei realmente chocado com a cena que nem percebi a minha boca aberta. Confesso que o melhor ainda não tinha acontecido, mas senti que estava bem próximo da felicidade dentro daquele ambiente. As pessoas nem notaram minha presença, continuavam em seu mundo paralelo de alegrias, de sublimação da existência de outros seres e da própria tristeza. Caralho como a música era boa, tinha vontade de fazer tudo nessa vida. Até já havia ouvido que o som interfere na nossa forma de pensar, de ver as coisas, de sentir a sensibilidade ao seu redor, de querer cantar algo, de ser poeta pelo simples fato de existir, do amor e das lágrimas que nos impulsionam pelas vielas do cotidiano, até mesmo na fé das pessoas...Mas isso era realmente empolgante. Comecei a pular e a entrar na sala, sendo que finalmente notaram a minha presença. Eu só queria pular dançante, sentindo o calor controlar meu corpo. Comecei já tirando a gravata e a jogando longe, partindo logo depois o terno, a camisa puxei pra fora podendo assim ficar com os braços mais soltos. Inebriante estar ali sufocado pelo suor que já transpirava na camisa, fazendo contornos de gotículas pelo dorso. Meu sorriso contagiava ainda mais a todos, deixava ali transparecer toda minha alegria, abandonei qualquer culpa aparente. Tudo que não existe significado próprio, ganharia qualquer que fosse sua forma, indefinida ou não, um sentido:
- Hei cara, quem é você? – averiguou uma das pessoas sem deixar de se mexer um minuto, além de nunca perder o sorriso.
- Não sei ainda...
- Alá galera, o Carlos veio!
- Boa Carlos! É isso aí!
- É o Carlos? Não acredito estava esperando você há séculos. Onde você estava que não aparecia meu querido!
- Caralhooooo! Huhuuuuuuuuuuuuuu!
- Claro que sou eu, não falei que vinha? – Alguns urros estavam tentando superar a altura da musica dentro da sala, o que realmente era impossível, entretanto mesmo assim as pessoas gritavam os sentimentos que as impulsionavam para a felicidade. Claro que eu nem sei quem era Carlos, mas não importava quem eu era realmente, podia ser quem eu quisesse. Nós todos continuávamos dançando e mexendo junto com a terra. Cada nota era um passo novo, um jeito inovado de mexer, de saltar com ritmo, era sublime. A sala girava violentamente sobre meus pés incansáveis. Uma língua me calou e enfiou a boca dentro da minha, gostei daquele chupão inesperado, fiquei extasiado e com os sentidos renovados pelo tesão. A Loira que me beijava, colocou uma mão atrás da minha cabeça e forçou de contra sua pessoa, enquanto a outra mão acariciava minha bunda. Com leves mordiscadas em meus lábios ela me larga no meio da pista e vai a um canto, pega dentro de uma jarra cheia de cápsulas, pastilhas e tabletes um de seus conteúdos e volta, cheia de exaltação. A Loira coloca um ácido na minha boca e volta a pular me encarando sorrindo. Claro que o efeito não surgiu de imediato, fiquei ainda um bom tempo torcendo pra onda chegar logo e me levar embora em suas ondulações, queria altos tubos. Balancei a cabeça segurando-a com as mãos. Não queria sair voando. Minha vista estava um pouco tremida, danificada pela droga, ou era apenas minha imaginação? Agora realmente não saberia dizer se era tudo um sonho. Apenas deixava minhas asas voarem em direção ao som, como um inseto da luz que zanza em círculos diante a luminosidade, mesmo que aparente. O perigoso é a vela em cima de uma bacia d’agua que atrai e mata os mais desesperados. Senti uma alegria absurda exalar de meu peito, não tinha limites e nem fronteiras. Estava em colapso com tantas explicações sobre o que é a arte e toda sua plenitude da ostentação de beleza. Abri os braços e comecei a voar em um mar de rosas perfumadas de júbilo, os urros dominavam meu estômago, pela primeira vez me senti vivo. Os monstros não poderiam me pagar, jamais poderiam descobrir o verdadeiro valor disso. O leão urge diante a neblina de paradigmas desnecessária. Continuei com os braços abertos e pulei pela janela, estava voando pelos céus de minha cidade, via tudo do alto, as pessoas correndo apressadas na voragem do cão, os prédios e todo o mundo urbano em chamas, o vento ascendendo em meu rosto. Flutuava sem direção e desviando dos prédios que surgiam em minha vista, tudo velozmente, ao desviar de um prédio em alta celeridade, logo me surgia outro. Quando percebi realmente o que estava acontecendo é que me deparei com a realidade. Aquilo era um formigueiro e suas malditas formigas enquanto eu voava pelos céus despreocupado... Ai... O vento aliada a liberdade de movimentos são fodas. Comecei então a pisar em algumas formigas, esmaguei várias com vontade. Chutei alguns formigueiros destruindo estradas longas de formigas. Estou invulnerável no meio do caos. Claro que as formigas não deixariam de reagir, subiam por todo meu corpo se alimentando de minha carne suada. Pulei cada vez mais alto no meio da pista. Tornando-me o próprio regozijo em pessoa, não havia nada além a alegria. A Loira vendo meu estado se aproximou, só que desta vez não a deixei me beijar, agarrei seus longos cabelos como crina e comecei a chupar sua boca despudoradamente. Suas mãos passeavam por todo meu corpo, apertou com força minha bunda e a outra meu pau. Uma morena igualmente animada veio se unir a nossa festa, só que não era nossa, era de todos. Não demorou muito para as pessoas do festival começarem a se beijar, um verdadeiro redemoinho de mucos e babas que começou a infestar o ambiente. Tirei a camisa e a calça, fiquei de cueca um pouco, não queria me afobar. No início achei que as pessoas ficariam me olhando, julgando e observando, querendo saber como é o meu corpo. O engraçado é que pouco se foderam, estavam todos ocupados com paus e bocetas em suas bocas, começou uma roda de sexo oral um pouco descontrolada. Percebi que havia mulheres com paus de plásticos e paus reais, ou seja, alguns travestis. A Loira se agachou e abocanhou minha pica com vontade, chupava com sofreguidão, ela pelo visto adorava chupar, deliciava-se com o odor e o gosto, não parava um segundo de gemer e lamber. Fazia sumir em sua boca toda a pica, senti sua garganta encostar a cabeça do meu pau. Claro que estava bom, mas ficou ainda melhor, a morena não se fez de tímida, e tirando a cueca até os meus joelhos, abriu minhas pernas, me inclinando um pouco pra frente, enfiou bem fundo a língua no meu cu, babava muito, senti a saliva escorrendo pelo saco, percebi que era muito difícil de segurar; gozei de imediato. A Loira não tirou a piroca da garganta pra eu ejacular, a porra escorria de sua boca, uma porra densa e abundante, gozava muito realmente, a mulher com o falo na boca parecia regurgitar o meu sêmen. Puta que pariu, era muito gostoso isso, nem por isso as duas deixaram de me chupar. Comecei a curtir as duas se deliciando com meu corpo e a visão do ambiente. Virou uma verdadeira putaria, Algumas mulheres cavalgavam em seus respectivos parceiros, umas levando de quatro por trás abriam ainda mais as ancas para receber tudo, alguns travestis já sodomizavam homens enquanto estes simultaneamente chupavam paus de plásticos de algumas mulheres. Um trio de meninas faziam um circulo de chupadoras infernais, arregaçavam bem as pernas e a boceta levando dedos e línguas pelos buracos. Alguns homens acabaram se punhetando entre si. O perfume animava ainda mais a festa. O cheiro da viscosidade, da transpiração ofegante, dos gemidos abafados pela música, não conseguia me conter em um único pensamento. Voltei a me direcionar pras minhas mulheres, e nem percebi como tinha chegado àquela posição. A Loira com o cu arregaçado, na posição de quatro, e a morena abrindo bem a bunda daquela, segurando firme a nádegas e puxando em direção opostas as bandas. Abria muito aquele rabo, uma delícia, enquanto eu socava fundo. De tempo em tempo, tirava o caralho do cu, chupava e enfiava de novo com o máximo de zelo. Uma Travesti bem linda e feminina que enrabava um maluco, deixou-o de lado e veio me beijar, não parei de comer aquela guria. Era uma boca áspera, mais agressiva, a língua um pouco mais violenta, sentia-me um pouco invadido pela traveca, mas nem por isso o mandei embora, a deixei ali me beijando. A Travesti foi direto na minha bunda, ficou lambendo meu cu com a sua grosseira língua. Uma das mulheres com um pau sustentado por um cinto de couro, amou a cena que viu e veio se juntar a nós, enquanto a travesti agora abria bem a minha bunda. A Dama penetrou meu rabo com suavidade, a saliva e o tempo em que fiquei levando linguadas havia preparado e relaxado bem meu cu. Não demorou muito e já estava sendo estocado com vigor por aquela Dama, mas nem por isso deixei de meter na minha Loira, que bunda apertada. Em seguida um casal que trepava em fortes cavalgadas no sofá, levantaram-se e vieram se juntar a nós, colocando na cara da loira o coito, e esta passou a chupar com veemência a entrada, a junção do pau na boceta. A animação não abandonava nossas idéias, a fantasia ditava o sexo. Ao mesmo tempo em que enfiava meu cacete naquela bunda, a Dona deslocava um pouco seu quadril para trás, para meter fundo seu pau de plástico na medida em que eu mexia minha anca na direção dela. Abdicando os pudores e travas de um mundo cínico, outra formosa Jovem de cabelos curtos deixou o trio feminino que se chupavam ao chão. Eu metia de joelhos na loira, enquanto a Jovem inclinou-se totalmente colocando suas mão ao chão, e mantendo-se de pé, deixou nítida sua boceta rosada, cheirosa pingando para o meu prazer. Sorvi com todo meu amor a uma xoxota daquelas, seu líquido de excitação confundia-se com o da minha boca, o sabor adocicado ascendeu meus hormônios e comecei a meter e levar mais forte. Um Homem que fodia incansavelmente uma Linda Garota, pegou nas mãos desta e veio arrastando pro nosso centro, todos queriam fazer parte desta união. Pegou seu caralho meio torto e enfiou com vigor no cu do Travesti que abria meu rabo. A Travesti não esperava e soltou um grito misturado com gemido. Não querendo ficar de fora a Linda Garota abriu o traseiro do marmanjo e se pôs a chupar o cu. A Morena continuava abrindo a bunda da Loira e sorrindo extasiada. Seu traseiro estava totalmente aberto e convidativo a qualquer um que se dispunha a meter. Bem ao lado estava uma Coroa com um consolo de cinto, fodendo uma outra Trava, a medida em que esta já louca com o cacete duro se punhetando enquanto era enrabada. A Coroa largou a Trava e encaixou na Morena, gemeu baixinho sacanagens eu sua orelha. A Trava louca de mastro duro, levantou atrás da Coroa e engasgou a pica até as bolas, e tão logo agitou freneticamente sua cintura, sentiu mais estocada em seu ânus. Um dos caras bi sexuais que ao canto fazia um meia nove com outro homem, deixou seu Parceiro na punheta e foi rasgar a Trava. Não querendo ficar de fora, o Parceiro bi sobe em uma dos descansos da poltrona e enfia sua pica na boca do homem. Uma das outras mulheres que haviam sido abandonadas pela formosa Jovem, aquela que formava o trio infernal, emboca atrás da Dona que metia em meu traseiro, deitada com as pernas abertas e sorvida por sua cúmplice com a bunda empinada. A Ruiva tatuada que metia os dedos no cu de um outro senhor, e este introduzia ferozmente na xota de uma Adolescente, saiu em busca de novas aventuras, começou a rodar todo o alvoroço criado pela conjunção carnal desenfreada. Ao se deparar com a nádegas arrebitada de uma das Infernais, começou a dar uns tapas de leve na bunda avermelhada da cúmplice chupadora. Claro que a medida em que se imprecionava em sua situação de maestria, de condução da vontade da Cúmplice, empolgava-se cada vez mais e falava ordens quase inaudíveis pela música, do mesmo modo que aumentava seu sadismo, suas necessidades de satisfazer seus desejos mais obscuros e indecifráveis conjugados a violência. Puxava o cabelo da cúmplice e a forçava sugar com vigor a xana que se deleitava. Os tapas atingiam todo o corpo, contudo a bunda era a mais agredida. A Cúmplice acabou por se descobrir nesta posição submissa, obedecia com o mais fiel dos louvores. O Senhor sentindo falta das dedadas, segurou a Adolescente no colo e se juntou a aglomerado de pessoas. Ficou fodendo a ninfeta em pé e com a bunda ao lado da Dona que me penetrava, esta sem dó passou a cutucar com os dedos o cu saudoso do Senhor. Deitado em um dos cantos da enorme sala, um homem andrógeno tatuado se masturbava ao mesmo tempo em que enfiava um consolo no rabo. Deixou o vibrador na bunda mesmo e foi chupar o coito de alguém. As mãos mais levadas ao perceber o vibrador no rego do Andrógeno, violentavam-no com o mesmo. A Ruiva tatuada já praticava um fistin em sua obediente Cúmplice. O recinto tornou-se uma massa de carne viva se contorcendo. Os gemidos orquestravam uma sub música, sendo envolvidas pelo som eletrônico que continuava a bater de contra os corpos suados, melados de gozo e mucos; porras em geral. A Lascívia foi saciada depois de longas esporradas, gritos, convulsões e tapas na cara de alguns. O cansaço apoderou-se dos corpos. Posteriormente a um breve descanso de minutos todos ali envolvidos começaram a se mover. Certas pessoas começaram a colocar algumas vestimentas, estavam um pouco inebriadas de prazer, mas não queriam continuar nus jogados pela sala, e o som animado ainda tocava sem freios, e foi precisamente este maldito som que desencadeou todo este espetáculo, e mesmo diante todo o meu cansaço, ainda tinha forças pra dançar, e todos se levantaram no mesmo ímpeto, renascer a festa. No meio do surto inquieto percebemos uma mulher de cabelos levemente tingidos de loiro se aproximar pela porta da cozinha, seus olhos estavam curiosos, e tão curiosos quanto assustados. Contudo nem por isso um sorriso sutil deixou de sair de seus lábios:
- Hei Lindona, quem é você? – Tomando a iniciativa perguntei a ela olhando em seus lindos olhos azuis. Trazia simplicidade e uma alegria contida perceptível em seus movimentos retraídos.
- Eu estava andando pelo corredor...
- É a Maria, ela chegou – Gritou a Trava mais animada, puxando Olhos Azuis para dentro da festa. E a música fez o resto.

domingo, novembro 12, 2006

Oceanos e Gotas.


Nem sempre as chances que temos podemos agarrá-las, às vezes caem diante de todas as facilidades. Entretanto quem nos disse que seria fácil? Vamos carregando uma culpa pelas nossas derrotas que as vitórias fazem reascender a paixão pela vida. Assim vinha caminhando pela Rua João Marcelo, com lágrimas nos olhos, não de tristeza, mas pela certeza de que tudo iria recomeçar. Entretanto algo para recomeçar tem que chegar ao fim. Sua esperança havia mudado de estado com o passar dos anos. A face entrecerrada em uma careta tola, enquanto alguns o encaravam com rancor, imaginando ser este algoz da simplicidade aparente da convivência de todos. Colocou a mão no bolso procurando seu celular; o que foi em vão. Ficou imóvel diante da rua, em baixo de um semáforo enquanto todo a seu redor se movia. Uma mãe levava uma criança em seus braços apressada com o tempo da creche e do mau tempo, passando ao seu lado sem notar sua presença. Igualmente esbarrava em seu ombro um homem de gravatas segurando uma pasta em seus braços, um pouco torto pela falta de equilíbrio de sua destreza. Uns meninos correndo de outros meninos se divertiam, parecendo um crime ante a seriedade do mundo, nos ensinando como tudo se mantém tão sereno. Os carros não silenciavam diante o caos criado por eles mesmos, fazendo tudo parecer tão confuso. Uma velha carregando na cabeça um saco de roupas passeava com dificuldades entre inúmeras pessoas que zanzavam por ali com finalidades diversas. Pingos de chuvas abruptas do céu, tingem de úmido o ar que não esperava tanto perfume. O cheiro de chuva arrepiava a todos com uma paixão pela natureza reverenciando nossos instintos mais antigos. Nisso uma lágrima toca o asfalto, confundindo o oceano dos céus com a gota do homem. Ninguém disse realmente que seria fácil. Continuou perplexo com suas vontades internas, não interpretava nada, o progresso perdera seu sentido em presença aos sentimentos que o atormentara. A saudade o assolava, o medo o apunhalava pelas costas, enquanto a chuva o molhava imperdoavelmente, não havia por que se mover, tudo já se movia. O tempo passava sem se perceber que realmente passara. A música tocando sem fim. Pessoas dançando ao seu redor qualquer som. Não havia sentido naquilo que João procurava, ninguém procurava junto com ele, pelo menos não muitos, “sinto tanto por tudo ser assim tão difícil, por que não podemos chegar a um lugar comum, onde esta o verdadeiro progresso? Em nós? Nos segredos do oceano que nos inquieta? Vejam estas pessoas andando ao redor, sorrindo ao acaso sem ver que elas são prisioneiras, são todas ligadas por algo em comum e separadas por este mesmo algo em comum, e quando rompemos com este senso do ordinário que nos mantém prisioneiros somos crucificados em nossas próprias idéias. Aonde vou agora, não sei o que fazer...Perdi a vontade de andar, acho que vou me sentar aqui e chorar até as lagrimas se secarem, os soluços me impedem de pedir qualquer coisa pra alguém...Sinto falta do mundo que havia construído, agora só vejo fim em tudo...Não posso mais me olhar no espelho sem ver aquilo que mais almejava, vou sentar aqui e deixar a chuva me afogar...O que eu faço? Ninguém me avisou que seria assim tão difícil”. Levantou-se do chão asfixiado pelo próprio choro e caminhou pela rua enxugando inutilmente os olhos, sendo que a chuva ainda o inundava com seu crepitar violento. A maioria das pessoas corriam pra debaixo dos toldos e lojas abertas, alguns poucos aventurados ainda andavam indiferentes a chuva, como joão que seguiu não sabendo para onde seguir. Começou a atravessar a rua sem olhar para os lados, estava distraído sentindo pena de si mesmo pensando em círculos. Justamente em que atravessava a rua, um carro atinge Marcelo, não por conta do motorista deixar de apertar violentamente o freio, mas a pavimentação molhada impede o carro de parar. Ocorre um alto impacto do corpo de João com a parte dianteira do veículo, chegando a rachar o vidro. Sendo que logo depois do carro deslizar alguns centímetros com o João, se debatendo em cima do capô, ao parar o carro, aquele é violentamente jogado para frente, rolando em seguida alguns metros a frente. Com o corpo todo dolorido sentindo fortemente as mãos e joelhos em carne viva, o sangue fervendo escorrendo destes, sua mente clareou instantaneamente. A chuva limpava o rubro de seus membros, enquanto Marcelo vislumbrava sua clareza de sentidos apesar do impacto. Estranho é vir justamente esta nitidez com este impacto. Algumas pessoas já se formavam em volta do acidente. O motorista, meio embriagado pelo seu nervosismo, pedia perdão a todos que lhe olhavam. João rapidamente levantou, num salto impulsionado por toda uma paixão. Esta lhe afoga como a chuva agora a pouco, um verdadeiro oceano de sentimentos onde sufocou mais uma vez. Tentaram-lhe segurar inutilmente, querendo cuidar de seus ferimentos ou até mesmo levá-lo ao hospital. Marcelo se desvinculou de qualquer um que quisesse segurá-lo, estava movido pelo oceano de emoções e reencontrou os sentidos ao qual procurava. O coração voltou a bater com vontade, explodindo suas veias em fortes estocadas, estava obstinado, tornara-se uma máquina. Saiu correndo pela calçada não pensando em nada, apenas em sua redenção. Suas pernas, apesar da dor lancinante, mexiam-se velozes em desespero, nem importando a calçada molhada. Parou em frente ao portão de um prédio e apertou com insistência a campainha. Não demorou muito estava bufando afobado no elevador. A roupa escorria água em abundancia. Estava tão desconcertado, que ao tentar abrir a porta, deixa cair as chaves no chão. Agachou estabanado e as pegou. Ao adentrar rapidamente o apartamento encontra o motivo de todo seu oceano de inquietações chorando ao chão, perto da estante onde descansa uma televisão, junto a um aparelho de som. A Mulher cobria o rosto com as palmas das mãos, deixando entrever através dos dedos um pouco de seus olhos verdes, tão lindos e profundos, enquanto que seu cabelo escuro adorna seus braços cruzados em cima dos joelhos. Sentindo a presença de João, os soluços se acalmam e seu rosto se levanta. Ficaram um pouco assim, olhando um nos olhos do outro, tentando se reconhecerem de novo. As lágrimas ainda obscureciam a visão. Ambos limpam os olhos com as costas da mão e continuaram a olhar. A comédia entretanto é a água da chuva que escorria na sala do corpo do homem. Marcelo se aproxima com extrema calma e impaciência diante a mulher, pegando em seus braços com uma ternura invejável. Pingava agora menos. Não há relutância de entrega ao sentimento que voltava a brotar, bem que mais forte em ambos presentes. Na verdade nunca haviam estado tão presentes. Os corpos se abraçam com uma força incomensurável, o calor existia apesar das gotas excessivas de água. A mulher estremece nos braços apertados de seu companheiro, enquanto que a boca deste sussurra fácil palavras que exprimissem qualquer mar incompreensível de palavras impronunciáveis;
- Quem disse que seria fácil – indagou - quem disse?

sexta-feira, novembro 10, 2006

Traz Mais Uma Por Favor.


Hoje tirei os óculos para enxergar o mundo um pouco melhor, é insuportável olhar tudo nitidamente e se sentir um imbecil, ver que todos estão corroborando para um mesmo fim; nos sentirmos imbecis e apáticos. Olhei para frente com minha retina despida de sua verdade, de seu filtro. Agora sim tudo fazia mais sentido. Enquanto tomava meu café na padaria do Tadeu, decidi que seria o meu ponto de partida. Meus óculos já descansando em meu bolso esquerdo. Olhei para o lado segurando minha xícara perto aos lábios, sentindo seu morno aroma adocicado e forte, que logo fez meus instintos soluçarem, acordando os nervos ainda adormecidos. Não sabendo que através deste novo mundo, sempre se vê novas pessoas. Ao meu lado estava um alcoólatra tomando café da manhã com uma “marvada” cachaça, seu aspecto era um tanto quanto soturno, mãos grossas, dedos igualmente grossos, além de trêmulas. Seu rosto era chupado pela magreza. Bebia apenas para esquecer de algo, entretanto havia esquecido este motivo, era apenas uma desculpa para continuar com embriaguez nas veias. Acabei me sentindo como aquele bêbado, embriagado por minhas próprias máscaras sociais, aquelas que permitem a eu mesmo ser uma pessoa apresentável, por mais que eu realmente não seja. Queria conversar um pouco com aquele pobre refém de seus vícios, pois também me via nele, incrustado em sua pele e suas tremedeiras. Acendi um cigarro e continuei a observar, queria ver ele puxar assunto, eu não tinha coragem para fazê-lo. Com meus olhos entreabertos o encarava nitidamente, acontece que isso não era o suficiente, não achava o canal necessário, enquanto me sentia oprimido por minhas escolhas, pedi uma cerveja. O gole desceu amargo, não como o de costume, nunca bebi de manhã assim de cara, bem estranho. Foi difícil engolir, e fiquei me perguntando como este sujeito agüentava aquela cachaça e, enquanto descia mais fácil o segundo trago, peguei mais um cigarro. Logo já havia bebido uns 5 copos, deixando meus sentidos um pouco turvo, mas molhado bem minhas palavras. Não demorou muito para eu falar alguma coisa:
- Eu odeio pessoas, você não? – Falei como se o conhecesse há muito, dando ênfase no final da frase, queria deixar claro que me direcionava a ele.
- Não. Só quando elas estão perto de mim – Sorriu com a boca fechada, tentando não mostrar a falta de dentes.
- Ótimo...Não teria respondido melhor! De todas as vezes que vim aqui, nunca havia visto senhor, esta cachacinha ai está boa?
- É a melhor coisa de todo o meu dia, nem a do lanchinho e a do almoço são tão boas...Gosto tanto desta merda que se não tiver dinheiro pra beber, bebo meu mijo, só bebo isso mesmo – o bafo tinha um forte odor alcoólico.
- Me parece uma vida bem interessante...Tentadora diria.
- Meu caro não há nada melhor. Cada pessoa tem sua moeda, e não seu preço. E esta é verdadeira relação das coisas...Moeda.
- Mas e dentro de cada moeda, todos têm seu preço? – Enquanto falava, com um gesto chamei o atendente e pedi mais uma cerveja, as idéias ainda inebriantes e cada vez mais. Ele continuou a palestrar.
- Veja por exemplo, se alguém for tentar me comprar, ou me empregar, falaremos em litros, bebidas e garrafas, acho que por isso continuo desempregado, ninguém entende isso...
- Claro que não! Entendo perfeitamente...Veja bem, criamos aqui na nossa sociedade uma forma única de relacionamento universal, dizem que é a música a verdadeira língua do mundo, é o dinheiro, isso sim..
- Mas eu só quero beber, apenas beber... – Suas mãos tremiam um bocado, ele limpava constantemente a boca após sorver um gole de cachaça, e quando acabou me olhou constrangido, esperando alguma reação de minha parte, nisso retruquei:
- Tadeu! Traz mais um copo e outra garrafa por favor, pelo visto a manhã começou tarde! – Estava começando a me animar com este papo, e para minha surpresa, mesmo que seja o óbvio, ele também começou a se animar. Pelo menos atenção eu tinha. Enquanto as palavras úmidas saiam ébrias da boca daquele homem, que para alguns teria uma aparência repulsiva, comecei a reparar naquele indivíduo. Olhando sua fisionomia percebi que não havia nada estancado em sua face; esperança, solidão, medo, perplexidade, desânimo...Sua expressão era de um extremo vazio, os olhos sem brilhos, apenas um leve sorriso com o matiz opaco. Impulsionado pelo álcool tinha os movimentos bem vagarosos, e gostava de gesticular todos seus argumentos. Aquilo realmente estava me animando, estava gostosa aquela vida, decidi me entregar mais e mais, e pedi desta vez duas rodadas de cachaça...A conversa ia longe, nisso ele emenda....
- Não sei o que é pior, perder na vida ou perder para a vida...Às vezes imagino que exista alguma força contra a gente, torcendo pra perdermos.
- Talvez seja tudo a mesma coisa, nós perdemos na vida, porque perdemos pra ela, por força de algo contra nós, nossos próprios vícios...
- Aí que o senhor se engana meu caro! – Sugou um longo gole, de uma vez só sua cachaça, enquanto eu pedia logo a garrafa ao garçom. Colocou violentamente o copo na mesa e espremeu um pouco a vista, deixando nítidas ainda mais suas rugas e apontando o dedo em minha direção respondeu – Mas nossos vícios surgem para acalmar nossas derrotas. Uma válvula de escape de nossas merdas...
- O que seriam estas merdas?
- Merdas...Merdas meu caro...Muitas merdas...Esta maldita palavra que não nos abandona do nosso cotidiano...
- E o que faremos a respeito? – Perguntei ascendendo mais um cigarro com a pontinha do outro que ainda não acabara.
- Bem, poderiamos beber mais uma cachacinha...
- E depois? – Indaguei enquanto me levantava e deixava o dinheiro de toda a conta.
- Não sei bem...Hoje escolhi ser um otário pra tentar não ver como as pessoas são imbecis.
- Mas que coincidência...- Ri e fui em direção à rua vendo as pessoas de maneira trôpega, com alguns olhares me julgando.

quinta-feira, novembro 02, 2006

O Quadro Social.


O peito arde contínuo, adornado em todos os significados possíveis de lepra e degradação humana. Depredado e infeliz fitava pela janela tudo aquilo que ele não fazia parte ao meio o crepúsculo. Os carros de luxo zimbravam em desdém, ao lado de toda inutilidade moderna, igualmente deprimente. Era marginalizado por seus semelhantes. Alguns diriam certamente; ele mesmo escolheu os passos a seguir, ninguém é obrigado a nada. O homem constrói seu destino, e asfalta sua estrada. Pensando desta maneira tudo se encaixa, a questão é só a intensidade de seu trabalho. Antes fosse, pois às vezes nos falta o material do asfalto, às vezes nos falta às mãos livre para construir. Seu copo já vazio pairava ao canto de sua escrivaninha. Diante de todos estes pareceres e ponderações resolveu sair deste marasmo em que se encontrava, não fodia e nem saia de cima. Os quadros já não saiam como antigamente, tanto nas edificações como na comercialização. Viu-se tolhido pela falta de piche em seu asfalto. O aborrecimento já era uma de suas principais armas contra o tédio, sempre se deixando levar por sentimentos quaisquer de ódio e insatisfação. Andou pela casa inutilmente buscando uma saída, mesmo que ela existisse, não seria assim tão fácil encontrá-la, no que diria vislumbrá-la. Mesmo de soslaio teimava em olhar de novo para a janela. Encarava aquilo que ele mais temia. O caos urbano perdido em si e em todos. E isso aumentava cada vez mais a sua tendência ao abandono de seu corpo. Não a mente que convenhamos, infelizmente, nunca se cala. Não tolerou muita aquela imagem citadina e fechou as persianas com brusco movimento. Os olhos olharam para cima para baixo sempre se perguntando...”aonde isso aqui vai parar? Veja minhas inquietações. Não posso parar de negar a mim mesmo que o futuro dentre todos possíveis, ultimamente, tem sido favorável à perdição. E nem por conta disso deixo de ir à esquina encher a cara com meus amigos alcoólatras. Tenho pena daqueles infelizes, talvez por sentir pena de mim mesmo. O que seria talvez o mundo sem estas pessoas? O que seria do homem feliz se não existissem os tristes? E do que diríamos dos momentos? Enquanto minha cabeça maquinas as conspirações do universo, peguei uma caixinha especializada de cigarros, de uma marca famosa (aberto a patrocinadores), e abri para pegar meus utensílios de artesanato na hora em que aperto um baseado. Fiquei ali alguns minutos na confecção. Eu gosto disso sabia. De ficar meticulosamente degustando a minha fumaça. Parei por alguns segundos de apertar; minha bexiga deu um berro e eu precisava dar uma mijada. Quando percebi, ao lado do sabonete ao qual acabava de lavar a mão, um fininho pronto pro abate. Guardei toda a tralha do meu artesanato matutino e acendi aquela merda mesmo. E lá fui eu pro meu portal. Mergulhei de cabeça mesmo. Fiquei pensando se meu trabalho valia a pena mesmo, não gostava do que fazia, e sabia também que não tinha muita escolha. A pintura era a minha arte, a minha verdadeira motivação do meu viver. Ficar enfornado em uma sala fazendo burocracias decididamente é um ato de suicídio, qualquer um pode enlouquecer ali. Fui pra cozinha e preparei um bom café, pouco antagônico eu achei, mas me bateu uma puta vontade de um café. Comecei então os preparativos, enquanto pensava no meu emprego. Peguei o coador, coloquei em cima da garrafa térmica enquanto acendia o fogo para ferver a água. Voltei para sala esperando a água esquentar, reacendi meu baseado e voltei para minhas inquietações. Eu realmente gosto desta minha vida solitária, não entendo por que ficam me enchendo a porra do saco; João Marcelo, você deveria arrumar uma esposa, já está em tempo de se casar...Eu não posso me casar, não posso colocar indivíduos dependendo de mim, eu não consigo fazer o mínimo de escolhas diante de tantas possibilidades, o que diria da vida de outros indivíduos. Talvez por isso não goste do meu emprego realmente, acho que poucos se realizam profissionalmente e ficam perdidos nos números de escolhas. Além do que; Somos todos uns canalhas e são todas piranhas. Fui pra cozinha e apaguei o fogo, peguei a panela com a água fervendo e derramei a água em cima do cuador onde já havia despejado o café. Ficou uma pequena lambança, mas o gosto é que realmente importa. Dava pro gasto. Enquanto vestia minha calça me deprimi. Por ver que eu, um jovem idealista, cheio de alma jovial e com uma esperança avassaladora, me transformar no que mais temia; a justificativa para a solidão. Acho que gostaria de voltar para a escola, Não por saudade daquela merda de instituição, talvez para poder pensar de novo que eu possa ter um rumo, poder imaginar um futuro promissor. É isso, sou o que sou e lamento muito. O sol já havia se posto a dormir quando reabri a janela para ver como andava a rua no inicio da noite. Precisava de inspiração pro meu último quadro. Digo último pois sempre me refiro assim as minhas ultimas obras. Sempre é a ultima, juro a mim mesmo que pararei e levarei uma vida sem reflexão, arte ou coisas inúteis do tipo. Pintar é coisa de babaca. Tenho pena do meu colega Van Gogh, sofreu o diabo a vida toda, sempre tachado como um pobre infeliz e sem futuro, vivendo na pobreza e miséria, pedindo esmola pros familiares e morreu vendendo um único quadro. Hoje em dia um de seus quadros vale uns oitenta milhões de dólares. E o puto não pode nem curtir sua maldita genialidade. Uma pena. Os gênios sofrem para seguir suas aspirações, sua verdadeira paixão, enquanto a própria sociedade e alguns bajuladores se beneficiam disso. E não compreendendo nada do que aquilo realmente significou, abandonam seus criadores. Bem, não importa, sei que não será meu ultimo quadro. O que sei é de certo, se parar com a minha arte enlouqueço, mais do que já me perdi. Fechei tudo na casa e sai”. Confirmando que trancara a porta de seu apartamento, duas vezes como de costume, desceu as escadas apressadamente rumo à rua. Haviam inúmeras pessoas andando pela calçada apressadamente, parecia que elas estavam perdendo alguma coisa, ou fugindo de algo, não havia certeza ao certo do que elas corriam, ou para onde iam, mas andavam apressadamente. A lua ardia intensamente, irradiando luz por todo céu límpido. Era uma noite clara. Pela primeira vez o Pintor caminhava diferente em sua própria rua, em seu próprio bairro, trazia um espírito observador mais afincado, olhava a tudo e a todos como nunca havia olhado, para ele era como se nunca houvesse andado por ali, apesar de estar em sua própria casa. Perscrutava todas as casas, latas de lixo tombadas, as sujeiras esparramadas ao longo do asfalto, e sobretudo as pessoas, um velho de semblante mal encarado com o seu cachimbo baforando densas fumaças ao longo de sua caminhada, segurando desengonçadamente algumas revistas e jornais de baixo do mesmo braço q carregava as compras. Acontece que este senhor queria manter um braço livre para segurar o seu maldito cachimbo, o que o fez pensar, “é mais vale manter o vício, a estética e a inutilidade de sua aparência do que manter a praticidade”. Talvez aquele senhor desengonçado desse um bom quadro, “veja como ele anda sem jeito pela rua, chamando atenção de todos tentando segurar as compras enquanto segura de maneira ridícula este cachimbo”, ou talvez não desse nada de mais realmente, pois o artista sabia que precisaria de algo mais desafiador, algo que lhe despertasse sua antiga paixão, a mesma que ele conheceu quando começou a pintar. Segui em frente com pequenos passos, e nunca esquecendo de reparar na corrida de ratos a sua volta. Começara a reparar em alguns mendigos que ali vivia e que nunca notara. Alguns de aspecto esburgado, bem, sujo e nojento. Outros havia em sua aparência o desdém de alguém que já tivera tudo e que escolhera a solidão no meio de um tumulto, um voragem de pessoas. A verdade é que nem ele, tão pouco os indivíduos a passarem ali apressadamente, percebiam estes pequenos infelizes, só os próprios moradores de rua sabiam de sua existência. De olhos tristes e enfadonhos viviam a catar restos por ali, sendo tratado como ratos, pelos próprios ratos que competem entre si. “Não, isso não, pintar mendigos é um pouco apelação, digo, não que não mereçam atenção artística, mas quem vai querer um mendigo catando lixo em sua sala de estar, ou em seu escritório de advocacia? E também não tenho estômago pra isso”. A mente estava cheia de imagens e visões, tudo correndo a sua volta, aqueles que voltam pra casa, observados por quem não tem aonde ir e vistos por fulano que queria saber pra onde estava indo. Uma verdadeira confusão, mas um objetivo só. E ao mesmo tempo em que isso tudo se organizava, o senso comum ao redor da mente destes seres, é que adorna os traços de quem é ou não, que pode fazer parte disso tudo, desta imagem única chamada sociedade. O Glamour intricado nos marginais expostos, sem serem realmente percebidos, como artistas perdidos, doentes mentais, assim como vagabundos e filósofos, faz este homem se sentir perdido ao meio de tanto cinismo. Percebendo que a noite seria longa, decidiu pegar um ônibus e ir à lapa, um grande centro cultural carioca; a distração é o melhor refúgio, de nós mesmos, de si mesmos e da opressão do que assistimos. As figuras iam fazendo formas em sua cabeça, todavia não havia sentido, tão pouco significado tudo o que montava com seus pincéis invisíveis. Pegou um ônibus no Largo do Machado que o deixou na porta de um bar, o que veio bem a calhar, pois o lugar estava cheio de pessoas descontraídas e risonhas, todos bebendo e flertando descomprometidos com a veracidade. O bar mais lembrava um restaurante, com mesas e cadeiras espalhadas por todo o recinto, mas lembrava mais bar por seu aspecto sujo e pelo fato de todos irem lá, só para beber. Claro que havia petiscos, contudo não era o principal, nem a paixão de todos, a cerveja era a principal guarnição. “Fiquei parado só observando as mulheres, como são seres sublimes, gostosas, rabudas e apetitosas. Macias com um singelo perfume, andam de forma provocante, quais nos olham, um sorriso malicioso acompanhado de um delicado franzir em seus cenhos, fico louco. De início fui um pouco esquecido pelo garçom, não sei se foi por que cuspi muito no chão, ou foi por ele realmente não ir com a minha cara, mas não importa, uma vez que no final acabei sendo bem atendido. Gostava de ficar admirando aquelas mulheres, principalmente aqueles rabos. Quanto mais bunda melhor. Quando pinto um nu, dou uma pequena atenção especial a esta parte do corpo, não é a toa que os gringos ficam loucos aqui. Continuei sentado ali na mesa um pouco mais, até perceber que o lugar inflamou a tal modo que era impossível ficar sentado. Acabei levantando por causa do bafo que se formou no bar restaurante. Encostei-me na parede para não ficar muito visível, gostava do meu anonimato. De repente se fez maior tumulto, parece que é normal no Rio de Janeiro sair na porrada sem mais nem menos. Um garoto bombadinho se irritou sabe-se lá por que e começou a baixar a porrada em outro igualmente bombadinho, acontece que este resolveu não reagir, e o agressor não estava satisfeito com o fato do outro querer permanecer em paz, então não parou de bater. Bem, que se foda, não tinha nada a ver com isso, aproveitei a confusão pra ir ao banheiro, enquanto a turma do deixa disso tentava apaziguar as coisas. O banheiro estava razoavelmente cheio, me dirigi então para uma das cabines da privada, e lá chegando encontrei milhares de frases espalhadas pelo cubículo, e comecei a ler enquanto mijava. A merda fede mais quando se pisa nela. Rapadura é doce, mas não é mole não. Gosto é que nem “cú”, cada um tem o seu. Aqui só tem viado. Quando você compra a merda, o cheiro vem junto. Apareça aqui quinta a noite, que eu chupo seu pau. Levanta pra cair de novo. Depois do silêncio, só a musica para explicar o inexplicável. O tempo é a cura de todos os males, bem assim como, de todos os bens; materialistas ou não”. Esta última fez um efeito em suas idéias, ficou meio preocupado com o tempo, com suas faltas de perspectivas, o tempo consumindo sua paciência aliada a esperança de melhoria, além da falta de alguém, contradizendo a sua vontade da solidão. Releu a frase com ênfase na parte materialistas ou não. Ser materialista se tornou parte de um contexto de sobrevivência, consumir e buscar a felicidade através do consumo, o verdadeiro segredo. “Sai do banheiro com aquelas palavras martelando em formas de ecos em meus pensamentos. Quando coloco o pé pra fora do toalete vejo que a turma do deixa disso, tornou-se a turma do quebra isso. A briga havia se tornada generalizada, resolvi sair de lá então o mais breve possível, com um leve sentimento de desprezo, me mudando então pro bar do vizinho em frente, onde alguns curiosos haviam saído para assistir o tumulto, como de praxe. Sendo que logo de cara dou de frente com uma puta ruiva, não resisti e tentei travar um diálogo”.
– Você não estava no Bar do Ernesto sábado passado naquele show de samba e choro?
– Não era eu não.
– Bem, devia ser alguém tão espetacular quanto – Ela o apreciou de esguelha, tentando não deixar muito na cara o agrado, ainda resistindo um pouco a aproximação, nada fácil de mais é de bom grado aos olhos de ninguém. Ele continuou assunto, dando a entender que pegaria algo no bolso, puxou um cigarro e ascendeu com um isqueiro de marca (aberto a patrocinadores).
– Você fuma?
– Depende do que vamos fumar...rs.
– Bom, pelo visto este aqui você não fuma.
– Não costumo, mas vou aceitar um.
- João Marcelo. Prazer.
- Dani...
– Poderíamos ir ali tentar sentar em algum lugar.
– Não dá, estou com umas amigas perto da grade fora do bar, por que não se junta a gente?
– Prefiro não, “as coisas nunca saem como se espera, já deveria saber disso, eu já sei disso, mas temo e teimo em não fazer planos tão pouco argumentos de subterfúgio”, mas podemos terminar este cigarro por aqui.
– Claro que podemos, por que não?
– não sei, caberia a você responder a esta minha pergunta
– rs... talvez seja melhor eu não responder nada, posso me complicar
– Mas são justamente destas complicações que surgem as soluções para os nossos problemas...rs.
– Me desculpe querido, mas eu já estou boa com o pouco que tenho.
– Isso porque nunca lhe deram tudo aquilo que você mereça, já parou pra pensar que talvez buscamos nos acostumar com o pouco que temos, pra não nos decepcionarmos muito com nós mesmos nem com nossas ambições?
– Talvez, mas como explicar aqueles que não se cansam de pensar sempre mais? – Pelo visto este nosso cigarro vai virar algumas garrafas...rs.
-Olha, está bom realmente este papo, mas eu realmente não posso, tenho que ir. Minhas amigas estão me esperando, nós vamos entrar no Carioca da Gema, por que você não vem com a gente?
- Não posso, eu realmente gostaria...Mas tenho que ir andando, já estava de saída, amanhã levanto cedo – A verdade não poderia ser dita assim, tão as caras, tinha que manter uma visão distorcida dos fatos. Não queria admitir para si, e não podia dizer a mulher, que não estava lá com saco de conhecer pessoas novas, queria idéias, caminhar com a solidão e refletir, uma foda até ia bem, mas não uma noite completa de barulhos e tumultos – Podia me dar o número do cel?
- Tsc!! To sem, fui roubada estes dias. Anota o meu MSN; red_angel@hotmail.com .
- Bem, espero que seja realmente este...rs.
- Você não tem nada a perder, só a ganhar...rs, mas eu garanto.
- Prefiro acreditar realmente...Quem sabe?
“Adorei aquela conversa inesperada, bom colocar em prática o radar socializador, se perdermos isso fodeu”. Resolveu voltar a pé resoluto que no meio do caminho conseguiria a visão máxima de sua inspiração. E realmente foi o que aconteceu, se viu totalmente inspirado, o espírito enriqueceu-se de visões, espectro e sonhos. Enquanto andava pensou em voz alta; “Ir pra casa pintar um vaso com uma maçã, ou uma mulher gostosa, bater punheta e é isso”.

terça-feira, outubro 31, 2006

A Viagem.


A planície deserta trazia um horizonte promissor. Apenas as pastagens agudas, em seu verde mais vivo, eram vistas a olho nu naquela bela paisagem. Diante de tanta suntuosidade, fazendo lacrimejar os olhos virgens de tristeza, fitava em seus pensamentos o porquê daqueles malditos "sentir", uma mulher de fibra e gana que sempre forjou de sua vida, a luta por um bom senso comum. Sim, ela pensava em viajar...Seus olhos cravavam o ar buscando alguma ponderação aparente sobre os aspectos que afligiam suas idéias aquele momento tão magnífico, não chegando a conclusão aparente das esquinas de suas inquietações; a margem de uma idéia é onde desencadeia todo o mar de um; por que? Vendo que nada havia de afastar a imagem louca de paixão que a perturbara, decidiu não mais se mover ante a maré. Desligou tudo a sua volta, as máquinas, as janelas, as visões, até mesmo as incertezas de seu próximo passo. Ficou ao escuro com sua imaginação que nunca adormecera.“...Minha vida anda trazendo enormes vícios de regras em que nada me dizem, vivo premeditadamente aos pés de uma mesa rica em comidas, queria poder levar para longe todas estas estúpidas idéias, quero foder em paz porra, e não me deixam. Acho que estou deixando passar momentos realmente significantes para mim, e que nunca voltarei, eu sei disso. Mas e o pragmatismo? As regras que custei tanto a aprender? As responsabilidades? Foi tudo tão difícil e vou jogar tudo para o mar de inquietações como uma adolescente? Seria este o correto? Ou nossas verdadeiras responsabilidades são em dar respaldo aos nossos verdadeiros sentimentos desde que não tragam prejuízos a ninguém. Acho que estou vivendo paralelamente com a reta de meu próprio ser, e antes uma parábola, com retornos proporcionais, a paralela, onde nunca se cruzará com as minhas verdadeiras paixões. Antes até mesmo a tangente e sua reta...”. Seus pensamentos fugiram por um segundo de suas metas para dar lugar a um inusitado acontecimento, enquanto sentia a treva em seus sentidos, sentiu também em sua face o resvalar de um cabelo caindo em sua tez. Não sabia bem o que realmente era, ou de quem era. Ao perceber que o que caía era a sua própria penugem começou a tentar segurá-lo. Com as mãos em algazarras tentava inutilmente prender o cabelo da maneira que queria, correndo até o banheiro ascendeu a luz e se olhou no espelho. Ficou a fitar suas olheiras profundas que saltavam aos olhos logo que vislumbrassem sua face, e lacrimejando olhou para os seus longos dedos fortes retraindo-se involuntariamente, assim como emagreciam perdendo seu aspecto vivaz. A pele que jovial sempre adornara sua beleza de maneira tão crepuscular, esvaía-se pungente e fugaz, parecia apodrecer e murchar. A jovialidade a abandonava em velocidade absurda, suas forças arqueavam em todos os significados, queria apenas voltar para sua treva de reflexão, ou a um mundo dos sonhos, onde talvez chorar serviria de algo. De repente, não mais que de repente, levanta-se violentamente do chão. Com a cara amassada e os olhos latejantes de pavor, esfrega-os de forma desordenada e, percebendo que se encontrava na sala novamente, corre para o espelho do banheiro. Olhando de novo a sua beleza, tão magnífica, tão jovial, onde faltariam poetas a descrevê-la, encheu-se de satisfação suspirando apaixonadamente pela vida. Voltou para a sala e pegou seu celular em sua bolsa. Discou um número – Oi? Amor? Compra minha passagem, eu vou com você!

segunda-feira, outubro 30, 2006

Utopia.




Separadas por uma ponte de ideais, não muito longa, duas figuras conhecidas por coragem de alguns povos harmônicos, contemplam-se ao longo dos tempos; a Revolução e a Liberdade. Fatigadas de se encararem, junto a monotonia da submissão humana, a Liberdade e a Revolução caminham até o meio da ponte para guerrearem sobre as idéias de cada um:
Liber- boa vida heim Revolução. Como vem vindo?
Revo- boa vida? Fui submersa pela poeira do tempo, minhas juntas estão a estalar e corroídas. Não agüento mais ficar parada, ninguém mais tem coragem de declarar poesias verdadeiras e sangrentas em seu nome, assim eu nunca vou gritar.
Liber- Que é isso? Não acho que as pessoas para chegar onde estou, tem que passar por você. Um povo só precisa de bom senso e preservar acima de tudo o amor mútuo.
Revo- Isso seria possível se o homem não tivesse perdido sua dignidade, solidariedade, paixão e romantismo na bolsa de valores e na preguiça do capitalismo. O homem precisa tirar suas vendas e redescobrir que a vida é muito maior do que qualquer coisa que ele criou, mas para isso alguns vão ter que padecer e perecer.
Liber- Você concorda que o sofrimento é a solução para os problemas humanos?
Revo- É inexorável. Enquanto quem estiver no poder pregar a lei do dinheiro, a luta daqueles que não tem nada, reerguerem suas vidas contra aqueles que possuem tudo é a única solução. Nós não clamamos pelo seu nome Liberdade, nós lhe conquistamos.
Liber- Talvez você tenha razão. Mas pelo menos a vida ainda lhe cerca, enquanto eu fui esquecida. Meu nome é dito hipocritamente, sem vida nas palavras, várias nações dizem que são livres, sem ao menos me conhecerem de verdade.
Revo- Você acha que eu não? Estou sentada aqui há muito tempo. Então estais comigo? A violência é a solução?
Liber- Não disse isso, ainda estou pensando; fome, medo, desgraça, morte, será mesmo a única solução? O homem e sua diplomacia não poderiam chegar a um consenso?
Revo- Poderia se ele realmente quisesse. Lutar contra todos os seus anseios de preguiça e gastar um pouco de energia com o que vale a pena, a terra e sua própria espécie, criando um modelo econômico mais justo para toda humanidade. Mas enquanto ele persistir em tecnologias fúteis, a extinção pode ser inevitável. Vale a pena lutar e sofrer.
Liber- Sofrer?
Revo- É mais fácil sofrer agora, do que aos poucos a eternidade.
Indignada a Liberdade se vira voltando ao seu covil mudando de idéia e se esquecendo logo depois, enquanto a Revolução se enche de graça triunfal.
Cada vez que as duas se encontram, um povo fica livre, por isso demora tanto a se encontrarem, fazendo com que a Liberdade se perca logo depois.

domingo, outubro 22, 2006

A Flor Da Pele.


Fazia tempo que estava sentado ali esperando a hora chegar. Mas a hora não chega. Ela sempre estivera ali. O pobre Menino é que não percebia isso. Talvez aquele garoto tenha alguma coisa de especial, por isso sempre que o viam, as bocas e olhos se desconcertavam. Entretanto era difícil notá-lo. Buscava sempre o máximo de discrição Decidiu então se mover, quebrar aquela inércia que alimentava sua preguiça. O ali então começou a se mexer, a tomar formas nítidas do que se podia realmente ter de frutífero. Levantou-se daquela difícil aula de matemática, realmente sempre fora uma negação a matéria, claro que não era a sua única negação, havia outras tantas assim como suas peculiaridades. Juntou o livro de equações, que parecia mais um caderno de desenhos, colocou-os na mochila já se afastando de sua carteira e foi andando, sem olhar pra realmente nada, apenas as imagens de sua imaginação, e estas sempre lhe dizendo para voar o mais alto possível. Estava a pensar; “... Caraca, acabei de pegar o MSN da Ana Luiza no intervalo, faz tempo que queria falar com ela, este lance de ficar na pista pra negócios é muito complicado pra mim, maldita timidez, pior uns amigos meus; Na guerra, qualquer buraco é trincheira. E eu ainda tentando bancar o romântico, se bem que...Nossa, aquela garota ta muito gostosa, ainda vem com estas saias só pra me provocar, assim não tem quem agüente. Não sei, mas eu adoro uma bunda. Acho que vou parar na banca e comprar uma daquelas revistas pornôs. Porra, mas o que o jornaleiro vai pensar de mim? Bem, fazer o que? Não importa de verdade. Se bem que sempre que passar por ali aquele cara vai me olhar achando alguma coisa. Ele de repente pode não querer me vender por me achar muito novo. Mas por que um adulto vai comprar filme pornô se eles podem ficar fodendo? Haa, Foda-se. De qualquer forma vou chegar em casa e terminar algumas estórias em quadrinhos do Metamorfose, acho que vou fazer ele cabeludo agora. Porra, tem muita bunda boa nesta escola, ainda bem que vim estudar aqui. É acho que vai ser isso, a namorada dele vai ser seqüestrada pelo Carrasco. Não melhor não. Hum...Não... É isso sim, vai ficar maneiro. Droga, ainda tinha alguns deveres de casa pra terminar, mas depois da estória eu termino, se não vou me desconcentrar. Putz...Que garota gostosa. Olha ela indo embora, fica linda assim...hehehe...Merda!! Tava me esquecendo disso. Marquei de jogar um futebolzinho com a galera da minha turma, mas acho que não vou, to meio sem saco. Quero mesmo é desenhar a tarde toda, e bater uma punheta com o meu filme novo”...Quando já cruzava os portais da escola, distraiu-se com uma flor que voava ao vento e caiu justamente em cima de seu braço, resvalando então em sua pele logo em seguida, para depois cair ao chão. Sentiu-se especial diante de tal acontecimento, sendo movido pela superstição, agachou até o chão e posteriormente uma longa examinada as pétalas daquele lindo fruto da natureza, guardou na mochila com o maior dos zelos, continuou andando em direção ao seu destino, seja lá qualquer que o seja. Por pura sorte o ônibus havia acabado de chegar. Nenhum dos seus amigos havia o acompanhado até o ponto, decidiram ficar a conversar na saída da colégio. Estava sozinho no ônibus, por conta disso ficou a lembrar das possibilidades. A visão era realmente tentadora, todos reunidos no banco, rindo e conversando as amenidades da juventude, festas futuras, comunidades no orkut, fatos e atos entre eles, deveres e chatices. Acontece que a fome e o vício pelo desenho o fizeram partir sem muito arrependimento. Estava a pouco tempo estudando em uma escola em Botafogo. Ao entrar no ônibus viu que não tinha lugar para sentar, então prostrou em pé perto da porta de saída, continuando a conversar consigo mesmo...”A Ana Luiza bem que podia me dar umas indiretas. O que será que ela quis dizer com – Se eu me acho bonito? – (dando uma forte entonação em sua mente para este Eu) – Na verdade não me acho nada, claro que não um nada, mas nenhuma certeza. Não sei, realmente não sei. Ela esta me dando mole? Não é possível! Justo eu? Não importa, vou falar com ela hoje e...Puta que pariu, mas que bunda gostosa!!!”. Não havia percebido, pois justamente ao seu lado, apesar de alguns passos ao longe, encontrava-se parada uma mulher exuberante, de rosto encantador e um nariz empinado perfeito completando suas formas suntuosas. De certo estava voltando da academia, uma vez que trajava um top, explicitando ainda mais os seus seios juntamente uma calça colada de lycra com o biquíni por cima da calça. Tais atributos fizeram explodir todos os hormônios deste pequeno jovem. O que já era ruim, ficou ainda pior...”Meu Deus. Esta mulher é muito gostosa. Gata demais. Olha só esta bunda por cima do biquíni. É um convite. Já sei o que fazer. Vou aproveitar o tumulto e passar a mão nesta bunda. É muito gostosa. Não é possível”...Acontece que as únicas pessoas em pé, era ele perto da porta de saída, um pouco mais atrás, na mesma fileira, a Mulher marombeira e bem distante deles dois na fileira oposta, encontrava-se um senhor segurando umas sacolas. O garoto em sua maior performance de uma cara de pau, podendo até se dizer mármore, se aproximou da mulher em dois passos, sem ninguém notar, e em único movimento, apertou com o máximo de vontade a bunda carnuda que ali se expunha. Abruptamente a mulher se assusta, e sem acreditar no que ocorrera, com o semblante estarrecido, falou em alto e em bom som – Garoto, você esta ficando maluco? Não esta me vendo aqui não? – E sem saber ainda o que fizera, o Jovem responde – Mas eu não fiz nada! Eu só to aqui! – E se afasta da mulher, sentando em um banco que ficou livre. Tanto a Mulher quanto o Garoto não compreendiam o que acabara de acontecer, ambos se perguntavam o que fora isso. Após uns dois pontos de ônibus, a mulher descera em algum lugar de laranjeiras, ainda meio puta com o ocorrido, enquanto o Garoto permanecia ali pensando e refletindo...”O que foi que eu fiz? Que sinistro! Quase tomei um tapa de bobeira, se bem que aquela bunda valia a pena, há valia sim...Acho que eu gosto da Ana Luiza”.

segunda-feira, outubro 16, 2006

O Pé De Chinelo.


Fui em um casamento este findesemana, no sábado especificamente, foi legal, mas nada demais, o legal fica por conta de sempre ser bom encontrar os familiares e observá-los bêbado fazendo merda pelos cantos, mas não foram tantas merdas, poderia até ressaltar que o povo em si estava meio desanimado. Ou eu que me rendi à melancolia, apenas um velho hábito. Quando estava me arrumando para irmos a igreja, todos de ternos e sapatos, vesti uma calça de linho verde, uma camisa xadrez verde e marrom, e resolvi ir com umas havaianas branca, o que achei bem elegante, modéstia à parte. Acontece que todos acharam um absurdo, eu realmente não entendi o porquê, e insistiram pra eu colocar um sapato, até me torrarem o saco. Acontece que não havia levado um, então peguei emprestado um sapato de camurça marrom com meu tio, e então fomos para o casório. Como sempre o mesmo discurso escroto dos padres, citando Adão e Eva e suas malditas costelas de barro, o que eu diria costelas de Merda. Não agüentei muito aquele papo e cinco minutos de casamento sai com meu sobrinho de 6 anos para brincar com ele na praça, o que foi bem mais divertido. Ficamos ali conversando e arremessando objetos ao longe, e rindo do simples fato do tempo passar. O lugar era lindo, estranho eu ainda não o descrever. Foi lá em Volta Redonda, e a igreja ficava no topo da cidade, dava pra ver muita coisa de lá, mas não toda. A vista era verdadeiramente linda, e ao lado da igreja, depois de um pequeno penhasco, tinha um rio, e em seguida do rio, um clube, com piscinas e campos de esportes. O caminho que se fazia até a igreja era cheio de palmeiras enormes, e é comum na cidade o casal irem até atrás das palmeiras pra namorar, foderem na verdade, e quando estava ali com o meu sobrinho, ele foi até o canto do declive pegar uma pedra e de repente voltou correndo, com a fisionomia um pouco abismada, não resisti a curiosidade e fui verificar o que o lhe arrebatara de susto. Quando me aproximei até a palmeiras observei dois homens se pegando, dei uma risada me retirando junto com o sobrinho dali; “Caralho, vamos sair desta merda Guri”. O tempo passou fugaz, e junto os pensamentos que afluíam em minha mente, várias coisas me ocorreram, e além de questionar massivamente a instituição cínica do casamento na igreja, e junto o tédio da celebração, por muitas vezes faltarem muito do sentimento e dos aspectos que unem realmente uma pessoa a outra, o respeito, a lealdade contígua a verdade, fiquei me imaginando casando com alguém, e o que me levaria a me unir a uma pessoa e a festa que faria para tal unificação. Não na igreja, jamais. Não acredito em sua história, além de ser um puta saco pros meus familiares e amigos. Juntar com alguém é extremamente pessoal, implica na união entre duas pessoas, e suas intimidades, valores, paixões e uma convivência sem pudores. Lealdade é o segredo. Mas estas importâncias se perderam em outros sentidos e significados. O individual e o sexo sem compromissos vivem extremamente fortes na sociedade moderna. Acontece que me ocorreu uma forte cena de um possível casamento meu. Colocaria todos em um clube aberto, gostaria de colocar muitos ambientes na própria casa de festas, o maior possível, e apesar de ser contra a minha própria natureza, de ser inibido, com uma forte timidez, e não gostar de olhares a minha pessoa, armaria um enorme palco, no centro do estabelecimento, onde haveria uma televisão e um computador. E após um longo discurso, ao qual diria; “Pelos poderes a mim concedidos por alcançar uma sanidade tragável por devaneios, sorvida pela imaginação e alimentada somente por quimeras e paixões, escolho devotar em todos os sentidos, a tornar mais feliz esta louca pessoa que aqui está. A lealdade é a resposta de um mistério. O amor é um diálogo entre olhares e sussurros.”. Talvez diria mais, talvez diria menos. O certo é que depois de tais palavras, com marretas e repleto de fúria, destruiríamos o computador e em seguida a televisão. Símbolos da nova igreja de uma sociedade moderna de consumo. Seria legal se depois disso fodêssemos no palco ao invés de um simples beijo, contudo acho que seria um pouco de mais, basta um chupão bem devasso e prolongado de língua. Quando me vi, já estava na festa. Bebi alguns drinks e lá por volta de meia noite sai com meu irmão e meu primo para fumarmos uma maconha, aí sim foi interessante, pegamos o carro e voltamos para deslumbrar um pouco mais a vista de cima da cidade. Não conversei muito com os dois que estavam ali, não que eles não estivessem lá, entretanto a verdade, é que eu não estava. Eles conversavam sobre os morros do Rio de Janeiro e suas melhores bocas de fumo, aonde tem o melhor pó, de onde se consegue o melhor Haxixe. Eu queria mais, queria respostas aos meus sentimentos naquele instante, e ficava perdido ali em minhas vozes. Quando voltamos para a festa, decidi não fazer muito. Não quis dançar, pretendia apenas ficar com a maconha em meu sangue me levando aos abstratos daquela pintura pitoresca de fim de festa de casamento. De manhã pegamos a estrada. O tempo voou e já estava escrevendo. Sim, talvez seja apenas isso; os pensamentos que se perdem em palavras no tempo.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Cartas De Um Náufrago.


Talvez a vida não passe de encontros e desencontros ao longo de um caminho. Alguns impulsionados pela ganância em seu navio sem rumo, onde sua vela já carcomida por todos os desejos que destroem o homem, e que fatalmente quase todos se apaixonam por eles, se vêem em ruínas em seus próprios sentimentos mesquinhos, sem ao menos olhar ao lado o seu semelhante que se encontra em um mesmo labirinto sem respostas e na mesma dor, se não mais e mais. Outros navegam apenas ao lado de um espelho refletindo apenas mentiras e mérito de um narcisismo respaldado na sua própria ignorância. A certeza de que a força de cada um se esvai em cada naufrágio, deixa o desespero arquear todas as canções tristes que abafam o urro e que jaz em nosso peito. Tentamos ser fortes pra não pisarem em nossos resquícios, buscamos a felicidade perdida em certo momento da vida, e que certamente reencontraremos, para aprendermos a não deixá-la esvair entre os dedos; e desesperados tentamos em vão conte-la na palma da mão. Muitos ainda teimam em remendar suas velas com ambições, vaidade, fama, fortuna, o que nunca será o suficiente. O remendo principal de um navio cuja vela se rasgou é o amor, e será este que irá apaziguar todos os outros anseios que lhe impulsionam na vida. E a dor é inevitável.

terça-feira, setembro 19, 2006

Sonho Perdido.


As vozes nunca se calam em nossa mente. Mente descaradamente aquele que jura de pé junto que não ouve vozes em sua imaginação absorta. somos todos loucos. A palavra silêncio não existe, o silêncio converge à realidade desdenhosa, na tentativa de explicação de uma fatalidade inexplicável. Já era tarde quando o jovem Amir saiu de casa em busca de uma quietude em suas vozes mentais. Sempre lhe acharam alucinado e ressabido. Vestia-se de maneira trôpega e descuidado. Não queria saber se diante aos olhos alheios a feiúra de cores esdrúxulas e retorcidas chamariam a atenção pela simples falta de combinação, e diante da calada de sua residência, foi descendo a rua em que morava com invejosa despreocupação. Nem sempre a realidade que nos ronda é a realidade que sonhamos como gostaríamos que fosse. A visão de mundo onde agora habitava sua consciência, pairava entre o ridículo e o infame. Sem talento, sem sorte, sem mulher, sem futuro. Apenas as vozes agora lhe davam a atenção. o Mundo, ó vasto mundo. A rua mal iluminada pelos postes carcomidos pela administração pública, trazia um pouco de limpeza, entretanto só um pouco. Havia tudo quanto é tipo de migalhas no chão. Mas nada disso afetava a tranqüilidade invejosa deste nosso jovem herói. Nada importa realmente, os valores deste jovem não são diferentes das dos demais, os ruídos da violência local não o abalam, a vida é realmente doce e os amargos inevitáveis da mesma, são insípidos a boca destas malditas vozes. O júbilo de festas e orgias, a existência em seu próprio ser, e o copo sempre vazio para se encher. Estes pensamentos estão sempre lhe alimentando a biografia. Não se pode viver mais sem uma boa boceta e um lindo par de seios. É só isso que importa realmente. O júbilo, o gozo, o regozijo. E assim ia Almir quando já estava em frente ao bar de João, onde havia combinado de encontrar com uns amigos; filhas da puta, vocês estão ai há muito tempo?; nada, nada, vai sentando ai, João desce mais uma aqui!; O bar estava razoavelmente cheio, pessoas tudo quanto é tipo se encontravam ali, não havia muito distinção de raça, credo ou cor espalhado pelo bar, apenas um grande maldito liquidificador onde se podia dizer, “puta que me pariu, parece um amaldiçoado zoológico”. Almir sentou-se ao lado de Cristina, uma antiga amiga de faculdade. Este grupo conversava sobre tudo, mas tudo mesmo, entre a prazerosa e pacifica futilidade, até grandes acontecimentos notórios de vasta repercussão mundial. Além de Cristina e Almir, também estavam a mesa, João e Manuela. Almir não se conteve e cortou os assuntos anteriores, que provavelmente era sobre a influência das drogas no sexo. De como é bom foder durante horas sobre a influência de alucinógenos; Caralho, acabei de ter um sonho muito louco, sinistro, acordei meio estranho, um sentimento medíocre de culpa, não sei bem; Almir falava um pouco alto, passava um pouco realmente de transtorno em sua voz; sério Velho? Sonho é uma parada muito sinistra, né?; Manu ininterruptamente tivera uma queda por Almir, olhava-o sempre de soslaio, admirando sua beleza feia, quando este não estava reparando. Almir continuou; Este meu sonho foi foda realmente, acordei me sentindo realmente estranho, nunca havia me sentido assim; Sim claro, continue; João em todas as conversas se mostra impaciente; Bem, como ia dizendo; Completou Almir. Sua fisionomia se mostrava um pouco questionativa; eu to muito transtornado, eu sonhei que tinha por volta dos seis anos, e claro que estava com outros amigos de seis anos e que desde então mantenho algum tipo de contato e estávamos todos com nossos respectivos pais obviamente; mas que porra de doido em cara; hi Cris, o pior ainda esta por vir. Por que isto fez eu perceber de como esta merda de tempo é devastadora e impiedosa, pois fez eu notar de como não valhamos o cu que cagamos; uma pomba zingrou o ar; hahahahaa, você é muito doido Almir; que isso velho, para com isso; Resmungou Manu, enquanto Almir continuava em seus transtornos; sério, eu to falando cara, até ontem eu tava fazendo doze anos, e quando você sonha que tem seis anos e não sabe nem tirar a merda da bunda, totalmente desconcertante; um ponto você tem razão,Velho, a gente não lembra que envelhece, só vê quando já está velho, mas acho bom nem pensar muito no assunto, é meio deprimente; Manu é uma destas baianas arretadas; é mas o sonho não para ai. È como eu disse, quando vemos, já estamos crescidos e limpando o próprio cu, e eu havia crescido totalmente. Lá pelas tantas, eu e meu irmão assassinamos alguém, uma velha decrépita. Nós matamos esta mulher simplesmente pelo fato dela ser muito velha, como se ninguém fosse notar que ela sumiu. Ela dava muito trabalho; Sinistro hem brother, eu que não falo mais contigo, por que pelo visto sou igualmente inútil pela sociedade, hahaha; A própria mesa se torna uma gargalhada; Bem, eu e meu irmão matamos a velha a facadas, ela agonizava que nem um porco, e enquanto esfaqueava a barriga da velha o sangue jorrava por todos os lados; Cris tinha uma pequena queda pela Psicologia; sonho bom hem Almir, ele está todo interligado, você criança, depois matando a velha, veja como você tenta matar o próprio tempo. O tempo é esmagador, insuflável, voraz, devastador e impiedoso, no entanto você que o matou; que nada, matei foi uma velha decrépita, hahaha. Em todo caso, depois de matar a velha, meu irmão ensaca o corpo e eu fico responsável de limpar a faca. Eu via nitidamente meu irmão ensacar o corpo. Quando vou ao banheiro vem um tio qualquer meu, meio garotão que fica ali conversando comigo, me enchendo o saco, e eu desesperado lavando a faca, eu tento esconder ela pelo banheiro, só que não a escondo, eu a perco, quando de repente estão todos no banheiro, amigos e familiares, e eu tentando achar a faca. Fico extremamente irritado, tenho que fazer algo sério e todos rindo que nem uns merdas; meu amigo, você tomou o seu remédio antes de dormir? Hahaha; hehehe, seu escroto, em todo caso, quando volto pro quarto, a velha já esta ensacada. Meu irmão está terminando de passar uma corda em volta do corpo todo enrolado por um saco plástico, assim como alguém para a porta, não me lembro quem, lembro só do vulto, e meu irmão sentando em cima do corpo pra disfarçar; hahaha, que doidera esta porra, você esta inventando esta merda agora, não tem nexo; inventando o caralho, justamente por não ter nexo é que concretiza mais um sonho.