terça-feira, outubro 31, 2006

A Viagem.


A planície deserta trazia um horizonte promissor. Apenas as pastagens agudas, em seu verde mais vivo, eram vistas a olho nu naquela bela paisagem. Diante de tanta suntuosidade, fazendo lacrimejar os olhos virgens de tristeza, fitava em seus pensamentos o porquê daqueles malditos "sentir", uma mulher de fibra e gana que sempre forjou de sua vida, a luta por um bom senso comum. Sim, ela pensava em viajar...Seus olhos cravavam o ar buscando alguma ponderação aparente sobre os aspectos que afligiam suas idéias aquele momento tão magnífico, não chegando a conclusão aparente das esquinas de suas inquietações; a margem de uma idéia é onde desencadeia todo o mar de um; por que? Vendo que nada havia de afastar a imagem louca de paixão que a perturbara, decidiu não mais se mover ante a maré. Desligou tudo a sua volta, as máquinas, as janelas, as visões, até mesmo as incertezas de seu próximo passo. Ficou ao escuro com sua imaginação que nunca adormecera.“...Minha vida anda trazendo enormes vícios de regras em que nada me dizem, vivo premeditadamente aos pés de uma mesa rica em comidas, queria poder levar para longe todas estas estúpidas idéias, quero foder em paz porra, e não me deixam. Acho que estou deixando passar momentos realmente significantes para mim, e que nunca voltarei, eu sei disso. Mas e o pragmatismo? As regras que custei tanto a aprender? As responsabilidades? Foi tudo tão difícil e vou jogar tudo para o mar de inquietações como uma adolescente? Seria este o correto? Ou nossas verdadeiras responsabilidades são em dar respaldo aos nossos verdadeiros sentimentos desde que não tragam prejuízos a ninguém. Acho que estou vivendo paralelamente com a reta de meu próprio ser, e antes uma parábola, com retornos proporcionais, a paralela, onde nunca se cruzará com as minhas verdadeiras paixões. Antes até mesmo a tangente e sua reta...”. Seus pensamentos fugiram por um segundo de suas metas para dar lugar a um inusitado acontecimento, enquanto sentia a treva em seus sentidos, sentiu também em sua face o resvalar de um cabelo caindo em sua tez. Não sabia bem o que realmente era, ou de quem era. Ao perceber que o que caía era a sua própria penugem começou a tentar segurá-lo. Com as mãos em algazarras tentava inutilmente prender o cabelo da maneira que queria, correndo até o banheiro ascendeu a luz e se olhou no espelho. Ficou a fitar suas olheiras profundas que saltavam aos olhos logo que vislumbrassem sua face, e lacrimejando olhou para os seus longos dedos fortes retraindo-se involuntariamente, assim como emagreciam perdendo seu aspecto vivaz. A pele que jovial sempre adornara sua beleza de maneira tão crepuscular, esvaía-se pungente e fugaz, parecia apodrecer e murchar. A jovialidade a abandonava em velocidade absurda, suas forças arqueavam em todos os significados, queria apenas voltar para sua treva de reflexão, ou a um mundo dos sonhos, onde talvez chorar serviria de algo. De repente, não mais que de repente, levanta-se violentamente do chão. Com a cara amassada e os olhos latejantes de pavor, esfrega-os de forma desordenada e, percebendo que se encontrava na sala novamente, corre para o espelho do banheiro. Olhando de novo a sua beleza, tão magnífica, tão jovial, onde faltariam poetas a descrevê-la, encheu-se de satisfação suspirando apaixonadamente pela vida. Voltou para a sala e pegou seu celular em sua bolsa. Discou um número – Oi? Amor? Compra minha passagem, eu vou com você!

segunda-feira, outubro 30, 2006

Utopia.




Separadas por uma ponte de ideais, não muito longa, duas figuras conhecidas por coragem de alguns povos harmônicos, contemplam-se ao longo dos tempos; a Revolução e a Liberdade. Fatigadas de se encararem, junto a monotonia da submissão humana, a Liberdade e a Revolução caminham até o meio da ponte para guerrearem sobre as idéias de cada um:
Liber- boa vida heim Revolução. Como vem vindo?
Revo- boa vida? Fui submersa pela poeira do tempo, minhas juntas estão a estalar e corroídas. Não agüento mais ficar parada, ninguém mais tem coragem de declarar poesias verdadeiras e sangrentas em seu nome, assim eu nunca vou gritar.
Liber- Que é isso? Não acho que as pessoas para chegar onde estou, tem que passar por você. Um povo só precisa de bom senso e preservar acima de tudo o amor mútuo.
Revo- Isso seria possível se o homem não tivesse perdido sua dignidade, solidariedade, paixão e romantismo na bolsa de valores e na preguiça do capitalismo. O homem precisa tirar suas vendas e redescobrir que a vida é muito maior do que qualquer coisa que ele criou, mas para isso alguns vão ter que padecer e perecer.
Liber- Você concorda que o sofrimento é a solução para os problemas humanos?
Revo- É inexorável. Enquanto quem estiver no poder pregar a lei do dinheiro, a luta daqueles que não tem nada, reerguerem suas vidas contra aqueles que possuem tudo é a única solução. Nós não clamamos pelo seu nome Liberdade, nós lhe conquistamos.
Liber- Talvez você tenha razão. Mas pelo menos a vida ainda lhe cerca, enquanto eu fui esquecida. Meu nome é dito hipocritamente, sem vida nas palavras, várias nações dizem que são livres, sem ao menos me conhecerem de verdade.
Revo- Você acha que eu não? Estou sentada aqui há muito tempo. Então estais comigo? A violência é a solução?
Liber- Não disse isso, ainda estou pensando; fome, medo, desgraça, morte, será mesmo a única solução? O homem e sua diplomacia não poderiam chegar a um consenso?
Revo- Poderia se ele realmente quisesse. Lutar contra todos os seus anseios de preguiça e gastar um pouco de energia com o que vale a pena, a terra e sua própria espécie, criando um modelo econômico mais justo para toda humanidade. Mas enquanto ele persistir em tecnologias fúteis, a extinção pode ser inevitável. Vale a pena lutar e sofrer.
Liber- Sofrer?
Revo- É mais fácil sofrer agora, do que aos poucos a eternidade.
Indignada a Liberdade se vira voltando ao seu covil mudando de idéia e se esquecendo logo depois, enquanto a Revolução se enche de graça triunfal.
Cada vez que as duas se encontram, um povo fica livre, por isso demora tanto a se encontrarem, fazendo com que a Liberdade se perca logo depois.

domingo, outubro 22, 2006

A Flor Da Pele.


Fazia tempo que estava sentado ali esperando a hora chegar. Mas a hora não chega. Ela sempre estivera ali. O pobre Menino é que não percebia isso. Talvez aquele garoto tenha alguma coisa de especial, por isso sempre que o viam, as bocas e olhos se desconcertavam. Entretanto era difícil notá-lo. Buscava sempre o máximo de discrição Decidiu então se mover, quebrar aquela inércia que alimentava sua preguiça. O ali então começou a se mexer, a tomar formas nítidas do que se podia realmente ter de frutífero. Levantou-se daquela difícil aula de matemática, realmente sempre fora uma negação a matéria, claro que não era a sua única negação, havia outras tantas assim como suas peculiaridades. Juntou o livro de equações, que parecia mais um caderno de desenhos, colocou-os na mochila já se afastando de sua carteira e foi andando, sem olhar pra realmente nada, apenas as imagens de sua imaginação, e estas sempre lhe dizendo para voar o mais alto possível. Estava a pensar; “... Caraca, acabei de pegar o MSN da Ana Luiza no intervalo, faz tempo que queria falar com ela, este lance de ficar na pista pra negócios é muito complicado pra mim, maldita timidez, pior uns amigos meus; Na guerra, qualquer buraco é trincheira. E eu ainda tentando bancar o romântico, se bem que...Nossa, aquela garota ta muito gostosa, ainda vem com estas saias só pra me provocar, assim não tem quem agüente. Não sei, mas eu adoro uma bunda. Acho que vou parar na banca e comprar uma daquelas revistas pornôs. Porra, mas o que o jornaleiro vai pensar de mim? Bem, fazer o que? Não importa de verdade. Se bem que sempre que passar por ali aquele cara vai me olhar achando alguma coisa. Ele de repente pode não querer me vender por me achar muito novo. Mas por que um adulto vai comprar filme pornô se eles podem ficar fodendo? Haa, Foda-se. De qualquer forma vou chegar em casa e terminar algumas estórias em quadrinhos do Metamorfose, acho que vou fazer ele cabeludo agora. Porra, tem muita bunda boa nesta escola, ainda bem que vim estudar aqui. É acho que vai ser isso, a namorada dele vai ser seqüestrada pelo Carrasco. Não melhor não. Hum...Não... É isso sim, vai ficar maneiro. Droga, ainda tinha alguns deveres de casa pra terminar, mas depois da estória eu termino, se não vou me desconcentrar. Putz...Que garota gostosa. Olha ela indo embora, fica linda assim...hehehe...Merda!! Tava me esquecendo disso. Marquei de jogar um futebolzinho com a galera da minha turma, mas acho que não vou, to meio sem saco. Quero mesmo é desenhar a tarde toda, e bater uma punheta com o meu filme novo”...Quando já cruzava os portais da escola, distraiu-se com uma flor que voava ao vento e caiu justamente em cima de seu braço, resvalando então em sua pele logo em seguida, para depois cair ao chão. Sentiu-se especial diante de tal acontecimento, sendo movido pela superstição, agachou até o chão e posteriormente uma longa examinada as pétalas daquele lindo fruto da natureza, guardou na mochila com o maior dos zelos, continuou andando em direção ao seu destino, seja lá qualquer que o seja. Por pura sorte o ônibus havia acabado de chegar. Nenhum dos seus amigos havia o acompanhado até o ponto, decidiram ficar a conversar na saída da colégio. Estava sozinho no ônibus, por conta disso ficou a lembrar das possibilidades. A visão era realmente tentadora, todos reunidos no banco, rindo e conversando as amenidades da juventude, festas futuras, comunidades no orkut, fatos e atos entre eles, deveres e chatices. Acontece que a fome e o vício pelo desenho o fizeram partir sem muito arrependimento. Estava a pouco tempo estudando em uma escola em Botafogo. Ao entrar no ônibus viu que não tinha lugar para sentar, então prostrou em pé perto da porta de saída, continuando a conversar consigo mesmo...”A Ana Luiza bem que podia me dar umas indiretas. O que será que ela quis dizer com – Se eu me acho bonito? – (dando uma forte entonação em sua mente para este Eu) – Na verdade não me acho nada, claro que não um nada, mas nenhuma certeza. Não sei, realmente não sei. Ela esta me dando mole? Não é possível! Justo eu? Não importa, vou falar com ela hoje e...Puta que pariu, mas que bunda gostosa!!!”. Não havia percebido, pois justamente ao seu lado, apesar de alguns passos ao longe, encontrava-se parada uma mulher exuberante, de rosto encantador e um nariz empinado perfeito completando suas formas suntuosas. De certo estava voltando da academia, uma vez que trajava um top, explicitando ainda mais os seus seios juntamente uma calça colada de lycra com o biquíni por cima da calça. Tais atributos fizeram explodir todos os hormônios deste pequeno jovem. O que já era ruim, ficou ainda pior...”Meu Deus. Esta mulher é muito gostosa. Gata demais. Olha só esta bunda por cima do biquíni. É um convite. Já sei o que fazer. Vou aproveitar o tumulto e passar a mão nesta bunda. É muito gostosa. Não é possível”...Acontece que as únicas pessoas em pé, era ele perto da porta de saída, um pouco mais atrás, na mesma fileira, a Mulher marombeira e bem distante deles dois na fileira oposta, encontrava-se um senhor segurando umas sacolas. O garoto em sua maior performance de uma cara de pau, podendo até se dizer mármore, se aproximou da mulher em dois passos, sem ninguém notar, e em único movimento, apertou com o máximo de vontade a bunda carnuda que ali se expunha. Abruptamente a mulher se assusta, e sem acreditar no que ocorrera, com o semblante estarrecido, falou em alto e em bom som – Garoto, você esta ficando maluco? Não esta me vendo aqui não? – E sem saber ainda o que fizera, o Jovem responde – Mas eu não fiz nada! Eu só to aqui! – E se afasta da mulher, sentando em um banco que ficou livre. Tanto a Mulher quanto o Garoto não compreendiam o que acabara de acontecer, ambos se perguntavam o que fora isso. Após uns dois pontos de ônibus, a mulher descera em algum lugar de laranjeiras, ainda meio puta com o ocorrido, enquanto o Garoto permanecia ali pensando e refletindo...”O que foi que eu fiz? Que sinistro! Quase tomei um tapa de bobeira, se bem que aquela bunda valia a pena, há valia sim...Acho que eu gosto da Ana Luiza”.

segunda-feira, outubro 16, 2006

O Pé De Chinelo.


Fui em um casamento este findesemana, no sábado especificamente, foi legal, mas nada demais, o legal fica por conta de sempre ser bom encontrar os familiares e observá-los bêbado fazendo merda pelos cantos, mas não foram tantas merdas, poderia até ressaltar que o povo em si estava meio desanimado. Ou eu que me rendi à melancolia, apenas um velho hábito. Quando estava me arrumando para irmos a igreja, todos de ternos e sapatos, vesti uma calça de linho verde, uma camisa xadrez verde e marrom, e resolvi ir com umas havaianas branca, o que achei bem elegante, modéstia à parte. Acontece que todos acharam um absurdo, eu realmente não entendi o porquê, e insistiram pra eu colocar um sapato, até me torrarem o saco. Acontece que não havia levado um, então peguei emprestado um sapato de camurça marrom com meu tio, e então fomos para o casório. Como sempre o mesmo discurso escroto dos padres, citando Adão e Eva e suas malditas costelas de barro, o que eu diria costelas de Merda. Não agüentei muito aquele papo e cinco minutos de casamento sai com meu sobrinho de 6 anos para brincar com ele na praça, o que foi bem mais divertido. Ficamos ali conversando e arremessando objetos ao longe, e rindo do simples fato do tempo passar. O lugar era lindo, estranho eu ainda não o descrever. Foi lá em Volta Redonda, e a igreja ficava no topo da cidade, dava pra ver muita coisa de lá, mas não toda. A vista era verdadeiramente linda, e ao lado da igreja, depois de um pequeno penhasco, tinha um rio, e em seguida do rio, um clube, com piscinas e campos de esportes. O caminho que se fazia até a igreja era cheio de palmeiras enormes, e é comum na cidade o casal irem até atrás das palmeiras pra namorar, foderem na verdade, e quando estava ali com o meu sobrinho, ele foi até o canto do declive pegar uma pedra e de repente voltou correndo, com a fisionomia um pouco abismada, não resisti a curiosidade e fui verificar o que o lhe arrebatara de susto. Quando me aproximei até a palmeiras observei dois homens se pegando, dei uma risada me retirando junto com o sobrinho dali; “Caralho, vamos sair desta merda Guri”. O tempo passou fugaz, e junto os pensamentos que afluíam em minha mente, várias coisas me ocorreram, e além de questionar massivamente a instituição cínica do casamento na igreja, e junto o tédio da celebração, por muitas vezes faltarem muito do sentimento e dos aspectos que unem realmente uma pessoa a outra, o respeito, a lealdade contígua a verdade, fiquei me imaginando casando com alguém, e o que me levaria a me unir a uma pessoa e a festa que faria para tal unificação. Não na igreja, jamais. Não acredito em sua história, além de ser um puta saco pros meus familiares e amigos. Juntar com alguém é extremamente pessoal, implica na união entre duas pessoas, e suas intimidades, valores, paixões e uma convivência sem pudores. Lealdade é o segredo. Mas estas importâncias se perderam em outros sentidos e significados. O individual e o sexo sem compromissos vivem extremamente fortes na sociedade moderna. Acontece que me ocorreu uma forte cena de um possível casamento meu. Colocaria todos em um clube aberto, gostaria de colocar muitos ambientes na própria casa de festas, o maior possível, e apesar de ser contra a minha própria natureza, de ser inibido, com uma forte timidez, e não gostar de olhares a minha pessoa, armaria um enorme palco, no centro do estabelecimento, onde haveria uma televisão e um computador. E após um longo discurso, ao qual diria; “Pelos poderes a mim concedidos por alcançar uma sanidade tragável por devaneios, sorvida pela imaginação e alimentada somente por quimeras e paixões, escolho devotar em todos os sentidos, a tornar mais feliz esta louca pessoa que aqui está. A lealdade é a resposta de um mistério. O amor é um diálogo entre olhares e sussurros.”. Talvez diria mais, talvez diria menos. O certo é que depois de tais palavras, com marretas e repleto de fúria, destruiríamos o computador e em seguida a televisão. Símbolos da nova igreja de uma sociedade moderna de consumo. Seria legal se depois disso fodêssemos no palco ao invés de um simples beijo, contudo acho que seria um pouco de mais, basta um chupão bem devasso e prolongado de língua. Quando me vi, já estava na festa. Bebi alguns drinks e lá por volta de meia noite sai com meu irmão e meu primo para fumarmos uma maconha, aí sim foi interessante, pegamos o carro e voltamos para deslumbrar um pouco mais a vista de cima da cidade. Não conversei muito com os dois que estavam ali, não que eles não estivessem lá, entretanto a verdade, é que eu não estava. Eles conversavam sobre os morros do Rio de Janeiro e suas melhores bocas de fumo, aonde tem o melhor pó, de onde se consegue o melhor Haxixe. Eu queria mais, queria respostas aos meus sentimentos naquele instante, e ficava perdido ali em minhas vozes. Quando voltamos para a festa, decidi não fazer muito. Não quis dançar, pretendia apenas ficar com a maconha em meu sangue me levando aos abstratos daquela pintura pitoresca de fim de festa de casamento. De manhã pegamos a estrada. O tempo voou e já estava escrevendo. Sim, talvez seja apenas isso; os pensamentos que se perdem em palavras no tempo.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Cartas De Um Náufrago.


Talvez a vida não passe de encontros e desencontros ao longo de um caminho. Alguns impulsionados pela ganância em seu navio sem rumo, onde sua vela já carcomida por todos os desejos que destroem o homem, e que fatalmente quase todos se apaixonam por eles, se vêem em ruínas em seus próprios sentimentos mesquinhos, sem ao menos olhar ao lado o seu semelhante que se encontra em um mesmo labirinto sem respostas e na mesma dor, se não mais e mais. Outros navegam apenas ao lado de um espelho refletindo apenas mentiras e mérito de um narcisismo respaldado na sua própria ignorância. A certeza de que a força de cada um se esvai em cada naufrágio, deixa o desespero arquear todas as canções tristes que abafam o urro e que jaz em nosso peito. Tentamos ser fortes pra não pisarem em nossos resquícios, buscamos a felicidade perdida em certo momento da vida, e que certamente reencontraremos, para aprendermos a não deixá-la esvair entre os dedos; e desesperados tentamos em vão conte-la na palma da mão. Muitos ainda teimam em remendar suas velas com ambições, vaidade, fama, fortuna, o que nunca será o suficiente. O remendo principal de um navio cuja vela se rasgou é o amor, e será este que irá apaziguar todos os outros anseios que lhe impulsionam na vida. E a dor é inevitável.