sábado, outubro 04, 2008

Esquecidos Por Deus.









- Se nos pegarem, estamos fodidos. – ao longo da estrada as antenas surgiam, enfeitando o céu negro. Alguns casebres abandonados ao nada mostravam vidas com suas luzes tremendo no escuro. Como alguém poderia viver afastado do todo? Talvez, realmente, fosse uma boa solução, saber que ai nada irá lhe alcançar, a não ser a maldita televisão, entretanto seria uma escolha sua. Não demorou muito para chegarmos numa cidade de beira de estrada, não consegui ver o nome dela. Tivemos que diminuir um pouco a velocidade, sempre nestas cidades de beira tem um ou dois pardais. O comércio também é intenso nestas áreas; posto de gasolina; lojas de eletrodomésticos; mecânicos; restaurantes; lanchonetes. Quase tudo fechado, contudo havia um restaurante aberto; Texas Grill. O que não era bom, pois deu abertura pra seguinte frase de Beiço.
- Porra, to na maior fome, vamos parar naquela churrascaria...
- Excelente idéia – Igor se pronunciou.
- Pelo visto sou voto vencido. – Extravasei.
- Encosta aí, Igor.
- Não é bom ficar dando mole, nós estamos com pressa, temos drogas no carro, Caralho!
- Deixa de ser neurótico. Vamos comer rapidinho. – Beiço rebateu. – To na maior fome.
- Vamos continuar a viagem, caras.
- Aí, a carne deve ta boa. – Disse Igor. Era inútil relutar, quando vi já estávamos estacionando o carro no estacionamento do restaurante. Na entrada tinha um boneco ridículo montando uma vaca gorda, gigantesca. Descemos todos do carro.
- Vou dar uma mijada. – Comentei.
- Também quero... – Beiço esperou um pouco, como se esperasse alguém chegar de carro, todavia nada aconteceu.
- Boa idéia. – Finalizou Igor. Pegamos um corredor de tijolos amarelos, o que me fez sentir no mundo do Mágico de Oz, e eu procurava um cérebro por andar com estes dois idiotas. Estava frio, gelado para ser exato, ventava um pouco e meus pêlos arrepiaram todos, senti meu nariz gelar e minhas orelhas congelarem; tremi. Fiz uma concha com as mãos e soprei um bafo quente dentro, logo em seguida esfreguei uma contra a outra para aquecê-las no atrito. O banheiro era ainda mais frio, por conta dos azulejos e de seu tamanho. Tinha uns armários também presos na parede. Havia cinco funcionários lá dentro se arrumando e gritando ao conversarem. Deviam estar indo embora, pois haviam acabado de tomar banho e colocavam a roupa e arrumavam umas sacolas para levarem. Gritavam muito, gesticulavam, faziam uma baderna. Nisso Beiço se aproxima e comenta baixo:
- Porra, vai dar merda. O Igor não gosta destas balburdias; gritarias sem sentido.
- Cuida dele então, o amigo é seu, eu vou mijar. – Não deu tempo de evitar o que estivesse por vir, pois Igor se trancou numa das cabines de privada. Os cinco continuaram com a balbúrdia.
-... Mas não tinha jeito mesmo, você viu as roupa da menina? Era uma cachorra! – Gritou um malandro mexendo numa sacola, colocando um uniforme dentro, talvez. Não deu pra ver muito bem. Beiço observava tudo e também prestava atenção na porta da cabine de Igor. Outro dos funcionários segurava o jornal aberto e folheava constantemente entre as notícias. Trajava uma camisa vermelha e uma calça azul escrota. Ele já estava pronto, parecia esperar o resto do pessoal.
- Também acho que ela não deveria andar com aquelas roupas, chamou atenção porque quis. – Disse outro colocando um casaco azul. Este homem era calvo e de olhar cansado, e seu nariz de batata comandava a estética do seu rosto.
- Deus não gosta desta pouca sem vergonhice... – Gritou outro funcionário mexendo num dos armários. Guardava seu uniforme e retirava uma bolsa com algumas tralhas dentro. Carregava no rosto uns buracos na pele, marcas do tempo, ou da falta de cuidado talvez, de oportunidades. Todos eles falavam alto, gesticulavam, ou até gritavam sem pudores, provavelmente esqueceram que também somos clientes. – Aquela menina deveria encontrar com deus, cedo ou tarde, por bem ou por mal. Eu conheço o poder da reza, e digo mais, tenho provas e testemunhas de seu poder. Não dá pra andar por aí com a roupa que quiser, tem que ter decência. – Este cara é viado, pensei. – Teve o que merece.
- Você viu que mataram outra puta de beira de estrada? Joga esta camisa aí pra mim, moleque! – Berrou o homem de casaco azul e seu nariz de batata.
- Bom que nos livrou de outro mal. - Um quarto funcionário colocava uma calça furada. Era o mais novo deles, por isso o chamavam de moleque.
- Hoje temos que ir ao culto, salvar algumas almas. Temos que continuar patrocinando a fé neste país, só assim conseguiremos a salvação divina. – Falou alto o homem de nariz de batata. Um quinto homem observava calado, apenas vazia expressões do tipo, que se fodam estes lunáticos, algumas vezes balançava a cabeça em sinal negativo. – Tudo está nas mãos do Senhor. Eu estou falando pra vocês, não deixe que o demônio engane vocês, ele vem em diversas formas; vem no corpo de uma mulher; vem nas drogas; vem no desemprego; vem na pobreza... – Parecia que o Nariz de batata estava se empolgando em seu discurso. Com certeza também era pastor, ou tinha a pretensão de se tornar um. – A felicidade está na pele de Jesus, enquanto o amor está em sua barba. Existe um caminho muito próximo entre o Demônio e o Senhor. Um passo e vocês podem cair em vícios. – Gritava o homem. – Vejam estes drogados, por exemplo; estão infestando o mundo com sua impureza. Só Jesus no coração desta gente pra expulsar o Demônio. – Eu estava lavando as mãos, enquanto beiço secava as suas em alguma toalha papel.
- Acho que nem Jesus pra salvar os drogados. – Disse rindo o Moleque.
- Você está duvidando do poder de Jesus? – Exclamou o Nariz de Batata. – Os drogados são pessoas fracas de cabeça que se dão para as drogas. Nós temos que levar Jesus às pessoas perdidas como as putas, os drogados, os mercenários, os assassinos, os homossexuais, os que dão o cu, os que fodem com animais; só Jesus salva. – Nariz de Batata falava bem alto e gesticulava.
- Estas pessoas merecem a morte. – Comentou o homem com uns buracos na pele.
- Se eles encontrarem Jesus, não precisarão morrer. – Vociferou O Nariz de Batata. – Caso não queiram encontrar com Nosso Senhor Jesus Cristo, a morte é o melhor caminho, porque eles já estão mortos, só não sabem disso. E quando a vontade de Deus reinar na terra, estas cachorras sumirão e a paz voltará a reinar. – Igor sai de repente de sua cabine. Um olhar taciturno adornava sua fisionomia. Seus tiques estavam violentos, fortes como nunca estiveram. Suas pernas chutavam o nada após um passo, contudo ele vinha andando sem aparentar muito se incomodar com ninguém ali. Reparei em sua face um pó branco preso nos pêlos de sua narina, certamente ele deu uma carreirinha de leve. O Nariz de Batata não parou seu discurso e continuou berrando. – Hoje de manhã temos que ir agradecer a Deus, desta benção tão grande que é a vida. Vamos patrocinar a fé pelo mundo afora.
- Por que esta gritaria toda? – Igor se aproximou do Batata e falou bem calmo, num olhar frio e impetuoso. - Fale baixo, por favor, eu sou drogado, não surdo. – Todos ficaram desconcertados. Parecia que ele não havia ouvido nada do que se disse no banheiro.
- Calmo lá, amigo. Estamos... – Tentou argumentar Batata.
- Calmo é o meu pau que sabe esperar gozar na hora certa. – Igor parecia não querer muita conversa. Colocou o dedo na cara do Batata, ele não parecia se importar em estarmos em menor número; foda-se, o guerreiro sempre vive, não importa a guerra, não importa os meios, o que importa é o massacre, o fim.
- Igor, qual foi, cara? – Beiço se intrometeu no pequeno conflito. O cara de Buraco franziu as sobrancelhas, dando um passo pra trás ficando perto do seu armário; O sujeito que lia o jornal começou a dobrá-lo; O Moleque de calça rasgada fez uma careta de medo. Uma tensão começou a pairar em todo o ambiente. Eu tive sensato receio, o medo dominou minhas retinas, junto a minha imaginação. Comecei a imaginar possibilidades, alguém podia estar armado, um destes malditos pastores podiam ser um ninja disfarçado. A realidade às vezes voa em todas as possibilidades possíveis em minha mente, o que deixa de ser real, e passa a ser devaneios sem sentidos. Comecei a observar os movimentos de todas as pessoas no recinto, e dei uns passos em direção ao homem com os buracos na pele, caso ele tentasse tirar algo de seu armário. – Não precisa disso, deixe estes malucos na dele... Qual foi?
- Ouça seu amigo, meu caro. Jesus desaprova a violência, vamos conversar e ficar em paz, na paz de Nosso Senhor Jesus Cristo. – Disse o Nariz de Batata. O moleque não disse nada, apenas olhava assustado. Devia ter uns dezoito anos. O homem, ao qual havia dobrado o jornal, levantou-se e caminhou em nossa direção, seus olhos eram calmos e contemplativos, sua boca era meio aberta naturalmente, dando-o um aspecto de retardado.
- Por que não nos acalmamos? – Disse o homem do jornal. – Já não basta a violência gratuita que consumimos todos os dias? – Colocou a mão no ombro de Igor. – Tantas mortes desperdiçadas...
- Tantas vidas, você quer dizer. – Completou Beiço.
- Tantas mortes mesmo... – Disse o homem do jornal interrompendo. Seu olhar manteve um ar sádico.
- Não me encosta não, filho da puta. - Igor se desvencilhou da mão e encarou o sujeito.
- Ora, vamos parar com isso vocês dois. – O Batata interrompeu as provocações dos dois, empurrando o homem do jornal pra longe. – Vá pra lá Leonardo. Não comece você também, não está vendo que tenho tudo sobre controle, deus está olhando por nós.
- Você quer ver um barbudo, desgraçado? Meu saco é barbudo! – Igor disse num tom sarcástico, porém calmo e sereno. – Por que você grita tanto no meu ouvido, parece uma bicha tagarela? – Igor não alterou a voz em nenhum momento, sempre cândido e de movimentos leves. Era engraçado olhar assim; apenas tentava conter seus tiques nervosos, que de tempos em tempos, escapava ao seu controle.
- Deixa dessa, cara, vai pra lá, vai! – Beiço empurrou Igor pra perto do bidê e, tentando argumentar com o Batata, foi afastando-o com cuidado pra longe de Igor, enquanto Igor encarava com ódio e desdém, algo difícil de imaginar, contudo assustador. Era nítido que os cinco funcionários estavam nervosos com o acontecimento, formou-se um tumulto desnecessário, empurra-empurra e uma leve discussão. Eu não saí de perto do cara próximo ao armário, sabe-se lá o que ele poderia tirar de lá. Beiço gesticulava muito para apartar o conflito. Não demorou muito para cada um ir pro seu canto. O Nariz de Batata olhava feio para todos nós, parecia nos amaldiçoar e, não tirando os olhos do Cara de Buraco, fingi lavar as mãos despreocupadamente. Igor estava com um semblante mais tranqüilo, ele ia aos dois pólos com extrema simplicidade, realmente era um homem genial, em meio aos seus tiques e explosões; caminhava entre a afobação e a calmaria; do externo ao interno; da agonia a paz eterna; do medo a coragem com extrema facilidade. Ainda num sorriso inteligível, Igor virou-se e disse:
- Vou dar uma mijada. – A tensão ainda era grande, todos se entreolhavam esperando o momento exato para acordar, só precisava de um grão de areia e tudo iria explodir; a gota d’água, e Igor não só pingou a gota, como deixou uma caixa d’água toda derramar no chão do ladrilho frio do banheiro.
- Haaaaaaaaaaa... – Igor gritou o tanto quanto pôde ao mijar. Um berro, ou melhor, um urro vigoroso e explosivo ecoou por todo o restaurante. Não sei se ele gritou de sacanagem, ou apenas de alívio mesmo, mas gritou. O Nariz de Batata saltou em cima do Igor tentando acertá-lo na cabeça com os punhos, meio desordenado. Igor se desvencilhou com o corpo e, ainda com o zíper aberto e com o pau de fora, chutou o Batata na barriga, fazendo-o encolher todo o corpo com as mãos no estômago. Igor fechou o zíper e pegou-o pelos cabelos, esfregando no bidê sujo a cara do coitado e o seu nariz de batata. Eu fiquei meio aturdido com a cena toda, fazendo eu me distrair por alguns segundos e, voltando-me para o Cara Esburacado, ele já estava com a mão tirando algo de seu armário, pensei em ser uma arma, todavia era uma bíblia. O Esburacado arremessa a Bíblia na minha mente, tento esquivar e sinto o impacto dela no meu nariz. Beiço toma um coladão do moleque no meio dos córneos, e seu corpo dá uns dois passos pra trás. Eu pulo no corpo do homem de cara esburacado, acertando uma cabeçada no nariz do filho da puta. O sujeito fica um pouco grogue, eu levanto e dou dois bicos na barriga do desgraçado, ele ainda tenta gritar algo em nome de Jesus, mas é contido pelo meu pé na boca do seu estômago. Igor larga inconsciente o Nariz de Batata com a cara no mijo, partindo pra cima do moleque. Beiço tenta acertar um soco no cara do Maluco de Camisa Vermelha, contudo erra, levando em seguida dois chutes no joelho esquerdo. O moleque que encarava o Igor era bom no que fazia, ele era rápido. Igor tentou acertar dois cruzados na cara do garoto, mas o filho da puta esquiva e acerta um direto no rosto de Igor. Eu corro em direção ao Maluco de Camisa Vermelha e pulo com os dois pés nas costas do desgraçado. A porradaria comia solta no banheiro, os movimentos causavam vertigens; encontrões; socos; esquivas; correria; chutes; pontapés; cabeçadas; velocidade; agilidade; destreza; cruzados; ganchos. Caí de cara no chão após o chute no Camisa Vermelha. O moleque continuava trocando socos com Igor. Beiço não perdoa e chuta o rosto do Camisa Vermelha caído no chão. Igor tomba diante do moleque, mas não fica inconsciente. Ficamos perplexos com a cena, Igor era maior e mais forte. Num súbito momento de fúria Igor levanta do chão numa velocidade inimaginável e, aliado toda a sua ira insana, agarra a cabeça do moleque com toda força de seus músculos cansados. Eu fiquei sem reação com o que presenciei, ao observar o absurdo de alguém fora de si. Igor morde o nariz do moleque e puxa com extrema violência, arrancando a cartilagem da cara do infeliz. Pode se ouvir de longe o sussurro da cartilagem se rompendo e, numa agonia aterradora, o grito de dor do Moleque. Beiço ficou estático, aturdido pelo horror. O Moleque cai rodopiando e se contorcendo em dor, gritando de pavor e desespero. Com o movimento de uma patada de elefante, Igor esmaga a cabeça do garoto contra o chão, fazendo-o apagar na hora. Ficamos os três parados, estáticos, olhando para os corpos no chão, agora todos os infelizes que gritavam a pouco, jaziam no piso, inconscientes. O garoto sangrava abundantemente. Igor esticava seus membros em seus tiques incontroláveis. O palco que se formou estava horrível; o Nariz de Batata pendia desmaiado em seus joelhos com a cara no mictório; o Cara Esburacado imóvel no chão segurava o estômago com as duas mãos e se encolheu na posição fetal; o Homem de camisa Vermelha sangra um pouco pela boca e estirado no chão, abate-se entorpecido; o Moleque completava o quadro de aversão com a sua moldura de sangue golfado pelo buraco que deveria ser seu nariz. O quinto malandro que nada fez, olhou friamente para nós e comentou:
- Não ia muito mesmo com a cara destes viados. – Entrou numa cabine e se trancou. Não devíamos deixá-lo ali, acabamos de foder com tudo, a missão estava comprometida, e parando pra pensar melhor, acho que ela sempre esteve, contudo apenas me dei conta agora, vendo o rubro jorrar no chão tingindo meus sonhos de sangue.
- Vamos embora, vamos embora, agora! – Consegui murmurar após sair de meu torpor. Não obtive resposta, o que me fez gritar. – Vamos porra! – Nós três saímos correndo do banheiro em direção ao carro no estacionamento, por sorte estava tudo um pouco abandonado; ninguém nos viu sair, ninguém nos viu entrar. Estava apavorado, o medo dominou minhas entranhas, senti náusea aguda, quase me fazendo vomitar. Tive uma estranha vontade de chorar, contudo me controlei. Não era hora para amarelar, faltava pouco e tudo não passaria de lembranças da minha infame imaginação.
- O que foi que você fez, Igor? - indagou Beiço calmo e sereno. Nem pareceu que estava lá com a gente. O silêncio é a resposta de Igor. Beiço insiste. - O que foi que você fez, Igor?... – Beiço mantém a calma, enquanto Igor parece não ouvir, deveria estar viajando longe em sua raiva repentina, seu semblante era medonho. Beiço se inerva, todos estávamos muito descontrolados, ou até mesmo assustados com a nossa própria natureza, sentíamos grandes e pequenos. – Puta que pariu Igor, porra, que merda foi aquela?
- Fiz o necessário. E só não fiz pior, pois temos que entregar a encomenda. – Expôs Igor cerrando os dentes. – Eu estava profundamente abalado. As imagens de dor; agonia, aflição, humilhação, morte, sangue oscilavam sobre mim no mundo real. O pânico parecia espreitar a minha razão. Em pouco tempo a estrada nos engoliu novamente, o carro voava baixo com os faróis altos, sentia a razão voltar aos poucos, o silencio nos acomodava no banco e os olhares flutuavam em torno da paisagem morta pelo nosso próprio medo. Igor enxugava o sangue da cara com uns papéis que tinham no carro. Não havia muito que ser dito, apenas pensava em dar logo o fora deste pesadelo sinistro. Íamos passando pelas cidades em grande velocidade, não conversávamos um bom tempo de viagem, quando Beiço puxa assunto.
- Pelo menos nós saímos vivos daquela porradaria, não acham? Podia ser pior.
- Não acho que nada pode ser pior do que isso... – Afirmei.
- Seria pior se nós estivéssemos deitados naquele banheiro escroto. – Argumentou Beiço, sendo que isso eu não podia negar, seria muito pior. A estrada ia alimentando nosso espírito aventureiro. Todas as pequenas cidades de beira de estrada traziam em si uma sensação estranha de nostalgia, um passado que nunca vivi, e mesmo assim, nostálgico. Não fazia muito sentido, talvez nada nunca fez sentido, por conta disso vivia nesta piração, mas uma coisa é certa; mostre-me um homem são e eu apontarei um homem morto. As cidades iam mudando com velocidade, suas ruas estreitas e com pequenas casas iam dando lugar a um horizonte verde, ao campo e ao mato. Fiquei imaginando como seria morar nesses lugares esquecidos por deus, se me adaptaria a paz e ao silencio eterno da noite longa.