terça-feira, novembro 28, 2006

Largos Sorrisos.


A mão tremia em convulsão, caída à lateral da cama, tremendo, se mexendo por vontade própria. Os pés seguiam os mesmos passos de todo o corpo, dançando uma música inaudível, sem sentindo para muitos e um verdadeiro regozijo para mais poucos. A testa suava em demasiado desconcerto, os pingos iam molhando o travesseiro deixando um odor desconfortável. A casa já estava impregnada por este cheiro fétido. Nada mais podia se fazer por esta pobre infeliz, sua mente estava perdida em busca de uma felicidade que não existe, uma felicidade surreal, uma promessa nunca cumprida. Um gemido de súplica silenciou a respiração ofegante. Eu olhava aquela cena com um desgosto do cão. Não poderia deixar de notar seu sexo desnudo, enquanto todo o corpo aparentava o júbilo de um gozo interminável. Apesar de tudo tive uma ereção por aquela louca fodida. Os olhos verdes perdidos no vazio da parede. Havia um quadro ali ou era só impressão dela? Ela queria se exibir pra mim, estava fora de si, podre por dentro. Tive nojo da cena. Meu nojo maior era por mim até, por estar gostando daquela merda toda. Tirei a seringa do braço dela, com certa repugnância. O ambiente estava lento, o tempo estava mais longo. Também sabia que em pouco momento aquilo poderia ser meu futuro; junto a ela. Sobretudo a verdade tinha que ser reconhecida, como gostei dessa bunda gostosa, e isto me alargou o sorriso ao vê-la empiná-la pra mim. Os seios se fizeram pontudos pedindo minha boca. A vontade agora estava desfalecida. Adjacente àquele corpo lindo e sem vontade. Ela dançava deitada se esfregando na cama, parecia uma maldita gata no cio. Precisava de um trago e dos bons. Cheguei na cozinha, afinal ela não ia a lugar nenhum, peguei um copo no armário e enchi até a borda de uma cachaça boa. Não dei nenhum gole, joguei longe o copo explodindo na parede e resolvi beber no gargalo. Lembrei de um amigo meu que tinha esta mania, Felipe. Sempre buscava entre suas ações as mais violentas, a importância da expressão corporal, claro que isso assustava a todos, mas era apenas uma forma de esconder sua sensibilidade. Ele era um ator dos bons, estava sempre ocupado com peças. Dissipei minhas palavras de figuras e imagens e me sentei em uma poltrona em frente à minha desfalecida mulher, onde ainda se revirava em gozos profundos na cama. Sentado e inerte comecei a olhar profundamente para minha garrafa de cachaça, como aquilo sempre me acalmava. Subitamente a garrafa cria pernas e começa a dançar na minha frente, um sapateado engraçado e de bastante criatividade, o que me alargou um outro sorriso. A garrafa dança e dança sobre suas perninhas, causando um espetáculo ao meu ver. Era tudo tão magnífico. A sede porém fez eu interromper o show, tentei pegá-la pelo gargalo e ela sai correndo de meu alcance. Achei que havia enlouquecido de vez, garrafas não criam pernas, não sapateiam, tão pouco fogem quando vamos tomar o que elas podem nos oferecer. De repente esta garrafa vem de alienígenas, ou talvez faça parte de uma mega conspiração do governo para nos mantermos sóbrios. Acabei me irritando e comecei a perseguir a garrafa pela casa, derrubando alguns móveis em minha implacável perseguição.
“Meu corpo estava dormente estirado em minha cama, estava no limite, na extrema fronteira entre a realidade e o sonho. A atividade constante e as tremedeiras aumentavam meu prazer, apesar de não sentir muita coisa ao me tocar. O prazer vinha da curiosa dormência. Sentia alguém comigo, mas não sabia quem, podia ser quem fosse, saber que havia outra pessoa ali comigo aumentava meu exibicionismo. Me contorcia toda, minha boceta babava gozo, e um arrepio cobria como um véu todo meu corpo. Empinei ainda mais um pouco a bunda, gosto quando me observam o cu, me excita como nunca. Meus bicos saltaram de meus seios implorando para serem mamados, ao mesmo tempo em que a pele se transformava em seda, um largo sorriso abriu em minha mente. O prazer chegou a um certo contorno que saí de meu corpo, corria de estrelas em estrelas, flutuava de pensamentos em pensamentos e vivia nos planetas perdidos do universo. Como é bom ser a dona do espetáculo, ter o controle sobre o público, excitá-los deixando-os de pau duro, e cada vez mais mostro porque sou tão gostosa. Que lugar maravilhoso é este que estou, onde o corpo desfalece de prazer, os braços parecem não ter vida própria, as pernas não existem e sinto que flutuo. Os barulhos que me cercam são estranhos pra mim, coisas se partindo, vidros explodindo, e à medida que vai aumentado este barulho todo, percebo que estou cercada por uma música linda...Tudo é tão magnífico. De repente me vejo com 9 anos, quando brincava de médico com um amiguinho meu na escola, ele tinha uns 12 anos. A gente se reunia na hora do recreio atrás do palco de teatro. Ficávamos algum tempo nessa brincadeira, ele adorava enfiar algumas coisas em mim. Fiquei mais molhada com estas lembranças. Lembro também que nos pegaram uma vez, o garoto tava com dois dedos na minha boceta, foi a maior merda, nunca mais o vi. Em casa meu pai me deu umas bolachas e me xingou de coisas que nunca havia escutado. Logo depois me tiraram do colégio, acabei indo para uma escola só de meninas, sendo lá que aprendi a colar velcro. Não resisti e sorri pra estes meus pensamentos”.
É impressionante como a força da imaginação faz o impossível se tornar realidade, assim como a criança que brinca com objetos mortos dando vida a seus brinquedos. Cansei de correr atrás da garrafa, peguei um vaso que caíra da mesinha da sala e arremessei na direção dela. A merda foi que a garrafa não resistiu, obviamente, o choque. Voltei para a cozinha na intenção de pegar outra bebida. Desta vez quis dar uma de esperto, peguei uma fita isolante na gaveta da cozinha e colei a garrafa no meu braço. Essa safada não ia fugir de mim.
“Esta sensação é a melhor da minha vida, é uma felicidade tão intensa, parece que estou tendo orgasmos múltiplos há horas. Estou realmente longe, nada mais importa, quero ficar aqui gozando o meu gozo. Foda são os barulhos que de vez em quando explodem no meu ouvido, quem tá fazendo esta merda toda?”.
Volto pra sala e vejo minha puta ainda prostrada na cama, com leves movimentos sensuais. Meio ébria pelo prazer intenso. Caminho um tanto quanto trôpego até ela e sento no chão ao seu lado observando a casa de cabeça pra baixo; mesinhas viradas de ponta cabeça, vasos destruídos, estantes tombadas, móveis partidos violentamente. Nisso tudo estou eu sentado do lado do sofá fedido, e me pergunto, quem fez esta merda toda?

quarta-feira, novembro 15, 2006

A Porta Mágica.


Meus olhos me traem de vez em vez em quando, contudo sei que não é sempre, graças a Deus ou coisa do gênero. Cansado prostrado em cima da cadeira deixava ler todo o jornal para saber as merdas do mundo. E nada como umas tragédias para começar o dia. O espetáculo da mídia se transforma na nossa mais saborosa sobremesa de nosso café da manhã antes de sair ao trabalho. O real disfarçado de imaginário e o sadismo travestido de curiosidade. Curtia a leitura nas falsas máscaras de políticos e celebridades. Mas quem não constrói máscaras? Será mesmo tolo aquele que é totalmente sincero? Ou a honestidade tem sua vez? Perigoso e necessário seria a resposta, pelo menos pra minha personalidade construída. Então assim vou me fodendo. Contraditório não? Joguei o jornal extravagantemente no chão de casa quando já ia batendo a porta. Sai no corredor do apartamento em que moro, sentindo umas altas batidas de musica vindo da casa do vizinho, que mora em frente ao meu. Fiquei esperando calmamente o elevador, enquanto que de esguelha observava a porta do vizinho, entreaberta e com luzes saindo em flashes lá de dentro. Caminhei com cautela e pela fresta dei uma olha de relance lá para dentro, resolvi ser intrometido mesmo. Estava tudo em um mundo paralelo. Eu não acreditei nem que estava indo pro escritório, pensei ainda estar dormindo. A musica era eletrônica e bem envolvente, me deixei levar. Fui entrando no ritmo da musica, ela crescia cada vez mais, embalando meus pensamento e ditando meus passos, a alegria vigorava cadê vez mais, os quadris se animavam enquanto os pés pareciam descalços. Fechei a porta atrás de mim e olhando pela cozinha para a sala fiquei um pouco invejoso confesso, eles haviam deformado a forma original do apartamento, a sala estava bem maior que a minha, o que me fez perceber que a sala era todo o apartamento. As janelas estavam fechadas, lacradas e cobertas por toldos espessos que não permitiam o contato com o céu límpido de hoje. Tinham umas vinte pessoas lá dentro, todas pulando animadíssimas. Fiquei realmente chocado com a cena que nem percebi a minha boca aberta. Confesso que o melhor ainda não tinha acontecido, mas senti que estava bem próximo da felicidade dentro daquele ambiente. As pessoas nem notaram minha presença, continuavam em seu mundo paralelo de alegrias, de sublimação da existência de outros seres e da própria tristeza. Caralho como a música era boa, tinha vontade de fazer tudo nessa vida. Até já havia ouvido que o som interfere na nossa forma de pensar, de ver as coisas, de sentir a sensibilidade ao seu redor, de querer cantar algo, de ser poeta pelo simples fato de existir, do amor e das lágrimas que nos impulsionam pelas vielas do cotidiano, até mesmo na fé das pessoas...Mas isso era realmente empolgante. Comecei a pular e a entrar na sala, sendo que finalmente notaram a minha presença. Eu só queria pular dançante, sentindo o calor controlar meu corpo. Comecei já tirando a gravata e a jogando longe, partindo logo depois o terno, a camisa puxei pra fora podendo assim ficar com os braços mais soltos. Inebriante estar ali sufocado pelo suor que já transpirava na camisa, fazendo contornos de gotículas pelo dorso. Meu sorriso contagiava ainda mais a todos, deixava ali transparecer toda minha alegria, abandonei qualquer culpa aparente. Tudo que não existe significado próprio, ganharia qualquer que fosse sua forma, indefinida ou não, um sentido:
- Hei cara, quem é você? – averiguou uma das pessoas sem deixar de se mexer um minuto, além de nunca perder o sorriso.
- Não sei ainda...
- Alá galera, o Carlos veio!
- Boa Carlos! É isso aí!
- É o Carlos? Não acredito estava esperando você há séculos. Onde você estava que não aparecia meu querido!
- Caralhooooo! Huhuuuuuuuuuuuuuu!
- Claro que sou eu, não falei que vinha? – Alguns urros estavam tentando superar a altura da musica dentro da sala, o que realmente era impossível, entretanto mesmo assim as pessoas gritavam os sentimentos que as impulsionavam para a felicidade. Claro que eu nem sei quem era Carlos, mas não importava quem eu era realmente, podia ser quem eu quisesse. Nós todos continuávamos dançando e mexendo junto com a terra. Cada nota era um passo novo, um jeito inovado de mexer, de saltar com ritmo, era sublime. A sala girava violentamente sobre meus pés incansáveis. Uma língua me calou e enfiou a boca dentro da minha, gostei daquele chupão inesperado, fiquei extasiado e com os sentidos renovados pelo tesão. A Loira que me beijava, colocou uma mão atrás da minha cabeça e forçou de contra sua pessoa, enquanto a outra mão acariciava minha bunda. Com leves mordiscadas em meus lábios ela me larga no meio da pista e vai a um canto, pega dentro de uma jarra cheia de cápsulas, pastilhas e tabletes um de seus conteúdos e volta, cheia de exaltação. A Loira coloca um ácido na minha boca e volta a pular me encarando sorrindo. Claro que o efeito não surgiu de imediato, fiquei ainda um bom tempo torcendo pra onda chegar logo e me levar embora em suas ondulações, queria altos tubos. Balancei a cabeça segurando-a com as mãos. Não queria sair voando. Minha vista estava um pouco tremida, danificada pela droga, ou era apenas minha imaginação? Agora realmente não saberia dizer se era tudo um sonho. Apenas deixava minhas asas voarem em direção ao som, como um inseto da luz que zanza em círculos diante a luminosidade, mesmo que aparente. O perigoso é a vela em cima de uma bacia d’agua que atrai e mata os mais desesperados. Senti uma alegria absurda exalar de meu peito, não tinha limites e nem fronteiras. Estava em colapso com tantas explicações sobre o que é a arte e toda sua plenitude da ostentação de beleza. Abri os braços e comecei a voar em um mar de rosas perfumadas de júbilo, os urros dominavam meu estômago, pela primeira vez me senti vivo. Os monstros não poderiam me pagar, jamais poderiam descobrir o verdadeiro valor disso. O leão urge diante a neblina de paradigmas desnecessária. Continuei com os braços abertos e pulei pela janela, estava voando pelos céus de minha cidade, via tudo do alto, as pessoas correndo apressadas na voragem do cão, os prédios e todo o mundo urbano em chamas, o vento ascendendo em meu rosto. Flutuava sem direção e desviando dos prédios que surgiam em minha vista, tudo velozmente, ao desviar de um prédio em alta celeridade, logo me surgia outro. Quando percebi realmente o que estava acontecendo é que me deparei com a realidade. Aquilo era um formigueiro e suas malditas formigas enquanto eu voava pelos céus despreocupado... Ai... O vento aliada a liberdade de movimentos são fodas. Comecei então a pisar em algumas formigas, esmaguei várias com vontade. Chutei alguns formigueiros destruindo estradas longas de formigas. Estou invulnerável no meio do caos. Claro que as formigas não deixariam de reagir, subiam por todo meu corpo se alimentando de minha carne suada. Pulei cada vez mais alto no meio da pista. Tornando-me o próprio regozijo em pessoa, não havia nada além a alegria. A Loira vendo meu estado se aproximou, só que desta vez não a deixei me beijar, agarrei seus longos cabelos como crina e comecei a chupar sua boca despudoradamente. Suas mãos passeavam por todo meu corpo, apertou com força minha bunda e a outra meu pau. Uma morena igualmente animada veio se unir a nossa festa, só que não era nossa, era de todos. Não demorou muito para as pessoas do festival começarem a se beijar, um verdadeiro redemoinho de mucos e babas que começou a infestar o ambiente. Tirei a camisa e a calça, fiquei de cueca um pouco, não queria me afobar. No início achei que as pessoas ficariam me olhando, julgando e observando, querendo saber como é o meu corpo. O engraçado é que pouco se foderam, estavam todos ocupados com paus e bocetas em suas bocas, começou uma roda de sexo oral um pouco descontrolada. Percebi que havia mulheres com paus de plásticos e paus reais, ou seja, alguns travestis. A Loira se agachou e abocanhou minha pica com vontade, chupava com sofreguidão, ela pelo visto adorava chupar, deliciava-se com o odor e o gosto, não parava um segundo de gemer e lamber. Fazia sumir em sua boca toda a pica, senti sua garganta encostar a cabeça do meu pau. Claro que estava bom, mas ficou ainda melhor, a morena não se fez de tímida, e tirando a cueca até os meus joelhos, abriu minhas pernas, me inclinando um pouco pra frente, enfiou bem fundo a língua no meu cu, babava muito, senti a saliva escorrendo pelo saco, percebi que era muito difícil de segurar; gozei de imediato. A Loira não tirou a piroca da garganta pra eu ejacular, a porra escorria de sua boca, uma porra densa e abundante, gozava muito realmente, a mulher com o falo na boca parecia regurgitar o meu sêmen. Puta que pariu, era muito gostoso isso, nem por isso as duas deixaram de me chupar. Comecei a curtir as duas se deliciando com meu corpo e a visão do ambiente. Virou uma verdadeira putaria, Algumas mulheres cavalgavam em seus respectivos parceiros, umas levando de quatro por trás abriam ainda mais as ancas para receber tudo, alguns travestis já sodomizavam homens enquanto estes simultaneamente chupavam paus de plásticos de algumas mulheres. Um trio de meninas faziam um circulo de chupadoras infernais, arregaçavam bem as pernas e a boceta levando dedos e línguas pelos buracos. Alguns homens acabaram se punhetando entre si. O perfume animava ainda mais a festa. O cheiro da viscosidade, da transpiração ofegante, dos gemidos abafados pela música, não conseguia me conter em um único pensamento. Voltei a me direcionar pras minhas mulheres, e nem percebi como tinha chegado àquela posição. A Loira com o cu arregaçado, na posição de quatro, e a morena abrindo bem a bunda daquela, segurando firme a nádegas e puxando em direção opostas as bandas. Abria muito aquele rabo, uma delícia, enquanto eu socava fundo. De tempo em tempo, tirava o caralho do cu, chupava e enfiava de novo com o máximo de zelo. Uma Travesti bem linda e feminina que enrabava um maluco, deixou-o de lado e veio me beijar, não parei de comer aquela guria. Era uma boca áspera, mais agressiva, a língua um pouco mais violenta, sentia-me um pouco invadido pela traveca, mas nem por isso o mandei embora, a deixei ali me beijando. A Travesti foi direto na minha bunda, ficou lambendo meu cu com a sua grosseira língua. Uma das mulheres com um pau sustentado por um cinto de couro, amou a cena que viu e veio se juntar a nós, enquanto a travesti agora abria bem a minha bunda. A Dama penetrou meu rabo com suavidade, a saliva e o tempo em que fiquei levando linguadas havia preparado e relaxado bem meu cu. Não demorou muito e já estava sendo estocado com vigor por aquela Dama, mas nem por isso deixei de meter na minha Loira, que bunda apertada. Em seguida um casal que trepava em fortes cavalgadas no sofá, levantaram-se e vieram se juntar a nós, colocando na cara da loira o coito, e esta passou a chupar com veemência a entrada, a junção do pau na boceta. A animação não abandonava nossas idéias, a fantasia ditava o sexo. Ao mesmo tempo em que enfiava meu cacete naquela bunda, a Dona deslocava um pouco seu quadril para trás, para meter fundo seu pau de plástico na medida em que eu mexia minha anca na direção dela. Abdicando os pudores e travas de um mundo cínico, outra formosa Jovem de cabelos curtos deixou o trio feminino que se chupavam ao chão. Eu metia de joelhos na loira, enquanto a Jovem inclinou-se totalmente colocando suas mão ao chão, e mantendo-se de pé, deixou nítida sua boceta rosada, cheirosa pingando para o meu prazer. Sorvi com todo meu amor a uma xoxota daquelas, seu líquido de excitação confundia-se com o da minha boca, o sabor adocicado ascendeu meus hormônios e comecei a meter e levar mais forte. Um Homem que fodia incansavelmente uma Linda Garota, pegou nas mãos desta e veio arrastando pro nosso centro, todos queriam fazer parte desta união. Pegou seu caralho meio torto e enfiou com vigor no cu do Travesti que abria meu rabo. A Travesti não esperava e soltou um grito misturado com gemido. Não querendo ficar de fora a Linda Garota abriu o traseiro do marmanjo e se pôs a chupar o cu. A Morena continuava abrindo a bunda da Loira e sorrindo extasiada. Seu traseiro estava totalmente aberto e convidativo a qualquer um que se dispunha a meter. Bem ao lado estava uma Coroa com um consolo de cinto, fodendo uma outra Trava, a medida em que esta já louca com o cacete duro se punhetando enquanto era enrabada. A Coroa largou a Trava e encaixou na Morena, gemeu baixinho sacanagens eu sua orelha. A Trava louca de mastro duro, levantou atrás da Coroa e engasgou a pica até as bolas, e tão logo agitou freneticamente sua cintura, sentiu mais estocada em seu ânus. Um dos caras bi sexuais que ao canto fazia um meia nove com outro homem, deixou seu Parceiro na punheta e foi rasgar a Trava. Não querendo ficar de fora, o Parceiro bi sobe em uma dos descansos da poltrona e enfia sua pica na boca do homem. Uma das outras mulheres que haviam sido abandonadas pela formosa Jovem, aquela que formava o trio infernal, emboca atrás da Dona que metia em meu traseiro, deitada com as pernas abertas e sorvida por sua cúmplice com a bunda empinada. A Ruiva tatuada que metia os dedos no cu de um outro senhor, e este introduzia ferozmente na xota de uma Adolescente, saiu em busca de novas aventuras, começou a rodar todo o alvoroço criado pela conjunção carnal desenfreada. Ao se deparar com a nádegas arrebitada de uma das Infernais, começou a dar uns tapas de leve na bunda avermelhada da cúmplice chupadora. Claro que a medida em que se imprecionava em sua situação de maestria, de condução da vontade da Cúmplice, empolgava-se cada vez mais e falava ordens quase inaudíveis pela música, do mesmo modo que aumentava seu sadismo, suas necessidades de satisfazer seus desejos mais obscuros e indecifráveis conjugados a violência. Puxava o cabelo da cúmplice e a forçava sugar com vigor a xana que se deleitava. Os tapas atingiam todo o corpo, contudo a bunda era a mais agredida. A Cúmplice acabou por se descobrir nesta posição submissa, obedecia com o mais fiel dos louvores. O Senhor sentindo falta das dedadas, segurou a Adolescente no colo e se juntou a aglomerado de pessoas. Ficou fodendo a ninfeta em pé e com a bunda ao lado da Dona que me penetrava, esta sem dó passou a cutucar com os dedos o cu saudoso do Senhor. Deitado em um dos cantos da enorme sala, um homem andrógeno tatuado se masturbava ao mesmo tempo em que enfiava um consolo no rabo. Deixou o vibrador na bunda mesmo e foi chupar o coito de alguém. As mãos mais levadas ao perceber o vibrador no rego do Andrógeno, violentavam-no com o mesmo. A Ruiva tatuada já praticava um fistin em sua obediente Cúmplice. O recinto tornou-se uma massa de carne viva se contorcendo. Os gemidos orquestravam uma sub música, sendo envolvidas pelo som eletrônico que continuava a bater de contra os corpos suados, melados de gozo e mucos; porras em geral. A Lascívia foi saciada depois de longas esporradas, gritos, convulsões e tapas na cara de alguns. O cansaço apoderou-se dos corpos. Posteriormente a um breve descanso de minutos todos ali envolvidos começaram a se mover. Certas pessoas começaram a colocar algumas vestimentas, estavam um pouco inebriadas de prazer, mas não queriam continuar nus jogados pela sala, e o som animado ainda tocava sem freios, e foi precisamente este maldito som que desencadeou todo este espetáculo, e mesmo diante todo o meu cansaço, ainda tinha forças pra dançar, e todos se levantaram no mesmo ímpeto, renascer a festa. No meio do surto inquieto percebemos uma mulher de cabelos levemente tingidos de loiro se aproximar pela porta da cozinha, seus olhos estavam curiosos, e tão curiosos quanto assustados. Contudo nem por isso um sorriso sutil deixou de sair de seus lábios:
- Hei Lindona, quem é você? – Tomando a iniciativa perguntei a ela olhando em seus lindos olhos azuis. Trazia simplicidade e uma alegria contida perceptível em seus movimentos retraídos.
- Eu estava andando pelo corredor...
- É a Maria, ela chegou – Gritou a Trava mais animada, puxando Olhos Azuis para dentro da festa. E a música fez o resto.

domingo, novembro 12, 2006

Oceanos e Gotas.


Nem sempre as chances que temos podemos agarrá-las, às vezes caem diante de todas as facilidades. Entretanto quem nos disse que seria fácil? Vamos carregando uma culpa pelas nossas derrotas que as vitórias fazem reascender a paixão pela vida. Assim vinha caminhando pela Rua João Marcelo, com lágrimas nos olhos, não de tristeza, mas pela certeza de que tudo iria recomeçar. Entretanto algo para recomeçar tem que chegar ao fim. Sua esperança havia mudado de estado com o passar dos anos. A face entrecerrada em uma careta tola, enquanto alguns o encaravam com rancor, imaginando ser este algoz da simplicidade aparente da convivência de todos. Colocou a mão no bolso procurando seu celular; o que foi em vão. Ficou imóvel diante da rua, em baixo de um semáforo enquanto todo a seu redor se movia. Uma mãe levava uma criança em seus braços apressada com o tempo da creche e do mau tempo, passando ao seu lado sem notar sua presença. Igualmente esbarrava em seu ombro um homem de gravatas segurando uma pasta em seus braços, um pouco torto pela falta de equilíbrio de sua destreza. Uns meninos correndo de outros meninos se divertiam, parecendo um crime ante a seriedade do mundo, nos ensinando como tudo se mantém tão sereno. Os carros não silenciavam diante o caos criado por eles mesmos, fazendo tudo parecer tão confuso. Uma velha carregando na cabeça um saco de roupas passeava com dificuldades entre inúmeras pessoas que zanzavam por ali com finalidades diversas. Pingos de chuvas abruptas do céu, tingem de úmido o ar que não esperava tanto perfume. O cheiro de chuva arrepiava a todos com uma paixão pela natureza reverenciando nossos instintos mais antigos. Nisso uma lágrima toca o asfalto, confundindo o oceano dos céus com a gota do homem. Ninguém disse realmente que seria fácil. Continuou perplexo com suas vontades internas, não interpretava nada, o progresso perdera seu sentido em presença aos sentimentos que o atormentara. A saudade o assolava, o medo o apunhalava pelas costas, enquanto a chuva o molhava imperdoavelmente, não havia por que se mover, tudo já se movia. O tempo passava sem se perceber que realmente passara. A música tocando sem fim. Pessoas dançando ao seu redor qualquer som. Não havia sentido naquilo que João procurava, ninguém procurava junto com ele, pelo menos não muitos, “sinto tanto por tudo ser assim tão difícil, por que não podemos chegar a um lugar comum, onde esta o verdadeiro progresso? Em nós? Nos segredos do oceano que nos inquieta? Vejam estas pessoas andando ao redor, sorrindo ao acaso sem ver que elas são prisioneiras, são todas ligadas por algo em comum e separadas por este mesmo algo em comum, e quando rompemos com este senso do ordinário que nos mantém prisioneiros somos crucificados em nossas próprias idéias. Aonde vou agora, não sei o que fazer...Perdi a vontade de andar, acho que vou me sentar aqui e chorar até as lagrimas se secarem, os soluços me impedem de pedir qualquer coisa pra alguém...Sinto falta do mundo que havia construído, agora só vejo fim em tudo...Não posso mais me olhar no espelho sem ver aquilo que mais almejava, vou sentar aqui e deixar a chuva me afogar...O que eu faço? Ninguém me avisou que seria assim tão difícil”. Levantou-se do chão asfixiado pelo próprio choro e caminhou pela rua enxugando inutilmente os olhos, sendo que a chuva ainda o inundava com seu crepitar violento. A maioria das pessoas corriam pra debaixo dos toldos e lojas abertas, alguns poucos aventurados ainda andavam indiferentes a chuva, como joão que seguiu não sabendo para onde seguir. Começou a atravessar a rua sem olhar para os lados, estava distraído sentindo pena de si mesmo pensando em círculos. Justamente em que atravessava a rua, um carro atinge Marcelo, não por conta do motorista deixar de apertar violentamente o freio, mas a pavimentação molhada impede o carro de parar. Ocorre um alto impacto do corpo de João com a parte dianteira do veículo, chegando a rachar o vidro. Sendo que logo depois do carro deslizar alguns centímetros com o João, se debatendo em cima do capô, ao parar o carro, aquele é violentamente jogado para frente, rolando em seguida alguns metros a frente. Com o corpo todo dolorido sentindo fortemente as mãos e joelhos em carne viva, o sangue fervendo escorrendo destes, sua mente clareou instantaneamente. A chuva limpava o rubro de seus membros, enquanto Marcelo vislumbrava sua clareza de sentidos apesar do impacto. Estranho é vir justamente esta nitidez com este impacto. Algumas pessoas já se formavam em volta do acidente. O motorista, meio embriagado pelo seu nervosismo, pedia perdão a todos que lhe olhavam. João rapidamente levantou, num salto impulsionado por toda uma paixão. Esta lhe afoga como a chuva agora a pouco, um verdadeiro oceano de sentimentos onde sufocou mais uma vez. Tentaram-lhe segurar inutilmente, querendo cuidar de seus ferimentos ou até mesmo levá-lo ao hospital. Marcelo se desvinculou de qualquer um que quisesse segurá-lo, estava movido pelo oceano de emoções e reencontrou os sentidos ao qual procurava. O coração voltou a bater com vontade, explodindo suas veias em fortes estocadas, estava obstinado, tornara-se uma máquina. Saiu correndo pela calçada não pensando em nada, apenas em sua redenção. Suas pernas, apesar da dor lancinante, mexiam-se velozes em desespero, nem importando a calçada molhada. Parou em frente ao portão de um prédio e apertou com insistência a campainha. Não demorou muito estava bufando afobado no elevador. A roupa escorria água em abundancia. Estava tão desconcertado, que ao tentar abrir a porta, deixa cair as chaves no chão. Agachou estabanado e as pegou. Ao adentrar rapidamente o apartamento encontra o motivo de todo seu oceano de inquietações chorando ao chão, perto da estante onde descansa uma televisão, junto a um aparelho de som. A Mulher cobria o rosto com as palmas das mãos, deixando entrever através dos dedos um pouco de seus olhos verdes, tão lindos e profundos, enquanto que seu cabelo escuro adorna seus braços cruzados em cima dos joelhos. Sentindo a presença de João, os soluços se acalmam e seu rosto se levanta. Ficaram um pouco assim, olhando um nos olhos do outro, tentando se reconhecerem de novo. As lágrimas ainda obscureciam a visão. Ambos limpam os olhos com as costas da mão e continuaram a olhar. A comédia entretanto é a água da chuva que escorria na sala do corpo do homem. Marcelo se aproxima com extrema calma e impaciência diante a mulher, pegando em seus braços com uma ternura invejável. Pingava agora menos. Não há relutância de entrega ao sentimento que voltava a brotar, bem que mais forte em ambos presentes. Na verdade nunca haviam estado tão presentes. Os corpos se abraçam com uma força incomensurável, o calor existia apesar das gotas excessivas de água. A mulher estremece nos braços apertados de seu companheiro, enquanto que a boca deste sussurra fácil palavras que exprimissem qualquer mar incompreensível de palavras impronunciáveis;
- Quem disse que seria fácil – indagou - quem disse?

sexta-feira, novembro 10, 2006

Traz Mais Uma Por Favor.


Hoje tirei os óculos para enxergar o mundo um pouco melhor, é insuportável olhar tudo nitidamente e se sentir um imbecil, ver que todos estão corroborando para um mesmo fim; nos sentirmos imbecis e apáticos. Olhei para frente com minha retina despida de sua verdade, de seu filtro. Agora sim tudo fazia mais sentido. Enquanto tomava meu café na padaria do Tadeu, decidi que seria o meu ponto de partida. Meus óculos já descansando em meu bolso esquerdo. Olhei para o lado segurando minha xícara perto aos lábios, sentindo seu morno aroma adocicado e forte, que logo fez meus instintos soluçarem, acordando os nervos ainda adormecidos. Não sabendo que através deste novo mundo, sempre se vê novas pessoas. Ao meu lado estava um alcoólatra tomando café da manhã com uma “marvada” cachaça, seu aspecto era um tanto quanto soturno, mãos grossas, dedos igualmente grossos, além de trêmulas. Seu rosto era chupado pela magreza. Bebia apenas para esquecer de algo, entretanto havia esquecido este motivo, era apenas uma desculpa para continuar com embriaguez nas veias. Acabei me sentindo como aquele bêbado, embriagado por minhas próprias máscaras sociais, aquelas que permitem a eu mesmo ser uma pessoa apresentável, por mais que eu realmente não seja. Queria conversar um pouco com aquele pobre refém de seus vícios, pois também me via nele, incrustado em sua pele e suas tremedeiras. Acendi um cigarro e continuei a observar, queria ver ele puxar assunto, eu não tinha coragem para fazê-lo. Com meus olhos entreabertos o encarava nitidamente, acontece que isso não era o suficiente, não achava o canal necessário, enquanto me sentia oprimido por minhas escolhas, pedi uma cerveja. O gole desceu amargo, não como o de costume, nunca bebi de manhã assim de cara, bem estranho. Foi difícil engolir, e fiquei me perguntando como este sujeito agüentava aquela cachaça e, enquanto descia mais fácil o segundo trago, peguei mais um cigarro. Logo já havia bebido uns 5 copos, deixando meus sentidos um pouco turvo, mas molhado bem minhas palavras. Não demorou muito para eu falar alguma coisa:
- Eu odeio pessoas, você não? – Falei como se o conhecesse há muito, dando ênfase no final da frase, queria deixar claro que me direcionava a ele.
- Não. Só quando elas estão perto de mim – Sorriu com a boca fechada, tentando não mostrar a falta de dentes.
- Ótimo...Não teria respondido melhor! De todas as vezes que vim aqui, nunca havia visto senhor, esta cachacinha ai está boa?
- É a melhor coisa de todo o meu dia, nem a do lanchinho e a do almoço são tão boas...Gosto tanto desta merda que se não tiver dinheiro pra beber, bebo meu mijo, só bebo isso mesmo – o bafo tinha um forte odor alcoólico.
- Me parece uma vida bem interessante...Tentadora diria.
- Meu caro não há nada melhor. Cada pessoa tem sua moeda, e não seu preço. E esta é verdadeira relação das coisas...Moeda.
- Mas e dentro de cada moeda, todos têm seu preço? – Enquanto falava, com um gesto chamei o atendente e pedi mais uma cerveja, as idéias ainda inebriantes e cada vez mais. Ele continuou a palestrar.
- Veja por exemplo, se alguém for tentar me comprar, ou me empregar, falaremos em litros, bebidas e garrafas, acho que por isso continuo desempregado, ninguém entende isso...
- Claro que não! Entendo perfeitamente...Veja bem, criamos aqui na nossa sociedade uma forma única de relacionamento universal, dizem que é a música a verdadeira língua do mundo, é o dinheiro, isso sim..
- Mas eu só quero beber, apenas beber... – Suas mãos tremiam um bocado, ele limpava constantemente a boca após sorver um gole de cachaça, e quando acabou me olhou constrangido, esperando alguma reação de minha parte, nisso retruquei:
- Tadeu! Traz mais um copo e outra garrafa por favor, pelo visto a manhã começou tarde! – Estava começando a me animar com este papo, e para minha surpresa, mesmo que seja o óbvio, ele também começou a se animar. Pelo menos atenção eu tinha. Enquanto as palavras úmidas saiam ébrias da boca daquele homem, que para alguns teria uma aparência repulsiva, comecei a reparar naquele indivíduo. Olhando sua fisionomia percebi que não havia nada estancado em sua face; esperança, solidão, medo, perplexidade, desânimo...Sua expressão era de um extremo vazio, os olhos sem brilhos, apenas um leve sorriso com o matiz opaco. Impulsionado pelo álcool tinha os movimentos bem vagarosos, e gostava de gesticular todos seus argumentos. Aquilo realmente estava me animando, estava gostosa aquela vida, decidi me entregar mais e mais, e pedi desta vez duas rodadas de cachaça...A conversa ia longe, nisso ele emenda....
- Não sei o que é pior, perder na vida ou perder para a vida...Às vezes imagino que exista alguma força contra a gente, torcendo pra perdermos.
- Talvez seja tudo a mesma coisa, nós perdemos na vida, porque perdemos pra ela, por força de algo contra nós, nossos próprios vícios...
- Aí que o senhor se engana meu caro! – Sugou um longo gole, de uma vez só sua cachaça, enquanto eu pedia logo a garrafa ao garçom. Colocou violentamente o copo na mesa e espremeu um pouco a vista, deixando nítidas ainda mais suas rugas e apontando o dedo em minha direção respondeu – Mas nossos vícios surgem para acalmar nossas derrotas. Uma válvula de escape de nossas merdas...
- O que seriam estas merdas?
- Merdas...Merdas meu caro...Muitas merdas...Esta maldita palavra que não nos abandona do nosso cotidiano...
- E o que faremos a respeito? – Perguntei ascendendo mais um cigarro com a pontinha do outro que ainda não acabara.
- Bem, poderiamos beber mais uma cachacinha...
- E depois? – Indaguei enquanto me levantava e deixava o dinheiro de toda a conta.
- Não sei bem...Hoje escolhi ser um otário pra tentar não ver como as pessoas são imbecis.
- Mas que coincidência...- Ri e fui em direção à rua vendo as pessoas de maneira trôpega, com alguns olhares me julgando.

quinta-feira, novembro 02, 2006

O Quadro Social.


O peito arde contínuo, adornado em todos os significados possíveis de lepra e degradação humana. Depredado e infeliz fitava pela janela tudo aquilo que ele não fazia parte ao meio o crepúsculo. Os carros de luxo zimbravam em desdém, ao lado de toda inutilidade moderna, igualmente deprimente. Era marginalizado por seus semelhantes. Alguns diriam certamente; ele mesmo escolheu os passos a seguir, ninguém é obrigado a nada. O homem constrói seu destino, e asfalta sua estrada. Pensando desta maneira tudo se encaixa, a questão é só a intensidade de seu trabalho. Antes fosse, pois às vezes nos falta o material do asfalto, às vezes nos falta às mãos livre para construir. Seu copo já vazio pairava ao canto de sua escrivaninha. Diante de todos estes pareceres e ponderações resolveu sair deste marasmo em que se encontrava, não fodia e nem saia de cima. Os quadros já não saiam como antigamente, tanto nas edificações como na comercialização. Viu-se tolhido pela falta de piche em seu asfalto. O aborrecimento já era uma de suas principais armas contra o tédio, sempre se deixando levar por sentimentos quaisquer de ódio e insatisfação. Andou pela casa inutilmente buscando uma saída, mesmo que ela existisse, não seria assim tão fácil encontrá-la, no que diria vislumbrá-la. Mesmo de soslaio teimava em olhar de novo para a janela. Encarava aquilo que ele mais temia. O caos urbano perdido em si e em todos. E isso aumentava cada vez mais a sua tendência ao abandono de seu corpo. Não a mente que convenhamos, infelizmente, nunca se cala. Não tolerou muita aquela imagem citadina e fechou as persianas com brusco movimento. Os olhos olharam para cima para baixo sempre se perguntando...”aonde isso aqui vai parar? Veja minhas inquietações. Não posso parar de negar a mim mesmo que o futuro dentre todos possíveis, ultimamente, tem sido favorável à perdição. E nem por conta disso deixo de ir à esquina encher a cara com meus amigos alcoólatras. Tenho pena daqueles infelizes, talvez por sentir pena de mim mesmo. O que seria talvez o mundo sem estas pessoas? O que seria do homem feliz se não existissem os tristes? E do que diríamos dos momentos? Enquanto minha cabeça maquinas as conspirações do universo, peguei uma caixinha especializada de cigarros, de uma marca famosa (aberto a patrocinadores), e abri para pegar meus utensílios de artesanato na hora em que aperto um baseado. Fiquei ali alguns minutos na confecção. Eu gosto disso sabia. De ficar meticulosamente degustando a minha fumaça. Parei por alguns segundos de apertar; minha bexiga deu um berro e eu precisava dar uma mijada. Quando percebi, ao lado do sabonete ao qual acabava de lavar a mão, um fininho pronto pro abate. Guardei toda a tralha do meu artesanato matutino e acendi aquela merda mesmo. E lá fui eu pro meu portal. Mergulhei de cabeça mesmo. Fiquei pensando se meu trabalho valia a pena mesmo, não gostava do que fazia, e sabia também que não tinha muita escolha. A pintura era a minha arte, a minha verdadeira motivação do meu viver. Ficar enfornado em uma sala fazendo burocracias decididamente é um ato de suicídio, qualquer um pode enlouquecer ali. Fui pra cozinha e preparei um bom café, pouco antagônico eu achei, mas me bateu uma puta vontade de um café. Comecei então os preparativos, enquanto pensava no meu emprego. Peguei o coador, coloquei em cima da garrafa térmica enquanto acendia o fogo para ferver a água. Voltei para sala esperando a água esquentar, reacendi meu baseado e voltei para minhas inquietações. Eu realmente gosto desta minha vida solitária, não entendo por que ficam me enchendo a porra do saco; João Marcelo, você deveria arrumar uma esposa, já está em tempo de se casar...Eu não posso me casar, não posso colocar indivíduos dependendo de mim, eu não consigo fazer o mínimo de escolhas diante de tantas possibilidades, o que diria da vida de outros indivíduos. Talvez por isso não goste do meu emprego realmente, acho que poucos se realizam profissionalmente e ficam perdidos nos números de escolhas. Além do que; Somos todos uns canalhas e são todas piranhas. Fui pra cozinha e apaguei o fogo, peguei a panela com a água fervendo e derramei a água em cima do cuador onde já havia despejado o café. Ficou uma pequena lambança, mas o gosto é que realmente importa. Dava pro gasto. Enquanto vestia minha calça me deprimi. Por ver que eu, um jovem idealista, cheio de alma jovial e com uma esperança avassaladora, me transformar no que mais temia; a justificativa para a solidão. Acho que gostaria de voltar para a escola, Não por saudade daquela merda de instituição, talvez para poder pensar de novo que eu possa ter um rumo, poder imaginar um futuro promissor. É isso, sou o que sou e lamento muito. O sol já havia se posto a dormir quando reabri a janela para ver como andava a rua no inicio da noite. Precisava de inspiração pro meu último quadro. Digo último pois sempre me refiro assim as minhas ultimas obras. Sempre é a ultima, juro a mim mesmo que pararei e levarei uma vida sem reflexão, arte ou coisas inúteis do tipo. Pintar é coisa de babaca. Tenho pena do meu colega Van Gogh, sofreu o diabo a vida toda, sempre tachado como um pobre infeliz e sem futuro, vivendo na pobreza e miséria, pedindo esmola pros familiares e morreu vendendo um único quadro. Hoje em dia um de seus quadros vale uns oitenta milhões de dólares. E o puto não pode nem curtir sua maldita genialidade. Uma pena. Os gênios sofrem para seguir suas aspirações, sua verdadeira paixão, enquanto a própria sociedade e alguns bajuladores se beneficiam disso. E não compreendendo nada do que aquilo realmente significou, abandonam seus criadores. Bem, não importa, sei que não será meu ultimo quadro. O que sei é de certo, se parar com a minha arte enlouqueço, mais do que já me perdi. Fechei tudo na casa e sai”. Confirmando que trancara a porta de seu apartamento, duas vezes como de costume, desceu as escadas apressadamente rumo à rua. Haviam inúmeras pessoas andando pela calçada apressadamente, parecia que elas estavam perdendo alguma coisa, ou fugindo de algo, não havia certeza ao certo do que elas corriam, ou para onde iam, mas andavam apressadamente. A lua ardia intensamente, irradiando luz por todo céu límpido. Era uma noite clara. Pela primeira vez o Pintor caminhava diferente em sua própria rua, em seu próprio bairro, trazia um espírito observador mais afincado, olhava a tudo e a todos como nunca havia olhado, para ele era como se nunca houvesse andado por ali, apesar de estar em sua própria casa. Perscrutava todas as casas, latas de lixo tombadas, as sujeiras esparramadas ao longo do asfalto, e sobretudo as pessoas, um velho de semblante mal encarado com o seu cachimbo baforando densas fumaças ao longo de sua caminhada, segurando desengonçadamente algumas revistas e jornais de baixo do mesmo braço q carregava as compras. Acontece que este senhor queria manter um braço livre para segurar o seu maldito cachimbo, o que o fez pensar, “é mais vale manter o vício, a estética e a inutilidade de sua aparência do que manter a praticidade”. Talvez aquele senhor desengonçado desse um bom quadro, “veja como ele anda sem jeito pela rua, chamando atenção de todos tentando segurar as compras enquanto segura de maneira ridícula este cachimbo”, ou talvez não desse nada de mais realmente, pois o artista sabia que precisaria de algo mais desafiador, algo que lhe despertasse sua antiga paixão, a mesma que ele conheceu quando começou a pintar. Segui em frente com pequenos passos, e nunca esquecendo de reparar na corrida de ratos a sua volta. Começara a reparar em alguns mendigos que ali vivia e que nunca notara. Alguns de aspecto esburgado, bem, sujo e nojento. Outros havia em sua aparência o desdém de alguém que já tivera tudo e que escolhera a solidão no meio de um tumulto, um voragem de pessoas. A verdade é que nem ele, tão pouco os indivíduos a passarem ali apressadamente, percebiam estes pequenos infelizes, só os próprios moradores de rua sabiam de sua existência. De olhos tristes e enfadonhos viviam a catar restos por ali, sendo tratado como ratos, pelos próprios ratos que competem entre si. “Não, isso não, pintar mendigos é um pouco apelação, digo, não que não mereçam atenção artística, mas quem vai querer um mendigo catando lixo em sua sala de estar, ou em seu escritório de advocacia? E também não tenho estômago pra isso”. A mente estava cheia de imagens e visões, tudo correndo a sua volta, aqueles que voltam pra casa, observados por quem não tem aonde ir e vistos por fulano que queria saber pra onde estava indo. Uma verdadeira confusão, mas um objetivo só. E ao mesmo tempo em que isso tudo se organizava, o senso comum ao redor da mente destes seres, é que adorna os traços de quem é ou não, que pode fazer parte disso tudo, desta imagem única chamada sociedade. O Glamour intricado nos marginais expostos, sem serem realmente percebidos, como artistas perdidos, doentes mentais, assim como vagabundos e filósofos, faz este homem se sentir perdido ao meio de tanto cinismo. Percebendo que a noite seria longa, decidiu pegar um ônibus e ir à lapa, um grande centro cultural carioca; a distração é o melhor refúgio, de nós mesmos, de si mesmos e da opressão do que assistimos. As figuras iam fazendo formas em sua cabeça, todavia não havia sentido, tão pouco significado tudo o que montava com seus pincéis invisíveis. Pegou um ônibus no Largo do Machado que o deixou na porta de um bar, o que veio bem a calhar, pois o lugar estava cheio de pessoas descontraídas e risonhas, todos bebendo e flertando descomprometidos com a veracidade. O bar mais lembrava um restaurante, com mesas e cadeiras espalhadas por todo o recinto, mas lembrava mais bar por seu aspecto sujo e pelo fato de todos irem lá, só para beber. Claro que havia petiscos, contudo não era o principal, nem a paixão de todos, a cerveja era a principal guarnição. “Fiquei parado só observando as mulheres, como são seres sublimes, gostosas, rabudas e apetitosas. Macias com um singelo perfume, andam de forma provocante, quais nos olham, um sorriso malicioso acompanhado de um delicado franzir em seus cenhos, fico louco. De início fui um pouco esquecido pelo garçom, não sei se foi por que cuspi muito no chão, ou foi por ele realmente não ir com a minha cara, mas não importa, uma vez que no final acabei sendo bem atendido. Gostava de ficar admirando aquelas mulheres, principalmente aqueles rabos. Quanto mais bunda melhor. Quando pinto um nu, dou uma pequena atenção especial a esta parte do corpo, não é a toa que os gringos ficam loucos aqui. Continuei sentado ali na mesa um pouco mais, até perceber que o lugar inflamou a tal modo que era impossível ficar sentado. Acabei levantando por causa do bafo que se formou no bar restaurante. Encostei-me na parede para não ficar muito visível, gostava do meu anonimato. De repente se fez maior tumulto, parece que é normal no Rio de Janeiro sair na porrada sem mais nem menos. Um garoto bombadinho se irritou sabe-se lá por que e começou a baixar a porrada em outro igualmente bombadinho, acontece que este resolveu não reagir, e o agressor não estava satisfeito com o fato do outro querer permanecer em paz, então não parou de bater. Bem, que se foda, não tinha nada a ver com isso, aproveitei a confusão pra ir ao banheiro, enquanto a turma do deixa disso tentava apaziguar as coisas. O banheiro estava razoavelmente cheio, me dirigi então para uma das cabines da privada, e lá chegando encontrei milhares de frases espalhadas pelo cubículo, e comecei a ler enquanto mijava. A merda fede mais quando se pisa nela. Rapadura é doce, mas não é mole não. Gosto é que nem “cú”, cada um tem o seu. Aqui só tem viado. Quando você compra a merda, o cheiro vem junto. Apareça aqui quinta a noite, que eu chupo seu pau. Levanta pra cair de novo. Depois do silêncio, só a musica para explicar o inexplicável. O tempo é a cura de todos os males, bem assim como, de todos os bens; materialistas ou não”. Esta última fez um efeito em suas idéias, ficou meio preocupado com o tempo, com suas faltas de perspectivas, o tempo consumindo sua paciência aliada a esperança de melhoria, além da falta de alguém, contradizendo a sua vontade da solidão. Releu a frase com ênfase na parte materialistas ou não. Ser materialista se tornou parte de um contexto de sobrevivência, consumir e buscar a felicidade através do consumo, o verdadeiro segredo. “Sai do banheiro com aquelas palavras martelando em formas de ecos em meus pensamentos. Quando coloco o pé pra fora do toalete vejo que a turma do deixa disso, tornou-se a turma do quebra isso. A briga havia se tornada generalizada, resolvi sair de lá então o mais breve possível, com um leve sentimento de desprezo, me mudando então pro bar do vizinho em frente, onde alguns curiosos haviam saído para assistir o tumulto, como de praxe. Sendo que logo de cara dou de frente com uma puta ruiva, não resisti e tentei travar um diálogo”.
– Você não estava no Bar do Ernesto sábado passado naquele show de samba e choro?
– Não era eu não.
– Bem, devia ser alguém tão espetacular quanto – Ela o apreciou de esguelha, tentando não deixar muito na cara o agrado, ainda resistindo um pouco a aproximação, nada fácil de mais é de bom grado aos olhos de ninguém. Ele continuou assunto, dando a entender que pegaria algo no bolso, puxou um cigarro e ascendeu com um isqueiro de marca (aberto a patrocinadores).
– Você fuma?
– Depende do que vamos fumar...rs.
– Bom, pelo visto este aqui você não fuma.
– Não costumo, mas vou aceitar um.
- João Marcelo. Prazer.
- Dani...
– Poderíamos ir ali tentar sentar em algum lugar.
– Não dá, estou com umas amigas perto da grade fora do bar, por que não se junta a gente?
– Prefiro não, “as coisas nunca saem como se espera, já deveria saber disso, eu já sei disso, mas temo e teimo em não fazer planos tão pouco argumentos de subterfúgio”, mas podemos terminar este cigarro por aqui.
– Claro que podemos, por que não?
– não sei, caberia a você responder a esta minha pergunta
– rs... talvez seja melhor eu não responder nada, posso me complicar
– Mas são justamente destas complicações que surgem as soluções para os nossos problemas...rs.
– Me desculpe querido, mas eu já estou boa com o pouco que tenho.
– Isso porque nunca lhe deram tudo aquilo que você mereça, já parou pra pensar que talvez buscamos nos acostumar com o pouco que temos, pra não nos decepcionarmos muito com nós mesmos nem com nossas ambições?
– Talvez, mas como explicar aqueles que não se cansam de pensar sempre mais? – Pelo visto este nosso cigarro vai virar algumas garrafas...rs.
-Olha, está bom realmente este papo, mas eu realmente não posso, tenho que ir. Minhas amigas estão me esperando, nós vamos entrar no Carioca da Gema, por que você não vem com a gente?
- Não posso, eu realmente gostaria...Mas tenho que ir andando, já estava de saída, amanhã levanto cedo – A verdade não poderia ser dita assim, tão as caras, tinha que manter uma visão distorcida dos fatos. Não queria admitir para si, e não podia dizer a mulher, que não estava lá com saco de conhecer pessoas novas, queria idéias, caminhar com a solidão e refletir, uma foda até ia bem, mas não uma noite completa de barulhos e tumultos – Podia me dar o número do cel?
- Tsc!! To sem, fui roubada estes dias. Anota o meu MSN; red_angel@hotmail.com .
- Bem, espero que seja realmente este...rs.
- Você não tem nada a perder, só a ganhar...rs, mas eu garanto.
- Prefiro acreditar realmente...Quem sabe?
“Adorei aquela conversa inesperada, bom colocar em prática o radar socializador, se perdermos isso fodeu”. Resolveu voltar a pé resoluto que no meio do caminho conseguiria a visão máxima de sua inspiração. E realmente foi o que aconteceu, se viu totalmente inspirado, o espírito enriqueceu-se de visões, espectro e sonhos. Enquanto andava pensou em voz alta; “Ir pra casa pintar um vaso com uma maçã, ou uma mulher gostosa, bater punheta e é isso”.