Minha pele definha conforme o sol a queima,
Assim como a dor do abandono se torna audível
Em todos os silêncios da manhã.
Alguém lhe estende a mão no escuro,
Tentando salvar o que um dia foi,
E mesmo o que um dia será,
O conforto de um sentimento qualquer.
E sempre que eu acordar,
Não verei mais o meu rosto,
Tão pouco a máscara de porcelana que construí
com zelo para lhe encontrar,
o reflexo trará a verdade;
o passado que não vivi no mundo de plástico,
camuflado num parque de diversões.
A razão se tornará débil e relutante,
Renascendo em cada loucura a minha paixão errante.
O tempo não será mais o tempo,
Nem mesmo a areia do seu relógio,
Ele não será.
Falar não adianta,
Eu quero mais, muito mais, muito.
E volto a perder os sentidos das palavras
Afogando a saliva nas lágrimas.
Eu preciso de qualquer coisa que me faça lembrar quem eu fui.
Quero ser novamente pra poder me perder.
Andar vagando e sem rumo,
A esmo na cidade de borracha,
Nas palavras imperecíveis,
No amor que não se consome,
Mas que arde e perfuma no fogo.
O Amor teima,
O que resta é saudade.
É só nela que a encontro, todos os dias.
Fortalecendo a coragem,
Aquela máscara ficará aprisionada nas imagens da mentira,
E do que se perdeu.
Lobato Dumond.