quarta-feira, maio 30, 2007

A Palma Da Mão.


A palma da mão arde segurando o cabresto
Queima em veredas absurdas
Nos inflamando a veracidade
Por um momento achamos que irá fugir ao nosso controle
E então esta a grande verdade
Consegues deter o que lhe aguarda o destino?
Não creio
Mas podemos enganá-lo por uns tempos
E isto já é um grande feito
E a mão que se segurava a toda força
Cede com os dedos já enrijecidos por tanta energia contida
E um sussurro vem aos ouvidos
Uma voz baixa e cântica
Melodiosa
Quase visível de tão bela
Chego a lacrimejar ao canto da boca
Seca
O inefável
Só a lágrima explica,
Assim como o silêncio ou
Em pólos opostos
Igualmente
A música de um louco genial
Áspera e agressiva
E surge tudo de novo com uma violência cruel
Terror bruto
O destino se mostra imbatível e inevitável
Agora devemos segui-lo de cabeça erguida
E voltamos a nos perguntar
Valeu a pena enganar o destino por tão pouco?
Por uma miséria esquecível em grãos?
E as mãos cerradas com toda força a vapor
Quebra em contingência o todo a sua volta
O tão pouco quase nada que poderíamos fazer
Torna-se o quase tudo em extremas proporções
É cruel a marcha humana
O desconhecido nunca foi desconhecido
É certo
É o destino
A luta pelo eterno recomeço recomeça
Renasce de tudo que foi cinzas
E despido de nosso materialismo
Recomeçamos a nos questionar
A magia que nos cerca é tão infinita
quanto seria burrice acreditar que a morte realmente seria o fim
A marcha humana é a vida versus sua própria criação
contra a natureza que o oprime em sua alma animal
e mesmo que a morte seja o fim
o universo não deixaria de ser infinito
nos impondo esta incompreensão
e aquela palma que segurava o cabresto
agora sustenta um mínimo grão
ínfimo
de conhecimento........................Lobato Dumond.


domingo, maio 27, 2007

O Doce Cuspi.

Nossas arvores deixaram o verde,
São cinzas feitas de pedra,
Assim como nós,
Tornamo-nos cinzas
A esperança dominada pela imaginação.
Labirintos formam palavras perdidas na boca
Mas cada um se acha em seus significados
Batizar a dor
Para lembrar do amor.

As dores de quem levanta obrigado, muitas vezes são apagadas por aquelas de quem trabalha obrigado e, tão pouco não podemos esquecer, as necessidades de quem levanta obrigado nem sempre é para o trabalho, sendo este penoso ou simplesmente praticado como um lazer. Deitada encontrava-se de bruços, emaranhadas por um lençol fino, adormecida pelo gozo fácil de uma noite repleta de lascívia, dilacerada pela vontade de rebento da monotonia, a satisfação em gosto ainda resplendia de gosto na sua boca, acordou e não moveu um músculo sequer, estava exausta, suas partes intimas, não só estas, o ventre ainda ardia, seus seios ainda traziam as marcas de mordida desprendida pelo seu amante noturno, no entanto encontrava-se leve cheia de vida, fazia tempo que não era amada com gosto, não o sexo, o sexo é comum na vida desta mulher, mas quando um homem ama o corpo de uma amada, a exaustão rebate no corpo de ambos, o orgasmo explode por toda veia feminina resumido em urros ao pé do ouvido que abafam o silêncio da madrugada, se a mulher é conduzida ao orgasmo com tamanha eficácia, paixão e suor, o sorriso satisfatório pendurar-se-á no rosto rubro sem aviso e, num suplico apelo, virando-se para dormir, pedirá um abraço caloroso transformando seu amante em coberta dos sentimentos que agora afligem o peito desnudo por entre os lençóis ainda úmidos de suor e gozo, a pele ruborizada encontra-se pegajosa, as viscosidades encobrem o odor do sexo pairado pelo ar, qualquer pessoa que entrasse no recinto sentiria o perfume natural produzido pelos corpos das pessoas que se amam, entretanto neste quarto, apenas uma mulher pende na cama, jogada de qualquer jeito e, em um lençol de tecido fino, acordada não se mexe, não está morta, não queria estar, mas dentre de estantes, a morte pode se tornar sua maior ambição. Ao estar parada ali, sentindo falta da coberta de um frio vento que soprou por ali a poucos, com o sorriso pendente olhou para o relógio marcando quatro da manhã, não queria ter levantado, quando a principio a sede sorveu o sono em um suspiro que a tirou da cama, antes, rolou ainda emaranhando-se um pouco mais por dentre os lençóis, era gostoso ficar ali com o pano entre as pernas, roçando fino e limpando o esperma e o seu suor ao redor do corpo, levantou-se na mesma lentidão em que vestiu o seu roupão ao lado da porta de entrada do banheiro, ficou a contemplar o tempo em que estivera a pouco com seu homem, não o oficial, pelo menos não vive com este, vive com Renato Soares, aquele surge algumas noites para satisfazer não apenas seus desejos carnais, mas também outros desejos mais baixos, sendo que desejos carnais todos temos a saciar, pode ser com muitos ou poucos, até mesmo um apenas, os desejos a serem saciados estão referidos ao longo sofrimento de viver ao lado de um homem que a troca por qualquer puta gostosa de um bom puteiro, ou aquela secretária que sempre quer uma aumento e da arte da sedução o consegue, o que não deixa de ser uma puta. Esquecera, contudo, do tempo, a mulher anda livremente pela casa, o marido ligara dizendo – Maria, hoje é aquela festa de lançamento da nova revista da editora, lembra-se, você não estava muito a fim de vir, mas é importante, de extrema importância para ser mais exato, que eu vá, você sabe as mazelas do meu trabalho, chego tarde em casa – Maria odiava estes tipos de festas, não que curta apenas ficar em casa a ver filmes e cuidar do resto da casa, ao contrário, adora uma festa de boate, os flertes, gostava era de ser o centro das atenções, acontece que nas festas da editora ficava o marido a dar chamegos para as outras, não por culpa do Renato, afinal estamos no século da mulher, surgem as empresárias a fim de investir nas relações trabalhistas, grandes investimentos, e para uma empresária solteira conseguir um pouco de sexo, só alguém do mesmo nível, a não espantar os homens, preferia então ficar em casa e pagar na mesma moeda. Apesar do cansaço o sono não chegara, a mente estava leve, sem remorsos ou vestígios destes, os braços pesavam junto com as pernas, resolveu então tomar um banho, tirar as viscosidades junto com o odor do sexo, além de renovar as energias para dormir mais aconchegada, podia chegar Renato a qualquer instantes. A casa era grande, situada no Horto, não diferente era o quarto, grande, cheio de móveis espalhado por todo cômodo, era uma suíte, o escuro ambiente que se encontrava Maria foi de imediato substituído pelas luzes acendendo pela casa, a escuridão sempre assusta uma mulher que se encontra sozinha em casa, pelo menos esta, as estórias de violência sempre rondando os jornais televisivos e a própria casa onde vive por ser casa com um editor chefe de um jornal, deixa sua consciência um pouco transtornada, esta sozinha, a casa é de luxo, claro que existem seguranças à rua, logo não será por isto que a tranqüilidade exorbitara de imediato, sempre se é recomendável à espera do inevitável. Sendo assim, antes de ir tomar banho liga em seu quarto a televisão, deixando passar algum filme em um canal por assinatura, deixando sem som, acha gostoso as imagens ficar passando ao esmo enquanto ao lado da cama o som chora em palavras música de amarguras, trazendo uma nódoa de esperança no fio laminado da solidão que se formou nos sonhos de Maria, “Brilhou na noite escura, Uma estrela de amargura, Que manchou as águas do meu coração, E o amor de quem procura, Uma fonte de água pura Se banhou no vinho da ilusão, Água que vira vinho só traz loucura, E uma estrela partida é separação, Quebrada a jura, O amor não dura, E amor nenhum quer pedir perdão”. Por de fora da casa o ambiente aparenta ser tranqüilo, ao menos neste bairro e nesta rua, não se sabe por que, todavia podemos trazer fortes argumentos para justificar os banhos demorados das mulheres e homens, apenas repararmos motivos, nas premissas formuladas em torno da questão, a mulher adora uns banhos demorados, a água escorrendo ao corpo lentamente, lembrando o toque gracejo do amante, o sabão que escorrega á pele lambendo as auguras da cidade, porém sem esquecer às vezes o aliviar da falta de um corpo próximo ao seu, apaziguando a carne que necessita de calor, a mulher faz amor enquanto toma banho, já o homem fica pendente de acordo com o tempo de sua ejaculação durante o lavar de seu corpo, ou seja, depende da punheta de cada um, diante de tais fatos está Maria, não precisa aliviar a falta de calor ao seu corpo, acabara de amar freneticamente por horas a fio, sem pausa, está até cansada de amar, mas como toda mulher leva um tempo ao banho, deixa a água morna escorrer ao redor do corpo cansado, relaxada enfim, deita-se na banheira e fecha os olhos para sonhar nas probabilidades de amanhã e do amanhã, tinha marcado um outro encontro semana passada, com uma paixão antiga e, sabendo que de paixões antigas mulheres deixam estas paixões como novas, ficou ali a lembrar, Maria gosta de lembrar aquilo, ou aqueles, que lhe proporcionam memórias felizes, não só ela como todos – Alou minha Gostosa – Oi Menino, você ligou mais cedo – Não agüentei ficar esperando até a noite, estava ficando cada vez mais apreensivo, não agüento mais de tesão – Menino, quando você fala eu já fico toda excitada – Eu sei do que você gosta minha Gostosa, eu to louco pra você gozar na minha boca, o corno não está em casa não, né? – lógico que não, você acha que eu ia falar com você assim com ele aqui? Ele saiu, foi para editora, parece que houve outra rebelião em um presídio qualquer e ele tinha que coordenar todo o jornal – E ainda tem uma Gostosa que nem você em casa, que desperdício de mulher – Mas o que aconteceu que você ligou esta hora, não poderás vir amanhã? – Ô minha Gostosinha, minha mulher quer que eu cuide das crianças pra ela, o banco fez ela viajar a negócios, sabes que ela cuida das contas de algumas empresas internacionais – E ainda tem um gostoso que nem você em casa, que desperdício. Mas não fica ainda melhor gatinho? - Seria se ela não mandasse o irmão de dezenove anos ficar lá em casa um dia também, só vou poder na semana que vem, lá para sexta feira – Ai, seu escroto, não tem sentimentos – Calma Gostosa, é uma semaninha só, não custa nada, o tempo voa e a gente não vai nem ver – Eu já estou esperando duas semanas – Uma não vai fazer diferença – Está vendo como você é? – As mulheres têm destas armas eficazes de encostar os homens à parede quando se trata de um diálogo amoroso, de tempo em que não se vêem, de como a saudade aperta o coração e nos deixa o tempo mais longo do que realmente é, claro que conta para todos quando realmente se está apaixonado, com o tempo acabam por esquecer, tanto os homens como as mulheres, as mulheres levam mais tempo ou fazem a enganar os homens - Com eu sou? – Um falso, canalha – Você sabe que eu te amo, mas eu tenho minhas obrigações de pai, foi isto mesmo que te conquistou, mesma me disse – É... – Esta última afirmação soou como um resmungo resignado, afinal não queria ser mãe puramente por causa de seu marido, um homem cruel, de poucas condutas honrosas na vida, não seria um bom pai, e Maria por conta disto, acabaria por se tornar uma péssima mãe, o ambiente não se tornaria propício, levando isto em conta decidiu nunca parir, pelo menos com este homem em que vive a tantos anos, certo que é um casamento de aparências, por culpa de ambos, nem mais de um nem mais de outro, calaram-se em seus erros e assim ficaram, mudos como a maioria dos casais infeliz, certo é também que não tinha emprego, tornara-se uma das madames do mundo moderno, tem a possibilidade de correr atrás do próprio sustento, contudo resolvera ficar gostosa em casa consumindo do bom e do melhor, viagens a mil, só gastando o que arduamente Renato adquiria, e no meio de tantos pensamentos e levantamentos de ponderações e raciocínios, num certo tempo passado em um caminhar na lagoa reencontrou este homem com quem falava agora em seus sonhos, este homem estava com os filhos passeando feliz, se divertindo como nunca se vira antes, mostrava-se um excelente pai, alegre, o sorriso pairava junto com os pássaros do céu colorindo o dia daquele ou aquela que presenciava tal cena, Maria era uma daquelas. De súbito o coração veio a boca e a vontade maternal ficou latente, ninguém pode explicar o oceano profundo do coração feminino e suas vontades, principalmente quando se explode tal sentimento, de certo é a boca do senso comum dizendo, a vontade pode ser a faculdade de representar mentalmente um ato que pode ou não ser praticado em obediência a um impulso ou motivos ditados pela razão, no caso de instintos maternais não há impulsos racionais nem motivos de obediência que explique tais vontades, surgem, abruptam sem o menor aviso, e foi assim que ocorreu com Maria, ao ver aquela figura de longa data conhecida, podia não conhecê-lo mais, em tamanha alegria sentiu-se prisioneira de tais sentimentos maternos e conseqüentemente daquele homem – Maria, é você? – Eduardo? – Menina há quanto tempo, desde os tempos da faculdade a gente não se encontra – Apesar de estar perdidamente reenvolto em sentimentos antigos que tentara esquecer ao longo dos anos, sendo estes despertados pelos filhos de Eduardo, junto o próprio Eduardo, a mais profunda paixão, a súbita é mais profunda, tenta disfarçar em um breve e leve sorriso, enquanto que Eduardo manda seus filhos brincarem no parque ali perto, aonde ele poderia ficar olhando um pouco de longe sem dar muito na vista destes, que ao chegarem em casa fatalmente comentara com a mãe – Hoje o papai encontrou uma amiga no parque – Fazendo as crianças brincarem no parque, estas mesmas poderão concluir – Foi enquanto a gente ia brincar no parque, depois ela nem tava mais lá – Eduardo também gostara do que viu, foi sua grande paixão, na verdade tesão, Maria tinha o corpo moldado por Deuses, não apenas um Deus, por isto tais pensamentos – Você continua linda heim Maria, o tempo parece que não passa, estou impressionado – Eduardo, o mesmo aconteceu contigo, seus filhos são uma gracinha, - O casal de Eduardo já estava um pouco distante dali, brincando perdidas em brincadeiras no parque junto com outras crianças, os pensamentos de Eduardo acabaram por concretizarem-se – qual a idade deles? – Estas pestinhas estão com sete e nove anos – Ai, que faze complicada – Todas as fazes são complicadas, quando você acha que eles estão crescendo e vai melhorar, tudo fica pior. O que acontece é que você acaba por habituar-se a idade, prevê alguns raciocínios da criança, às vezes erramos claro, então temos que tentar contornar a situação melhor possível para que não haja aquela revolução lacrimal, muitas vezes – Com aqueles sentimentos a flor da pele de Maria, à vontade de ser mãe latejando ao peito, o tesão reacendido por Eduardo, foi se deixando levar pela conversa, estava entusiasmada com aquela vontade nova que lhe arrebata o peito, da vida conjugal perfeita, pelo menos aparentemente, de ter filhos e passear pelo parque, ouvir choros diurnos e noturnos para acordar feliz e ninar os filhos que pedem socorro à mãe diante da fome avassaladora, de uma criança, que nunca cessa. Surge o, porém. Estava casada há alguns anos, ponderou errado o passado, pensou com o bolso, aquele homem com quem casara era um monstro para ela, claro que ao ver das pessoas era um homem como qualquer outro, tinha motivos para seu egoísmo, desde novo era sonhador, daqueles que passam por cima de todos, defronte as podridões que viu no mundo resolveu não lutar contra elas, juntou-se abandonando certos princípios e condutas, sumira a piedade, autocrítica, não o amor, o amor foi apenas esquecido assim como Maria esqueceu, estão ambos perdidos no mesmo labirinto de egoísmos e por fim não se encontraram. O poder muda muito um homem, Renato apenas se deixou levar pelo poder e suas mazelas, as cobranças são uma delas, pois quando se trata de poder, ande de costas olhando para trás, cuidado com os tiros que vem de todos os lados. Deitada ali, não conseguiu evitar, estava agora a pensar em seu casamento, havia acabado, entretanto o que fazer, não podia ir simplesmente ir embora, estava covarde, queria ser mãe de um homem já comprometido, tinha uma vida desregrada, o sexo tornara-se fuga não paixão, apesar de estar vivenciando novos sentimentos brotados com reencontro com Eduardo, não ficou apenas com este amante, decidiu curtir a solteirice em que se via apesar de estar devidamente casada. Estes últimos pensamentos, a respeito de Eduardo fizeram-na voltar, que nem redemoinho, ao dia em que se reapaixonou pelo pai de seus filhos que nunca tivera – nos perdemos em nossos atos, e acabamos por explodir sem razão, esquecemos o fato de serem crianças e a tratamos como adultos, não só por ai, chegamos em casa estressado, com trabalhos a sair pelos ouvidos e acabamos, novamente, a descontar nas crianças, aí é que devemos tomar mais cuidados, temos é que dar muito amor, ouvir e dar atenção quando não se quer ouvir mais, fingir que ouve, precisava ver o inferno que foi no tempo que elas queriam um cachorro – O que aconteceu? – Eu tinha saído com elas, ido ali no Leblon levá-las ao médico, tinha estacionado o carro meio longe, pra andar um pouco com elas, de repente uma loja de animais, fudeu, foi àquela algazarra, compra o cachorro, que lindinho – Já imagino – Eu acabei comprando o cachorro, mas antes dei opções, para não mimá-las muito, ou o cachorro, ou o computador novo que elas queriam de ultima geração, cheio de joguinhos. Acabaram preferindo o cachorro – Sério? – Também estranhei, mas sabe, crianças também têm que ter opções, para quando crescidas aprenderem a andar, escolher sozinhas, saber que tudo não dá, não passar por cima dos outros, contentar-se com que tem, não deslumbrá-las com o dinheiro excessivo que a mãe ganha, sabe que eu sou um reles designer... – Eduardo, parece-me que você virou um excelente pai – Eu fiquei totalmente bestificado quando eles nasceram, foi lindo. Maria, e você, não tem filhos? – Ainda não, - Sabia que era mentira, mesmo assim continuou a enganar-se, não apenas a si, diante da situação teria, também, passar por estórias e ilusões seus sentimentos ao Eduardo. Olhando bem de perto, apenas deixou-se guiar pelos sentimentos que até o presente completavam o vazio de seu peito – acontece que eu e meu marido estamos tentando, contudo não obtivemos resultado, continuamos tentando, até já decoramos um quarto para o bebê, muito lindo, tem um berço... – Em seus devaneios, deitada na banheira, estas foram seus últimos pensamentos. Repentinamente, enquanto em suas memórias, iam e vinham em sonhos do passado, duas fortes mãos em silêncio, invisível a quem sonha contente relembrando afortunados acontecimentos, quebrando o silêncio da música que ainda tocava inevitavelmente ao som do quarto, estrangula sem piedade Maria que nada podia fazer, a não ser sacudir as pernas com total desespero, pavor, um terror cometido de lágrimas a escorrer misturando-se à água morna da banheira, as duas mãos de Maria tenta inutilmente, apertando as mãos de seu algoz, afastá-lo, o leito era insuportável, a mulher sacudia-se com todas as forças para livrar-se da água, sacudi-as também as mãos tremulas desta figura de horror que invadira a casa, afogava-a, com socos inúteis em desespero insano, arcava o corpo para cima tentando livrar-se também da banheira, mas tudo era inútil, as tentativas iam se esgotando, assim como o fôlego débil, as lágrimas já se perderam nas águas, e foi aí, no influxo da intervenção da maldade sádica deste indivíduo, antes mesmo do desmaio de Maria, ele a tira pelo pescoço da banheira, com as pernas a convolar entre o desespero e a exaustão, jogando-a com força bruta ao tapete do quarto. Caída quase sem sentidos, tossindo as lágrimas que engolira, inclina o pescoço olhando para a luz que cegara, e nas sombras da maldade reflete um sentimento que nem as palavras mais aterrorizantes descreveriam, o desespero a faz chorar de novo, desta vez em silêncio – Não me machuque, eu tenho dinheiro – As palavras soaram como vindas de uma muda, um soco cruel e sem aviso é desferido em sua boca, fazendo-a ceder em sangue jorrado ao chão, junto vai um dente, soluçando perante a tontura que a invadia, dentre a tumidez dos lábios, tenso, as pernas que antes agonizavam com extrema violência, buscavam rígida se mover, procurando levantar-se, logo a mão esquerda apoiava-se ao chão inclinando a cabeça para trás e a anca ao teto, quase de quatro, dando oportunidade ao seu carrasco desferir um chute de elevadas proporções em seu estômago, o vômito foi inevitável, para a infelicidade da Maria a escuridão não se fez por completo, ficou ali estirada, paralisada de terror e de marcas da violência abrupta. Estática no chão ficou a olhar o homem que adentrara sua casa, sabia que não era mulher apenas pelo tamanho, pois usava um capuz preto, estes de esquiar, a não ser que fosse uma destas mulheres de proporções absurdas, mas quando arriou as calças, ficando nu da cintura para baixo, deu-se bem para ver que era um homem, Maria não tinha forças, à vontade também a abandonara, ficou ali prostrada ao chão, não teve coragem nem de balbuciar resmungos, apenas limpava seu sangue com as lágrimas e ouvia atentamente – Fique de joelhos mulher, quero uma chupada – Não sabia o que fazer, resistir aos apelos sexuais deste homem seria inútil, para sua consciência física talvez, no entanto a alma ficaria intacta, lutar sempre fortalece o espírito humano, as forças são reagrupadas no corpo e num último apelo ela ainda reluta – Não – Mas não deu nem tempo do homem levantar o punho e Maria com uma dor, mais ao peito que a boca a sangrar, o abdômen em um grito agudo suplico e a garganta chorando os incógnitos lamentos postou-se na posição de joelhos e fechou os olhos, não queria ver, sentiu uma pesada nostalgia de pureza, a escolha é a maior delas, no tempo que corre escolheu por ferir sua alma, esquecendo-se que o físico sempre se cura, enquanto que a alma nunca se cicatriza, e será nos sonhos em pesadelos que ela virá a sangrar. Por mais aguda que fosse a dor, latente no peito, estressando em disritmia o coração, tentou em vão – NÃO – Tão logo foi preenchida a boca com o membro em riste, começou lentamente a chupar. Enquanto o nojo lhe subia a boca, o vômito veio inesperado e cobriu o chão com seu cheiro podre. O Homem a agarrou pelos cabelos e a jogou de bruços na cama. Realmente tinha uma bunda bonita, gostosa e bem feita. Sem perder a ereção o invasor dá uma cuspida no cu de Maria e mete com toda a força, o berro da mulher é compelido logo depois por um choro convulso, ao mesmo tempo em que a maldade lhe entupia o rabo com sua violência aguda. O estalo dos quadris nas nádegas era alto, cobria todo o quarto e dava pra se escutar da sala. Não poderíamos dizer ao certo o que se passava na cabeça de um ou de outro, apenas a certeza de que ambos sofriam ao seu modo, ambos prisioneiros de uma mesma dor em sentidos opostos. Não demorou muito pro sangue escorrer ao longo das pregas de Maria, o que excitou mais o agressor, suas estocadas passaram a ser mais fortes e mais contínua. O gozo é inevitável ao homem, enquanto confusa e semi acordada, Maria rola na cama ainda tentando fugir. O invasor sobe na cama e chuta-lhe o estômago. Maria cai do leito e quebra o braço esquerdo, com um gemido seco, quase mudo, ela ainda tenta gritar, e tão logo é desacordada com um chute na face.