sábado, janeiro 30, 2010

Máscara.

 


O sentido das coisas diz que vou morrer.
Minha pele definha conforme o sol a queima,
Assim como a dor do abandono se torna audível
Em todos os silêncios da manhã.
Alguém lhe estende a mão no escuro,
Tentando salvar o que um dia foi,
E mesmo o que um dia será,
O conforto de um sentimento qualquer.
E sempre que eu acordar,
Não verei mais o meu rosto,
Tão pouco a máscara de porcelana que construí
com zelo para lhe encontrar,
o reflexo trará a verdade;
o passado que não vivi no mundo de plástico,
camuflado num parque de diversões.
A razão se tornará débil e relutante,
Renascendo em cada loucura a minha paixão errante.
O tempo não será mais o tempo,
Nem mesmo a areia do seu relógio,
Ele não será.
Falar não adianta,
Eu quero mais, muito mais, muito.
E volto a perder os sentidos das palavras
Afogando a saliva nas lágrimas.
Eu preciso de qualquer coisa que me faça lembrar quem eu fui.
Quero ser novamente pra poder me perder.
Andar vagando e sem rumo,
A esmo na cidade de borracha,
Nas palavras imperecíveis,
No amor que não se consome,
Mas que arde e perfuma no fogo.
O Amor teima,
O que resta é saudade.
É só nela que a encontro, todos os dias.
Fortalecendo a coragem,
Aquela máscara ficará aprisionada nas imagens da mentira,
E do que se perdeu.

Lobato Dumond.

terça-feira, janeiro 26, 2010

Naco De Carne.






Senti a areia nos pés transpassando pelos meus dedos, dando uma desconfortável sensação. A sola começou a queimar. Desconsideir um pouco esta informação no meu cérebro, foi um tanto difícil , mas andava camuflando a dor. Logo se aproxima um destes caras de alguma barraca de praia.
- Vai querer cadeira maninho, temos aqui...? - Logo interrompi apontando a cadeira que carregava em uma das mãos. - E uma barraca, posso conseguir uma barraca, e...? - O cara não desistia. Saí correndo para próximo d'água, queria me livrar daquele mala. Observei bem e procurei algum lugar onde não me incomodariam. A praia estava num daqueles dias; Não se acharia nem o Osama Bin com seu turbante e ostentando aquela barba escrota. O sol aumentava ainda mais a força de seu maçarico, a pele tostava, chegando a arder e brilhar. Arrumei minha cadeira e sentei olhando ao redor; muitos corpos torneados, expostos e no mercado visual da carne; chã, patinho ou lagarto; claro que com alguns filés aos olhos; contra filé, mingnon. Não demorou muito, avistei uma antiga amiga minha, nunca havia visto ela na praia, na verdade nunca havia visto ela de biquine, logo me animei, finalmente mataria minha curiosidade. De calça ela era bem vistosa, principalmente a bunda, engraçado é que ela apenas andava de calça jeans. Ajeite-me na cadeira pronto para saborear mais uma naco de carne, apertei a vista para me concentrar melhor, coloquei meu óculos escuro, e fechei a boca para não chamar a atenção. Logo que chegou, esticou uma canga na areia e colocou sua mochila em cima, procurou algum rosto conhecido, não achando nada, fez um montinho para segurar sua bicicleta. Ela estava meio perdida de início, não sabendo muito o que fazer, parecia nova no pedaço, entretanto todo homem sabe que a mulher tem um sezto sentido e sabe quando está sendo observada, tudo não passava de charme, para mim, ou mais alguém que ali olhasse. Virei o pescoço para a direção oposta dela, fingindo procurar outra coisa que não fosse sua bunda, mas meu olhar não saía de sua traseira. O jeans parecia comprimir bem, dava a impressão de uma bunda bem delineada. Virava e desvirava o pescoço. Ela fazia charme e se movimentava lentamente. Ameaçou tirar o short jeans desabotoando seus botões, contudo logo parou e ficou a olhar o mar. Aquele suspense todo estava me incomodando, logo desistiria de esperar e levantaria indo lá fazer um choque de ordem. Num único movimento ela arreia as calças até o joelho e logo tudo se transforma em uma doce e abundante carne gorda de... Justamente na hora que tudo se revelaria, uma mulher quadrada e desproporcionalmente gigante entra na minha frente tampando a visão. Aquilo me deixa um pouco transtornado, aguardei tanto pelo momento e, na hora, entra esta pessoa. Tento esquivar o pescoço o esticando para o lado, fica até meio na cara e ridículo, algumas pessoas me olham desconfiadas. Finjo matar um mosquito no meu pescoço. Sorrio. Não olho para ninguém, um jornal voava pela areia, quando coincidentemente ele choca contra minha perna, pego-o e começo a ler. De repente grito: sai da frente, bola!- As pessoas me olham intrigadas e curiosas. Olho pruma galera que jogava altinha, escamoteando minhas verdadeiras ações. Dado alguns minutos, levanto-me e caminho em direção ao mar, e logo tudo se ransforma em uma doce e abundante naco de carne, não era á toa que que esta menina só usava jeans. Não sei nem como aquele traseiro cabia no jeans, era muita coisa. Seu pequeno biquini sumia entre as buchechas daquele rabo gordo. É incrível o que as roupas conseguem esconder. Confuso fui esfriar minhas idéias com Iemanjá. Como seria Iemanjá por debaixo daquela saia...?

quarta-feira, janeiro 20, 2010

De Testa No Vidro.



Um dia depois do outro. É assim que tento levar a vida, entretanto me atropelo e acabo levando todos os disa de uma vez só. Não consigo me enxergar no meio deste turbilhão de ações e demências. O que poderíamos fazer para colocar uma âncora no mundo? Um freio que seja, para podermos navegar mais calmos, com objetivos definidos e propensos ao sucesso da calmaria. Nada é definido, nada é certo, nada é nadar no rio frio e não ter toalha que lhe seque. Pensava de bobeira no ônibus, sem er muito pra onde fugir com as idéias. Adormeci colando a cabeça no vidro da janela do ônibus em movimento, sentia meu crânio quicando e trincando no vidro. De repente senti um mão no meu ombro. Um policial me acordava e pedia para eu me levantar. Começou a me revistar, vasculhou toda minha mochila em busca de alguma merda que me encriminasse, por sorte eu havia deixado minha maconha em casa. Havia quatro policiais circulando pelo transporte público revistando e vasculhando todos os trabalhadors ali prsente. Muitos ali com cara de cu. Não entendiam porra nenhuma, parecia que haviam acabado de acordar como eu, msa na verdade ninguém acordou, estamos todos dormindo com a cabeça colada no vidro; um sono ruim, o corpo não relaxa e o som da cabeça trincando no vidro se confunde com o barulho do motor. Enquanto o policial revisava outro malandro no banco da frente, minhsa mãos começaram a suar e tremelicar. Minha fisionomia mudou repentinamente. O frio secou os meus lábios, pulei no coldre do filha da puta e saquei sua arma; uma 9mm com um puta coice. Atirei no filha da puta na minha frente. Osangue espirrou no meu rosto e jorrou nos outros passageiros. Senti uma bala transpassando minha coluna e estrpando minha espinha. De repente senti um mão no meu ombro. Um policial me acordava e pedia para eu me levantar. Começou a me revistar, vasculhou toda minha mochila em busca de alguma merda que me encriminasse, por sorte eu havia deixado minha maconha em casa. Estava meio tonto, ainda. Não encontrando nada n oõnibus, nem um marginal que fosse, o transporte público seguiu seu caminho e eu reencostei minha cabeça no vidro e voltei a adormecer.

Lobato Dumond.

Sempre Assim.




Que sol absurdo. Minha testa pingava aos prantos por um copo d’água, a camisa parecia um pano de chão, enquanto caminhava em direção ao Banco do Brasil. Incrível como o sol pode castigar uma condição física, não suportava dar um passo sequer, no entanto continuava caminhando, em passos curtos e pesados; um deserto não seria tão quente. Entrei no banco da agência próxima ao Largo do Machado, o contraste do clima me levou ao gozo; uma enxurrada de gelo causado pelo ar condicionado acalmou minhas súplicas, nunca senti tanto alívio. Precisava fazer um depósito de pequena quantia, não precisava ir até o caixa, decidi ir ao caixa rápido mesmo, acontece que havia um papel em cima do monitor, avisando que a máquina estava emperrada, comecei a caminhar em direção a outra máquina, quando um funcionário me chama a atenção:
- Senhor. Este caixa rápido não está funcionando, todos os depósitos devem ser feitos no caixa. – incrivelmente o funcionário trajava terno e gravata. Muitos nas ruas trajavam terno e gravata; outros usavam calças e mangas compridas, isso num clima de matar qualquer idoso de calor; os índios estavam certos, isso aqui é país para se andar nu, enquanto isso, gastamos e desperdiçamos milhões em energia. Caminhei a contragosto para o caixa. Logo na porta giratória sou barrado, uma voz metálica indica que há algo metálico comigo. Despejo tudo que tenho nos bolsos dentro de um compartimento na própria porta; quatro chaves com três chaveiros, um celular, outro celular, e só. O guarda observou bem e me liberou. Entrei numa fila absurda. Dois funcionários atendiam nos caixas.
- Hoje as máquinas não funcionam, ontem faltavam envelopes para depósitos, semana passada faltou energia. – Disse uma mulher de óculos e cara de intelectualóide na fila. Tinha beiços avantajados, imaginei como seria um boquete; machismos a parte, deveria ser muito bom, apesar de ser meio estrábica.
- Sempre tem um problema nestes bancos. – completou um cara na minha frente. – Nunca tem funcionários o suficiente para atender as pessoas nos caixas.
- Não é a toa que é o Banco do Brasil. - interrompi. Todos gargalharam. O Banco do Brasil não é uma instituição financeira que resguarda e zela pelo dinheiro do povo brasileiro. O Banco do Brasil é um banco, um assento, uma cadeira de uma praça onde todos sentam e esperam, e nada acontece. Nisso um dos funcionários passa reclamando que o valor no seu contra xeque veio errado, estava faltando alguns reais. Achei melhor não comentar, havia pessoas armadas no recinto. A maioria das pessoas na fila estava depositando. As horas correm depressa numa fila, o saco incha e as pernas criam varizes em meados de segundos. Quando você olha no relógio, já se passaram quarenta minutos. Fiz o que tinha de fazer com cara de cu, não sei se a menina do caixa tinha alguma coisa a ver com a demora, mas de sete caixas do banco, apenas uma funcionava. O Banco do Brasil; o nosso banco, a nossa praça.

Lobato Dumond.

Leve Corpo.



Não sei se ficou, ou se vou.
Apenas sei que ando,
contemplando tudo que me transtorna,
deixando um breve sorriso em cada lágrima.
Penso na terra que há de devorar,
não só tudo aquilo que amei,
mas junto meu coração.
Embriagado.
A lucidez se tornará uma lembrança
Infinda,
assim como todas as estrelas,
tornando-se uma constelação de memórias,
sem sentido de tão longe,
brilhante e reluzente se olhares de perto.

Lobato Dumond.

Prisioneiro Das Histórias.




Num faz muito tempo em que ascendi um charuto. Tento esquecer os tropeços e angústias que me empurram neste tempo louco e maldito. O mundo corre e corre e eu não saio do lugar; máquinas de dinheiro e maquinárias de capital. Pra onde vai o mundo eu não sei, a única coisa que me conforta é estar aqui com meu Coiba, preso em minha opinião singela e livre da política do mundo, entretanto o mundo não está livre de mim, não por enquanto. Carrego o fardo do esquecimento, as pessoas esqueceram que eu existo, ou esqueci-me de interagir com o mundo, não me integrei, estou no embargo político de sempre. Não me falta nada, e ao mesmo tempo me falta tudo. O que me preenche de um lado me consome aos poucos pelas bordas do outro. Tentei nadar uma vez pra longe, contudo os tubarões comeram a minha perna, sobrou ficar de pau duro, até minha carne acabar, junto com me sangue. Quando ainda era jovem e embriagado, (tive de largar o álcool, haja fígado) não me faltava boceta, o perfume delas impregnavam na minha pele e eu vivia num laboratório por ai, tudo era experiência. A razão de ser do sexo me deixou insano, restava-me dançar. Eu servi uma vez meu país, quando eu tentei fugir dele, nadando. Mas perdi minha perna prum tubarão. Eu já contei isso? Não importa. Já percorri todas as cidades desta bendita ilha. Já contei como lutei ao lado de Che? Foi à maior aventura de todas. Foi num tempo onde a ideologia ainda ditava alguma coisa, dizem que a ideologia não dita nada, apenas é democrática, mas a ditadura da ideologia é bem interessante, as idéias assustam os ignorantes, nem os gênios as sustentam. Mas eu estive ao lado de Che e Fidel. Já vi de perto a liberdade, já lutei por ela e já dei minha vida a ela por ela. O que aconteceu com a ideologia? Não sei. Hoje eu torço apenas, torço pro baseball e pros jogos olímpicos, nada mais sobrou. Vislumbro alguma política onde possamos transitar por aí, sem ter de se sentir oprimido apenas por ser. O Che foi uma grande pessoa realmente, dizem que ele era assassino, mas quem na guerra não o é? Eu mesmo atirei em alguns filhos da puta. Não. Não conseguiria atirar em alguém hoje em dia, são outros tempos, não existe mais a ideologia, ela virou um baseball. Talvez se houvesse um levante em nome do baseball, mas seria só isso. Já contei como perdi a perna prum tubarão?

Lobato Dumond.

terça-feira, janeiro 12, 2010

Tempo Consumido.






Eu quero ser
Eu quero ser
Quero corromper
Crescer e inverter
Eu quero ser

Meu corpo é um templo
Escuso
Escuro
Meu corpo é o tempo
Curto
De consumo

Eu quero ser
Eu quero ser
Quero escrever
Quero morrer
Sem perder

Ser sem ser visto
Ser sem ser comprado
Minha vida é o ódio
E as cinzas do pó
Que eu havia cheirado

Eu quero ser
Eu quero ser
Quero corromper
Crescer e inverter
Eu quero ser
Lobato Dumond.