quarta-feira, dezembro 06, 2006

A Noviça Rebelde.


Certo dia estava de saco cheio em casa em plena segunda-feira, precisava sacolejar um pouco, se é que me entendem. Não tinha nada de drogas em casa, uma maré baixa baixou no Rio e eu não consegui comprar porra nenhuma. Fui no meu armário e vi umas três garrafas de vinho, lembrei de uns filmes babacas em que o protagonista mesmo sozinho faz questão de beber em uma taça. Foda-se! Peguei o saca rolha e comecei a puxar com força a tampa, o que a fez partir ao meio, ficando uma parte entalada na boca da garrafa. Peguei um garfo e com a parte de trás dele empurrei o restante pra dentro; pronto, comecei a lançar no gargalo mesmo, tudo de uma vez só, em largos goles, além de fundos. O ambiente me pareceu soturno, sozinho e despreocupado com qualquer perspectiva, liguei um som pra tentar ouvir alguma música em meu novo estado de espírito. O som era gostoso, uma harmonia lenta, um pouco melancólico admito, mas nada melhor do que a realidade pra nos sacolejar mesmo. As necessidades começaram a exalar, brotavam em minha mente forçosamente, não me dando escolha à não ser segui-las inconscientemente. Sempre que me encontro neste estado, não sei concretamente o que me move no mundo, são tantos valores descentes que temos que seguir verdadeiramente, alguns tão contraditórios, que prefiro esquecê-los e seguir em frente vorazmente; a fome de viver. Terminei a garrafa em questão de minutos, fui ao armário e abri outra, contudo parei nos primeiros goles. Se continuasse neste ritmo não sobraria muito de mim, e eu precisava ainda de mais. De súbito me senti invencível, nada me tragaria neste mundo, meu coração era uma pedra. Preciso de uma puta e agora. O que é preferível? Pagar uns cinqüenta reais em uma boate fodida a esta hora da noite, correndo o risco de não comer ninguém, ou tentar a sorte na Atlântica por um pouco mais? Ou menos se bobear, ai depende do seu gosto. Estava um pouco ébrio na verdade. Trôpego em minhas convicções e totalmente decidido. Peguei as chaves do carro e fui pra minha sorte, o melhor que podia fazer. Ao mesmo tempo em que me senti triste, não podia deixar de me animar. Sai do prédio onde moro em Botafogo e fui dirigindo em uma rua deserta, com poucos vampiros como eu. Dizem que na madrugada acontecem mais assaltos, ainda mais com motoristas sozinhos e despreocupados como eu; To pouco me fodendo. Do jeito que as coisas caminham, um dia cedo ou tarde a violência bate a minha porta, assim como a sua. Então de que adianta ficar em casa trancafiado? Vamos às putas. Passei de carro em frente “La Cicciolina” ver se conseguia algo na porta. Algumas pessoas entrando, e outras saindo às pressas, nada de interessante na verdade. Segui em frente em busca da sorte. Comecei a passear pela famosa Avenida Atlântica de Copacabana. O movimento ali sempre fora estupendo, tem todo tipo de gente e de coisa. Algumas não chegam a ser coisa, isso me entristeceu, mas foda-se, eu quero minha puta. Estava dirigindo lentamente quando olhei uma Loira de bunda magnífica, acompanhada com umas pernas que nunca vira igual, estava apaixonado por aquele corpo, uma gostosa de marca maior. Fiquei um pouco nervoso pelo fato de não ter nada em mente para lhe dizer, o que fora logo sorvido pelo vinho que há pouco havia tomado. Parei do lado dela com a janela do carona bem em frente à rabuda. Abaixei minha janela, enquanto ela já se debruçava em meu vidro. Seu rosto era bonito também, fiquei feliz pr ter a sorte de encontrar alguém como ela, justo ali, sobretudo esta hora da madrugada, quando a maioria das putas já saiu com seus clientes:
- Oi Fofo. Está perdido por ai? – Achei estranho ela já começar a falar, achei que ia esperar eu puxar assunto. Tinha uma voz melodiosa, realmente era uma puta de nível perdida no meio da Atlântica. Sorri.
- Caralho você é gostosa mesmo, acho que quem está perdida é você, nunca vi mulher mais linda aqui em Copa.
- Não precisa mentir pra me agradar lindinho, eu sou uma puta – Ela sorriu, tinha dentes bons.
- Quem disse que estou mentindo, você é de luxo. Realmente aqui encontramos de tudo, é um circo realmente.
- E o que não falta é palhaço no picadeiro – Demos uma gargalhada. Juntos. Sua cabeça já estava toda dentro do meu carro. Vi um crucifixo pendurado em seu pescoço, bem minúsculo. Estava com uns brincos cintilantes, grandes em suas orelhas em forma de círculos, com um top cor de rosa e uma mini saia bem justa em sua bunda estonteante...Meu Deus que bunda, era divina. Logo fantasiei. Queria dar uma gastada nela.
- Você é realmente bem espertinha, além de gostosa. Deixa-me sentir esta sua boca – Com violência agarrei-a pelos cabelos e chupei a sua língua, foi um beijo bom, apesar de agressivo. O vinho falava ainda por mim. Queria ver aquela bunda neste minuto, então acabei inventando algum subterfúgio para tal – Hum, você beija com vontade, gosto disso. Mas como vou saber que você não é um travesti? – Claro que pelo beijo sabemos quando é, ou não, um traveco, entretanto a maioria das pessoas não sabe disso, e pelo visto ela também não, apesar de puta. Ela sorriu descaradamente, achou engraçada minha reação e suspeitou, acontece que ela devia estar gostando mesmo do jogo.
- Olhe bem lindinho – Ela foi até atrás de um carro estacionado em uma das inúmeras vagas da imensa avenida e levantou bem a saia, revelando uma boceta rosa, com pentelhos loiros adornando seus lábios. Ela sabia provocar, virou-se e colocando as mãos no chão empinou e me mostrou a bunda. Que cu lindo.
- Entra! – Alguma coisa explodiu em minha mente àquela hora, despertando mil fantasias e eu iria realizá-las com esta mulher. Já sabia até o que iria fazer, me senti psicótico. A Loira entrou depressa no meu automóvel e saímos de volta ao meu apartamento.
- Você tá rondando muito tempo por ali? Eu tinha acabado de chegar e você apareceu – Perguntou.
- Nem tanto, eu também tinha acabado de chegar na Atlântica quando lhe vi. Com uma bunda destas é impossível não notar.
- Que engraçado...Chegamos juntos e vamos embora juntos. Acredita no destino?
- Porra nenhuma meu anjo. Já lhe disseram que você parece um anjo – Indaguei rindo.
- Eu acredito em destino, sempre acontecem coisas que ligam as pessoas. Deus está lá em cima e olha tudo.
- Claro, na certa olha tudo e ri de todos ao mesmo tempo em que chora.
- Você é estranho.
- E você é gostosa, com todo o respeito – Não queria perder o sorriso, estava adorando aquilo tudo.
Ao chegarmos em casa, voltei a beber o vinho e ofereci um pouco a ela. A loira pegou um copo qualquer de requeijão em cima da mesa e bebeu. Não queria perder tempo e fui pegar uma das fantasias da minha ex-namorada, àquela vaca. Entreguei a roupa para a loirinha e mandei se trocar, falei seco e sem qualquer tipo de constrangimento; fora uma ordem sem sombra de dúvida. Com a porta do banheiro encostada vejo algum movimento lá dentro, queria ver o que ela achou da roupa e fui espioná-la. Por entre a nesga da porta comecei a observar, alimentar o meu voyeurismo. Ela puxa um vidrinho com um pó e dá dois tecos. Espero que não surte aqui no meu apartamento, se não vou ter que lhe dá um coladão e não gosto de bater em mulheres. Ela termina de vestir a fantasia no banheiro, enquanto rapidamente me dirijo para a sala, me senti um imbecil. A Loira chega um pouco tímida a minha frente, com olhar um pouco assustada, evasivos e interrogativos. Ela parecia uma santa, a roupa lhe vestiu bem e certinha. Trajava agora um hábito de freira, em todos os detalhes possíveis. A cruz pendente no pescoço, sua cabeça envolvida por um pano negro escorrido, e a parte branca por de baixo desta. Estava linda, estonteante, e tão logo fui mortificado por sua beleza, um sorriso forte e vistoso amadureceu em meu rosto. Ela retribuiu em um gesto sensual, colocando atrás das orelhas o pano negro da cabeça. Tive uma ereção.
- Vem cá e chupa minha pica agora, Loira gostosa! – Botei meu pau duro pra fora e comecei uma leve punheta.
- Nossa que pirocão – Ela se ajoelhou e ficou parada olhando um pouco o meu caralho, havia gostado dele. Percebi.
- Ajoelhou? Agora reza – Com fome ela começou uma felação incrível, chupava bem úmida a cabeça do meu pau, passava a língua provocando e depois abocanhava tudo até o talo, num vai e vem frenético. Senti a garganta diversas vezes. Era uma reza pra ninguém botar defeito. Tirei logo toda a roupa e a coloquei pra chupar de novo, a porra escorria pelo canto da boca, misturando muco e baba, de modo que eu ainda pude alcançar o vinho e dar mais uns tragos. Derramei um pouco de vinho em seu rosto e lembrei do sangue de cristo, comecei a dar umas pirocadas na cara da minha freirinha. Ela estava linda naquele hábito de freira, com os olhos claros tingidos pelo erotismo, e novinha na idade da perdição. Enquanto mamava com avidez, olhava diretamente nos meus olhos, gemendo baixinho pra não ser ouvida em seu delírio. Agarrei seus cabelos e a fiz chupar mais forte, meu pau explodia. Minha alma era uma máquina de sexo.
- Ai que delícia de chupada...
- Seu caralho é muito bom...- Ela se interrompeu e percebi que ela não sabia como me chamar. Eu sorri pra ela e disse:
- Senhor!
- Seu caralho é muito bom meu Senhor.
- E você tem uma senhora chupada... Minha vez agora – Não quis nem saber de nada. Deitei-a na cama e levantando o hábito, mergulhei com a boca toda aberta em sua boceta, rosa de pentelhos loiros. Era incrivelmente perfumada. Segurei as pernas dela abertas pra cima, e a fenda da boceta se abriu ainda mais, linguava fundo e molhado, cuspia e sugava todo o cuspe. A Loira fazia eu perder meu ar. Adorava o gosto dela nas minhas amígdalas, adocicado e com um leve sabor salgado no final. Minhas mãos iam de encontro aos seios por debaixo do manto; não queria tirá-lo, sendo que ela percebeu isso, fazia todos os movimentos singelos e sensuais, porém sem deixar o hábito escapar.
- Meu Senhor, põe este caralhão na minha cara! – Ela não conseguiu se conter de tesão, estava delirando em meu fetiche. Estávamos em um meia nove absurdo, ela ficou deitada de costas na cama, enquanto eu ia por cima. A loira começou a me dedar o rabo, no mesmo tempo em que me chupava o pau, me deixou ainda mais excitado, foi quando mordi seu clitóris. O incrível é que ela gostou disso, urrou de dor e prazer, passando a chupar mais forte. Tirei meu pau de sua boca, o liquido seminal fez uma linha de baba untada a boca, enquanto o pau ia se distanciando. Fiquei de quatro e olhando pra ela ordenei:
- Agora você vai chupar meu cu – Ela me olhou um pouco chocada, ficou a me fintar um pouco. Eu estava bêbado demais pra qualquer tipo de constrangimento. Liguei o foda-se, não vejo nada de mais nisso, ainda por cima depois de tudo que já fizemos. De repente os olhos de vergonha em que ela se aprisionou fora liberto por uma devassa curiosidade. A Loira agora se fixava em meu rabo, franziu as sobrancelhas com um tesão inesperado, começou a se masturbar observando meu cu. Deu uma cusparada e abriu as nádegas com as duas mãos, ajeitou o manto negro na cabeça, e voltou a abrir a bunda. Olhava com vontade agora, dando um chupão de língua no rabo em seguida. Isso a animou de verdade, passava as unhas pela bunda, chegando a morder as bochechas das nádegas. Ela ficou um tempo neste vai e vem com a língua alucinante. Levanto e a pego pelos braços, deito-a de costas no chão, coloco um travesseiro fino retangular de dormir no chão e apoio nele a cabeça dela, venho por cima, virado em direção aos pés da Loirinha, me agacho na posição de cócoras e encaixo o cu na boca da minha freira. O relaxamento do cu nessa posição ficou tão absurdo, que me senti totalmente relaxado, ela alcançou profundidades admiráveis com a língua e comecei a gemer, urrar como um animal. Caralho! Fiquei totalmente louco de tesão, enfiei um dedo na sua boceta e ela estava encharcada, chegava a escoar. No chão mesmo a agarrei com força, fui até um pouco violento na verdade, estava ligado ao máximo, e ela ligada pelos tecos que deu antes da foda. Posicionei-a de quatro, levantando o hábito deixando a bunda de fora. Não sei como mas ainda lembrei de colocar uma camisinha, infelizmente:
- Hoje eu só quero o cu minha Freirinha! – Disse em um regozijo profundo, resfolegando a cada palavra.
- Sim meu senhor! Mete logo em mim essa pica! – Encaixei sem ela esperar, de susto ela mordeu os lábios com força e gemeu baixo com os olhos semi cerrados. Comecei a meter com uma força abissal, ouviam-se os estalos do meu quadril explodindo em sua bunda do corredor. Senti a camisinha rasgar e meu pau conheceu a carne de seu rego. Foda-se! Quero continuar metendo! Foda-se! Meti a mão na boceta e ela começou a gritar e gozar como a puta que é, ao mesmo tempo em que eu gozava junto com ela. Ficamos gritando e gozando juntos alguns minutos, o que nos pareceu uma eternidade. Após o término ela continuou desfalecida e deitada com o hábito deixando mostrar apenas sua bunda escultural e toda gozada. Olhei pra ela ao chão e não senti merda alguma, meu coração realmente virou uma lasca de pedra. Tive pena dela, não pude imaginar nem um terço do que ela possa ter sentido. Mas fiquei satisfeito comigo mesmo, o que foi pior. Acabei lembrando que não havia combinado preço algum, puxei cem reais da carteira e entreguei a ela. Lembrei de dar mais vinte pro táxi. A Loirinha retorna ao banheiro e se lava meio confusa ainda. Volta pronta para partir, apenas diz:
- Eu quase nunca vou pra Copa, trabalho na quatro por quatro na verdade, mas gostei de você, foi surpreendente. Você quer meu telefone? – Escarneceu um pouco tímida.
- Claro que sim. Vou chamar um táxi pra você... Toma leva a roupa junto, lhe caiu muito bem. Semana que vem vou te ligar e quero que você venha com ela de novo, mas traz um crucifixo maior que este ai – Disse meio sem pensar. Ela me entrega um cartão com seu número. Além de puta era advogada, o que é quase a mesma coisa.
- Claro meu Senhor – Ela saiu às pressas enquanto eu ligava para um táxi local. Feliz da vida voltei a beber o resto da minha garrafa de vinho, pensando em como explicar o meu atraso no escritório amanhã cedo. E que Deus nos ajude.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Larica.


Querem dilacerar seus sonhos mais mesquinhos, e mesmo que o moinho seja tombado, hão de inventar uma máquina que lhe prenda a realidade cruel de uma criança que perdeu a arte de fantasiar. De que adianta viver sem a prazerosa arte das quimeras. De que adianta experimentar o que querem que experimentem? Vamos fumar todas as maneiras possíveis e inimaginárias de se superar, mesmo que seja apenas em nossos corações. E quanto mais imaginamos nosso crescimento estupendo, mais se aumenta à fome arrebatadora de todo nosso inconformismo. As mãos que forçam a entrada de uma porta trancada, tentam convulsivamente, ao mesmo tempo em que inutilmente, destrancá-la e espionar as seqüelas de um mundo doente. Não devemos forçar portas, tão pouco abrir a nova caixa de pandora habitada no computador. Trabalho é a palavra da existência humana, mesmo que sem sentido e escravizado. Devemos estar conscientes de que temos que abandonar nossas maiores aspirações para nos adequarmos ao materialismo que nos cercam, ao consumo que nos oprimem. As pessoas podem se sentir umas merdas por diferentes porras; pela sua classe social, pela sua condição física, pelo próprio capital, mas às vezes elas se sentem oprimidas pelo simples fato da outra pessoa existir. Tem puta medo do pensamento do estúpido semelhante a sua volta. De seu irmão como chama a igreja católica. Faz de tudo para não ser repudiado de um meio, mesmo que aquele meio não seja sua verdadeira pessoa. É insuportável perceber que somos tão semelhantes em nossa estupidez! Enquanto tragamos a vida trôpega em uma realidade avarenta, não usamos mais as quimeras pra crescermos, apenas como fuga da realidade, a inspiração não se torna mais uma aspiração, apenas uma dor aguda amarga no peito a ser desmembrada, desgarrada e abandonada por uma necessidade que não seja sua, e sim daquele irmão, ou nem mesmo deste puto. Quantas pessoas fogem atrás de máscaras escrotas em meios virtuais? Não que devamos parar de se colocar em lugar de terceiros, de se imaginar em outras épocas, mas a fantasia não deve parar apenas como fuga, e sim como algo a se concretizar. A verdade é que está na hora de usufruirmos a igualdade tão latente dita em todas as igrejas do mundo, em todas as formas de se chegar ao divino. Porque cu todo mundo tem. Vou cagar; cagar é divino.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Réquiem De Uma Flauta.


Com o queixo ligeiramente erguido, com as pupilas entrecerradas e a fisionomia de esforço, apesar da leveza e calma de aparência que ostentava, dedilhava com ardor as inefáveis notas de sua flauta doce. Deixava os graves e agudos soando com tamanha paixão para um público igualmente apaixonado; que sentidos poderíamos dar para sons que quando escutados, levantam as mais contraditórias da lógica das emoções? Seus movimentos tinham o tempo de um sonho, vagarosos, seguidos por abruptos solavancos de seu corpo todo, hipnotizando assim os olhos ao seu redor. Não tardou a entrar o baixo de toda música, carregada de uma alegre melancolia, anarquizando toda felicidade existente em uma solitária gota de lágrima. A luz que emana de certos fatos, e fotos, prende totalmente a atenção de todo o reboliço ao seu redor, ainda mais com o coro ordenando toda a melodia a sua volta, deixando mais nítido todo contraditório. O violoncelo tragou em um só suspiro a imaginação mais abominável ao medo. Não era a tristeza que a música queria passar ao público, apesar de alguns se sentirem assim. A alegria também devia estar ali, contudo poucos a viram. O inexplicável era o mais aceitável; as dúvidas eram o verdadeiro foco. Ninguém se atreveu a dizer uma palavra, as respostas vinham não de palavras, e sim apenas de estrondos, sons, o rugido de uma orquestra em seu ápice. O homem que tocava a flauta estava no centro de tudo, da música e da platéia, assim como o resto da orquestra. Sentia-se o próprio maestro das conseqüências. A volúpia e o regozijo de poder estar ali, o fez tremer, mas não hesitar. Novas pessoas se juntavam da rua, chamados pelo coro que urrava do Teatro. Algumas mães, que voltavam com seus filhos para casa, não resistiram a tanta ostentação sonora e detiveram-se na porta, esticando os pescoços. E o Flautista aparentando cair, dá pequenos passos em direção ao público. Este homem sempre sonhara com este dia. Poder lotar todo um lugar, com tantas emoções contíguas a lembranças. De repente tudo se silencia, o teatro se calou, a música havia se calado, para no segundo seguinte, aplausos, uivos e explosões de ânimos ovacionando o Flautista. Este desceu de sua caixa de fera que o sustentava e olhou ao redor. A praça realmente havia enchido de pessoas, todavia não era um teatro, tão pouco um palácio, e sim uma praça; Cinelândia. O Flautista estende uma sacola e começou a recolher uns trocados, de olhos estendidos, os mesmos que contemplavam o céu. Depois de recolher o que pôde saiu de fininho na direção da praça seguinte, levando seu caixote de fera. Impressionante a capacidade de abstração junto à criação do imaginário. A música é a explicação de todo silêncio que nos cerca perante as dúvidas mais engenhosas, e que nos acompanha sempre que nos vemos sozinhos, ou chorando no júbilo ou na amargura.

sábado, dezembro 02, 2006

Mitos Urbanos.


Não sei por onde anda minha vontade, fora enganada e transviada pelas mentiras circunstanciais de um momento triste. Não sei se voltarei desta minha subversão de sentidos, quantos mais afundamos, mais somos alimentados pela voragem de um coração perdido em seus tormentos. Não sei quem sou neste mundo superficial, todos procurando agradar gostos alheios, esquecendo de sua real verdade, o real anseio que lhe adorna seu senso crítico. Talvez realmente eu não saiba muita coisa; de mim tão pouco quanto os que me cercam, além de outros que me julgam. Só posso dizer que a revolução vive em mim, as mudanças de vontades, as relativizações do meu ser são tão intensas, podendo ser; ácido ou êxtase, maconha ou haxixe, heroína ou coca, ópio ou cogumelos, e tudo isso ao mesmo tempo e agora. Não se acanhe ao achar que tudo não passou de um sonho, claro também um maldito pesadelo, ficando pendente apenas o ponto de vista, do horizonte ou a vertical. Mas deixemos de lado os pragmatismos inflamados em nossos parâmetros pessoais, o que nitidamente tentam ser infiltratados, implementados em um senso comum que poucos repudiam, e quando o fazem, são estuprados e execrados, muitas vezes com chantagens sociais absurdas. Então; revolucione-se e foda-se.