segunda-feira, outubro 30, 2006

Utopia.




Separadas por uma ponte de ideais, não muito longa, duas figuras conhecidas por coragem de alguns povos harmônicos, contemplam-se ao longo dos tempos; a Revolução e a Liberdade. Fatigadas de se encararem, junto a monotonia da submissão humana, a Liberdade e a Revolução caminham até o meio da ponte para guerrearem sobre as idéias de cada um:
Liber- boa vida heim Revolução. Como vem vindo?
Revo- boa vida? Fui submersa pela poeira do tempo, minhas juntas estão a estalar e corroídas. Não agüento mais ficar parada, ninguém mais tem coragem de declarar poesias verdadeiras e sangrentas em seu nome, assim eu nunca vou gritar.
Liber- Que é isso? Não acho que as pessoas para chegar onde estou, tem que passar por você. Um povo só precisa de bom senso e preservar acima de tudo o amor mútuo.
Revo- Isso seria possível se o homem não tivesse perdido sua dignidade, solidariedade, paixão e romantismo na bolsa de valores e na preguiça do capitalismo. O homem precisa tirar suas vendas e redescobrir que a vida é muito maior do que qualquer coisa que ele criou, mas para isso alguns vão ter que padecer e perecer.
Liber- Você concorda que o sofrimento é a solução para os problemas humanos?
Revo- É inexorável. Enquanto quem estiver no poder pregar a lei do dinheiro, a luta daqueles que não tem nada, reerguerem suas vidas contra aqueles que possuem tudo é a única solução. Nós não clamamos pelo seu nome Liberdade, nós lhe conquistamos.
Liber- Talvez você tenha razão. Mas pelo menos a vida ainda lhe cerca, enquanto eu fui esquecida. Meu nome é dito hipocritamente, sem vida nas palavras, várias nações dizem que são livres, sem ao menos me conhecerem de verdade.
Revo- Você acha que eu não? Estou sentada aqui há muito tempo. Então estais comigo? A violência é a solução?
Liber- Não disse isso, ainda estou pensando; fome, medo, desgraça, morte, será mesmo a única solução? O homem e sua diplomacia não poderiam chegar a um consenso?
Revo- Poderia se ele realmente quisesse. Lutar contra todos os seus anseios de preguiça e gastar um pouco de energia com o que vale a pena, a terra e sua própria espécie, criando um modelo econômico mais justo para toda humanidade. Mas enquanto ele persistir em tecnologias fúteis, a extinção pode ser inevitável. Vale a pena lutar e sofrer.
Liber- Sofrer?
Revo- É mais fácil sofrer agora, do que aos poucos a eternidade.
Indignada a Liberdade se vira voltando ao seu covil mudando de idéia e se esquecendo logo depois, enquanto a Revolução se enche de graça triunfal.
Cada vez que as duas se encontram, um povo fica livre, por isso demora tanto a se encontrarem, fazendo com que a Liberdade se perca logo depois.

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