segunda-feira, abril 30, 2007

Passos Febris Em Mar Bravio.


Distância de Nós Dois

A poesia me cospe a boca


Nos sentidos que me escarra a cara


as palavras trôpegas em lábios tortos fogem diante ao medo de pronunciá-las


Em movimentos tórridos de uma emoção aparente


ficando-se em versos de saudades e comoções vivas


escaldando em belezas desconhecidas de tudo e todos que habitam em nosso peito


desnudo pelo medo do cotidiano


e do pavor do dia a dia


entretanto


sempre se salva ao peito os versos mais nobres


dos poetas mais pobres


que enriquecem os espíritos dos desesperados


que não compreendem a metade de um décimo do que pulsa ao peito


e a língua úmida que deseja se calar


junto ao urro torpe e demência


afaga-se cega em vultos virtuais


criações monstruosas do próprio medo humanodo abandono e a solidão


e esta mulher de coxas lindas


de pernas lisas ao olhar


e de lábios afiados de um sorriso vivo


passa a paz que qualquer homem poderia sonhar


Mesmo sem nunca ter lhe visto


Já sinto saudades em acarinhar


todo este corpo........................................Lobato Dumond.



Tempo de gritar

As fotos já amarelaram pelo tempo ao longo da parede


Um inimigo ilusionista se torna o tempo


Muitos vão dizer que ele mata


E não muta


Que ele envelhece


Mas ele rejuvenesce os ideais


Vão afirmar com toda convicção


Arrasta a vontade e tudo pela frente


Corrói sentimentos e faz escorrer pelas mãos a areia da vida


Dirão ainda mais


Que a tristeza é a principal arma do decorrer do andamento


Não podemos corroborar com estas idéias profanas sobre o tempo


Pois só ele solidificaSerá então o principal responsável pelo amadurecimento


Pela superação e por toda magnificência da vida


Do fausto e do belo da convivência com aqueles que amamos


A transformação vem graças ao nosso principal aliado


Toda mutabilidade da vida está presente no decorrer de suas ilusões


Acoplado a seu próprio significado


Tempo
O que são os anos se não nossa própria existência


A morte é só mais uma das faces da vida, dentre tantas outras


Assim como todos os sentimentos que cercam o louco


E suas oscilações entre eles


Da afobação a timidez


Do holocausto interno a mais tenra paz


Da genialidade a estupidez completa


Da razão e a falta desesperada dela


Onde esta dará ensejo àquela


E esta dor garrida que temos que passar dará asas as nossas maiores alegrias


Adornado pelos nossos maiores feitos


naquele pulo de um penhasco sustentado pela corda


O vôo livre de um avião


Aquela conquista inesperada profissional


A paz de uma morte sofrida pela doença


O reencontro de um beijo já esquecido pela lágrima


Agora as fotos não mais amarelarão


Viverão em memórias


E a cada dia que se passa


Posso com júbilo fortalecer


Em cada sílaba


E em todas verdades


Eu te amo em silêncio


Por que se urrar ao mundo o que sinto por você


Morro


Pelo tempo que terei que gritar........................................Lobato Dumond.




O gosto de um rosto

Alguém a viu por ai?


Não agüento mais adoecer neste torpor


Por favor


Alguém a viu


Vivo a angústia de uma inevitável dor


Por favor


A madrugada invade minhas veias


Refletindo em meus olhos o espelho


E sinto as conspirações em teias


Da inquieta mente que atormenta a dor


Por favorAlguém a viu?


Não agüento mais adoecer neste torpor


Por favorAlguém a viu


Vivo a angústia de uma inevitável dor


Por favor


Lembro-me de quando você partiu


Pela porta afora


Partindo também meu seio


Confinando meus dias ao lamento de uma perda


E mesmo que todo o anseio


Que a terra há de esmagar


Eu realizo o impossível de ainda lhe ver


Ante a interminável madrugada


Meus olhos selam-se


Úmidos pelas lágrimas do seu beijo


E a compulsão me leva às ruas


E todas as mulheres agora têm


o seu gosto


Ou seu rosto
E eu choro, choro


Seguro minhas mãos trêmulas


Alguém a viu por ai?


Não agüento mais adoecer neste torpor


Por favor


Alguém a viu


Vivo a angústia de uma inevitável dor


Por favorA imaginação faz de tudo


Cria mundos


Interpreta seus jeitos


Olho com seus olhos mas não chego a ela


A multidão se forma viciada


Na amoralidade de não se amar


A paixão é fútil


Igualmente o mundo espetacular


E fantasioso


Quimera inútil


Alguém a viu?


Não agüento mais adoecer neste torpor


Por favor


Alguém a viu


Vivo a angústia de uma inevitável dor


Por favor


Por favor... Por amor a Deus........................................Lobato Dumond.



Heroína

O caminho nem sempre é certo quanto parece


basta saber não só aquilo que gostamos


mas também todas as coisas que nos busca, procura ou tortura pela falta


não satisfaz a vã filosofias


e a poesia é escarrada em provérbios


de pecados e alegrias perdidas nos lábios


de uma tristeza sem sentido


tão quanto sem significado


A força reside de todos os dias nos redescobrirmos


como humano


como espírito e como alma


para sempre continuarmos em nossos caminhos


em nossos poços de esperanças que teimam em não se secarem.
Cingidos por amores perdidos e ganhos ao longo da estrada


tortuosa imaginação perdida em sussurros silenciosos que nos dizem tudo


e mesmo assim esperamos sempre mais


mais daqueles que nos cercam


e mais daqueles que nos habitam em todas as formas variadas de sentimentos


enquanto meus frágeis dedos se esforçam a continuar a apontar um caminho


sigo cego


meus passos febris


nestes devaneios aumentamos a perspectiva de nosso universo


e as mãos que se fecham em punhos cerrados


são estendidas em versos em outra face


e algumas até camufladas em luvas de hipocrisia


outros, porém


matem-se irredutíveis e inabaláveis


nem as maiores intempestivas tempestades


farão descer de sua inabalável postura heróica


e nisto consiste toda minha paixão


por que te afirmo


que mesmo que me abandone


eu jamais lhe abandonarei.........................Lobato Dumond.





Espaço de um todo

O ciclo de luzes Espalhado em pontos no universo


Traduz nossas impróprias aspirações


Tão distantes


Jogado ao infinito azul escuro beirando ao negro


Untando emoções intensas


Quase insanas


Que movem o essencial do ser


O equilíbrio de si


Em si


O conjunto em movimentos voraz


Intragável pela sua própria essência


Dança pelo espaço em sua própria harmonia


E progressivamente vem crescendo


Evoluindo em aquarelas de encanto


nos quadros de gênios incompreendidos


E em ritos de uma religião esquecida pela história


Junto ao grito que se faz mudo


Opaco em sua própria surdez


Dilacera espíritos em pedaços cânticos de músicas


Tentando simplificar meu coração


Horas vazio pela dor
Seu âmago ferido pelo passado


Que se faz lembrar no presente instável e incerto


E tempos findos em outros


Transbordando sangue de tanto que lhe batem


E de todo este movimento


IninterruptoVoraz e fugaz


Fica preciso a pausa momentânea


Porém violenta


Fazendo a inércia existir no corpo


Acrescentando nesses segundos aglomerados um passado


regado a um amor incondicional


E parado olhando em meus poros de alegria


Vejo desenvolver você dentro de minha alma


Sua imagem sempre nítida


presente a minha pessoa


Como tudo aquilo que é parte de um todo


O todo também se finca à parte que lhe concluí


E assim se completa minha paz


junto ao calvário


Sem a sua presença sinto que me falta uma parte do meu todo


E justo minha melhor parte


Te amo...............................................................Lobato Dumond.



FlaFla

O glamour de uma noite de futebol


o fervor da torcida


Emanando dos poros de paixões inexplicáveis


O sangue rubro que arde aos olhos negros


jubilo de uma incessante em uma dor agonizante


um amor resguardada pela lágrima da derrota


Amparada pela mesma lágrima da vitória


As vozes ensurdecedoras


aturdindo os sentidos sem sentido algum


o urro de combate nas arquibancadas


sufocado pelo tremular de bandeiras


O sangue rubro que arde aos olhos negros


que no choro é moradia do alívio


o coração que rega o corpo


em um rufar rítmico e frenético


deixando seco o oceano de pensamentos


no momento em q o gol se perpetua


nasce em dois segundos de silêncio e expectativa


o uivo torrencial de um exército


unidos por alguns segundos em um mesmo comum


GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL!!!!......................................Lobato Dumond.


O sangue rubro que arde aos olhos negros.


Palafitas Torrenciais.

Às vezes à vontade de viver


mistura-se à pretensão de estar morto.


Caducando sobre os pés da insanidade


corremos estimulados pelas drogas,


as legais empurradas pela realidade,


e diante das sombras,


todas ilegais


injetamos em nossas veias


em doses homeopáticas de esperança,


aumentando nossos pecados


um refúgio de nossa realidade mesquinha.


A janela iluminada pelo sol


escalda imaculada os desejos obscuros.


Esperamos a salvação divina,


ou a de um herói perdido em seu próprio sonho.


Inundados pelo prazer efêmero


tentamos esconder a lágrimaque tão facilmente escorre pela tez


haurindo em goles largos amargos


as favelas de nossa própria existência.




Bate Mas Não Sente.

O tempo nos engole a todos


todos os dias


vivemos esbarrando na relva do desespero


aparadas pelo amparar de ombro


muitas vezes desconhecido


uma estranha


uma possível puta


as lembranças são inevitáveis


e esquecer tão mais, se não muito mais eficaz


fugaz é o amor


as labaredas do sexo resvalam no momento


um estranho, um possível jogo


a inevitável dor é o próprio tempo


a própria lembrança


ordenada junto ao esquecimento


é o estranho


é a puta


é o desespero de um coração frio...........................Lobato Dumond






Navio de Papel.


Nem sempre vejo aquilo que me envolve


Das profanas e sórdidas emoções


Consigo sentir todo o pouco que aflige


Deixo-me levar em insignificantes pensamentos


Que atormentam grandes poetas


Que enlouquecem os maiores gênios


Não sei as respostas de nada


Só sei as perguntas de um tudo


O amor vive longe e na lembrança


Esperava ver melhor,


Sentir muito mais


Todavia me perdi em um mar bravio


As auguras em ondas torrenciais


Derrubam meu frágil navio de papel


Choro amarguradamente em um desespero


Para esmorecer meu sorriso


E na mesma intensidade gargalhar para as mazelas da incerteza


Amo sem ser amado


Sou amado sem amar


O sexo às vezes tem o gosto de ausência


Tento esquecer para poder me dar


Os escarcéus vagos em minha mente


Sempre ecoam em profunda melancolia


Refugio-me em minhas lembranças


Fazendo uma guerra de precariedade insegurança


Assim nado para o fundo,


Bem fundo


De onde não poderão me resgatar


Tampouco me verão pequeno em meus sonhos


Cobiço a solidão em minhas vozes


Anseio ouvir apenas aquilo que eu possa me dizer


Para quando eu puder voltar


E se um dia meu domínio regressar


Olhar bem em seus semblantes


Na essência de sua retina


E lhe brindar com toda a segurança


Que você busca um dia encontrar em si mesmo.Lobato Dumond.