domingo, outubro 22, 2006

A Flor Da Pele.


Fazia tempo que estava sentado ali esperando a hora chegar. Mas a hora não chega. Ela sempre estivera ali. O pobre Menino é que não percebia isso. Talvez aquele garoto tenha alguma coisa de especial, por isso sempre que o viam, as bocas e olhos se desconcertavam. Entretanto era difícil notá-lo. Buscava sempre o máximo de discrição Decidiu então se mover, quebrar aquela inércia que alimentava sua preguiça. O ali então começou a se mexer, a tomar formas nítidas do que se podia realmente ter de frutífero. Levantou-se daquela difícil aula de matemática, realmente sempre fora uma negação a matéria, claro que não era a sua única negação, havia outras tantas assim como suas peculiaridades. Juntou o livro de equações, que parecia mais um caderno de desenhos, colocou-os na mochila já se afastando de sua carteira e foi andando, sem olhar pra realmente nada, apenas as imagens de sua imaginação, e estas sempre lhe dizendo para voar o mais alto possível. Estava a pensar; “... Caraca, acabei de pegar o MSN da Ana Luiza no intervalo, faz tempo que queria falar com ela, este lance de ficar na pista pra negócios é muito complicado pra mim, maldita timidez, pior uns amigos meus; Na guerra, qualquer buraco é trincheira. E eu ainda tentando bancar o romântico, se bem que...Nossa, aquela garota ta muito gostosa, ainda vem com estas saias só pra me provocar, assim não tem quem agüente. Não sei, mas eu adoro uma bunda. Acho que vou parar na banca e comprar uma daquelas revistas pornôs. Porra, mas o que o jornaleiro vai pensar de mim? Bem, fazer o que? Não importa de verdade. Se bem que sempre que passar por ali aquele cara vai me olhar achando alguma coisa. Ele de repente pode não querer me vender por me achar muito novo. Mas por que um adulto vai comprar filme pornô se eles podem ficar fodendo? Haa, Foda-se. De qualquer forma vou chegar em casa e terminar algumas estórias em quadrinhos do Metamorfose, acho que vou fazer ele cabeludo agora. Porra, tem muita bunda boa nesta escola, ainda bem que vim estudar aqui. É acho que vai ser isso, a namorada dele vai ser seqüestrada pelo Carrasco. Não melhor não. Hum...Não... É isso sim, vai ficar maneiro. Droga, ainda tinha alguns deveres de casa pra terminar, mas depois da estória eu termino, se não vou me desconcentrar. Putz...Que garota gostosa. Olha ela indo embora, fica linda assim...hehehe...Merda!! Tava me esquecendo disso. Marquei de jogar um futebolzinho com a galera da minha turma, mas acho que não vou, to meio sem saco. Quero mesmo é desenhar a tarde toda, e bater uma punheta com o meu filme novo”...Quando já cruzava os portais da escola, distraiu-se com uma flor que voava ao vento e caiu justamente em cima de seu braço, resvalando então em sua pele logo em seguida, para depois cair ao chão. Sentiu-se especial diante de tal acontecimento, sendo movido pela superstição, agachou até o chão e posteriormente uma longa examinada as pétalas daquele lindo fruto da natureza, guardou na mochila com o maior dos zelos, continuou andando em direção ao seu destino, seja lá qualquer que o seja. Por pura sorte o ônibus havia acabado de chegar. Nenhum dos seus amigos havia o acompanhado até o ponto, decidiram ficar a conversar na saída da colégio. Estava sozinho no ônibus, por conta disso ficou a lembrar das possibilidades. A visão era realmente tentadora, todos reunidos no banco, rindo e conversando as amenidades da juventude, festas futuras, comunidades no orkut, fatos e atos entre eles, deveres e chatices. Acontece que a fome e o vício pelo desenho o fizeram partir sem muito arrependimento. Estava a pouco tempo estudando em uma escola em Botafogo. Ao entrar no ônibus viu que não tinha lugar para sentar, então prostrou em pé perto da porta de saída, continuando a conversar consigo mesmo...”A Ana Luiza bem que podia me dar umas indiretas. O que será que ela quis dizer com – Se eu me acho bonito? – (dando uma forte entonação em sua mente para este Eu) – Na verdade não me acho nada, claro que não um nada, mas nenhuma certeza. Não sei, realmente não sei. Ela esta me dando mole? Não é possível! Justo eu? Não importa, vou falar com ela hoje e...Puta que pariu, mas que bunda gostosa!!!”. Não havia percebido, pois justamente ao seu lado, apesar de alguns passos ao longe, encontrava-se parada uma mulher exuberante, de rosto encantador e um nariz empinado perfeito completando suas formas suntuosas. De certo estava voltando da academia, uma vez que trajava um top, explicitando ainda mais os seus seios juntamente uma calça colada de lycra com o biquíni por cima da calça. Tais atributos fizeram explodir todos os hormônios deste pequeno jovem. O que já era ruim, ficou ainda pior...”Meu Deus. Esta mulher é muito gostosa. Gata demais. Olha só esta bunda por cima do biquíni. É um convite. Já sei o que fazer. Vou aproveitar o tumulto e passar a mão nesta bunda. É muito gostosa. Não é possível”...Acontece que as únicas pessoas em pé, era ele perto da porta de saída, um pouco mais atrás, na mesma fileira, a Mulher marombeira e bem distante deles dois na fileira oposta, encontrava-se um senhor segurando umas sacolas. O garoto em sua maior performance de uma cara de pau, podendo até se dizer mármore, se aproximou da mulher em dois passos, sem ninguém notar, e em único movimento, apertou com o máximo de vontade a bunda carnuda que ali se expunha. Abruptamente a mulher se assusta, e sem acreditar no que ocorrera, com o semblante estarrecido, falou em alto e em bom som – Garoto, você esta ficando maluco? Não esta me vendo aqui não? – E sem saber ainda o que fizera, o Jovem responde – Mas eu não fiz nada! Eu só to aqui! – E se afasta da mulher, sentando em um banco que ficou livre. Tanto a Mulher quanto o Garoto não compreendiam o que acabara de acontecer, ambos se perguntavam o que fora isso. Após uns dois pontos de ônibus, a mulher descera em algum lugar de laranjeiras, ainda meio puta com o ocorrido, enquanto o Garoto permanecia ali pensando e refletindo...”O que foi que eu fiz? Que sinistro! Quase tomei um tapa de bobeira, se bem que aquela bunda valia a pena, há valia sim...Acho que eu gosto da Ana Luiza”.

2 comentários:

Anônimo disse...

parabéns ,cara! espetacular!



guilherme

Anônimo disse...

Que narrativa emocionante. Deixou-me com um gostinho de "quero mais".

Lobato Eu quero mais!
*Risos