segunda-feira, outubro 16, 2006

O Pé De Chinelo.


Fui em um casamento este findesemana, no sábado especificamente, foi legal, mas nada demais, o legal fica por conta de sempre ser bom encontrar os familiares e observá-los bêbado fazendo merda pelos cantos, mas não foram tantas merdas, poderia até ressaltar que o povo em si estava meio desanimado. Ou eu que me rendi à melancolia, apenas um velho hábito. Quando estava me arrumando para irmos a igreja, todos de ternos e sapatos, vesti uma calça de linho verde, uma camisa xadrez verde e marrom, e resolvi ir com umas havaianas branca, o que achei bem elegante, modéstia à parte. Acontece que todos acharam um absurdo, eu realmente não entendi o porquê, e insistiram pra eu colocar um sapato, até me torrarem o saco. Acontece que não havia levado um, então peguei emprestado um sapato de camurça marrom com meu tio, e então fomos para o casório. Como sempre o mesmo discurso escroto dos padres, citando Adão e Eva e suas malditas costelas de barro, o que eu diria costelas de Merda. Não agüentei muito aquele papo e cinco minutos de casamento sai com meu sobrinho de 6 anos para brincar com ele na praça, o que foi bem mais divertido. Ficamos ali conversando e arremessando objetos ao longe, e rindo do simples fato do tempo passar. O lugar era lindo, estranho eu ainda não o descrever. Foi lá em Volta Redonda, e a igreja ficava no topo da cidade, dava pra ver muita coisa de lá, mas não toda. A vista era verdadeiramente linda, e ao lado da igreja, depois de um pequeno penhasco, tinha um rio, e em seguida do rio, um clube, com piscinas e campos de esportes. O caminho que se fazia até a igreja era cheio de palmeiras enormes, e é comum na cidade o casal irem até atrás das palmeiras pra namorar, foderem na verdade, e quando estava ali com o meu sobrinho, ele foi até o canto do declive pegar uma pedra e de repente voltou correndo, com a fisionomia um pouco abismada, não resisti a curiosidade e fui verificar o que o lhe arrebatara de susto. Quando me aproximei até a palmeiras observei dois homens se pegando, dei uma risada me retirando junto com o sobrinho dali; “Caralho, vamos sair desta merda Guri”. O tempo passou fugaz, e junto os pensamentos que afluíam em minha mente, várias coisas me ocorreram, e além de questionar massivamente a instituição cínica do casamento na igreja, e junto o tédio da celebração, por muitas vezes faltarem muito do sentimento e dos aspectos que unem realmente uma pessoa a outra, o respeito, a lealdade contígua a verdade, fiquei me imaginando casando com alguém, e o que me levaria a me unir a uma pessoa e a festa que faria para tal unificação. Não na igreja, jamais. Não acredito em sua história, além de ser um puta saco pros meus familiares e amigos. Juntar com alguém é extremamente pessoal, implica na união entre duas pessoas, e suas intimidades, valores, paixões e uma convivência sem pudores. Lealdade é o segredo. Mas estas importâncias se perderam em outros sentidos e significados. O individual e o sexo sem compromissos vivem extremamente fortes na sociedade moderna. Acontece que me ocorreu uma forte cena de um possível casamento meu. Colocaria todos em um clube aberto, gostaria de colocar muitos ambientes na própria casa de festas, o maior possível, e apesar de ser contra a minha própria natureza, de ser inibido, com uma forte timidez, e não gostar de olhares a minha pessoa, armaria um enorme palco, no centro do estabelecimento, onde haveria uma televisão e um computador. E após um longo discurso, ao qual diria; “Pelos poderes a mim concedidos por alcançar uma sanidade tragável por devaneios, sorvida pela imaginação e alimentada somente por quimeras e paixões, escolho devotar em todos os sentidos, a tornar mais feliz esta louca pessoa que aqui está. A lealdade é a resposta de um mistério. O amor é um diálogo entre olhares e sussurros.”. Talvez diria mais, talvez diria menos. O certo é que depois de tais palavras, com marretas e repleto de fúria, destruiríamos o computador e em seguida a televisão. Símbolos da nova igreja de uma sociedade moderna de consumo. Seria legal se depois disso fodêssemos no palco ao invés de um simples beijo, contudo acho que seria um pouco de mais, basta um chupão bem devasso e prolongado de língua. Quando me vi, já estava na festa. Bebi alguns drinks e lá por volta de meia noite sai com meu irmão e meu primo para fumarmos uma maconha, aí sim foi interessante, pegamos o carro e voltamos para deslumbrar um pouco mais a vista de cima da cidade. Não conversei muito com os dois que estavam ali, não que eles não estivessem lá, entretanto a verdade, é que eu não estava. Eles conversavam sobre os morros do Rio de Janeiro e suas melhores bocas de fumo, aonde tem o melhor pó, de onde se consegue o melhor Haxixe. Eu queria mais, queria respostas aos meus sentimentos naquele instante, e ficava perdido ali em minhas vozes. Quando voltamos para a festa, decidi não fazer muito. Não quis dançar, pretendia apenas ficar com a maconha em meu sangue me levando aos abstratos daquela pintura pitoresca de fim de festa de casamento. De manhã pegamos a estrada. O tempo voou e já estava escrevendo. Sim, talvez seja apenas isso; os pensamentos que se perdem em palavras no tempo.

Um comentário:

Eduardo Forzan disse...

E ae garoto!

cara tu me mandou um scarp a um tempo, e só agora fui ver teu blog.

Muito bom, gostei das
"malditas costelas de barro"

Só uma coisinha
(Sempre tem o chato né)

Seus Pots são muito grandes,
É difícil alguém ler textos longos na frente do PC.

Ah! Passa lá no meu Blog,
Não é tão inteligente quanto o seu,
Mas é de coração...hehe

http://oseduardos.blogspot.com/