
Distância de Nós Dois
A poesia me cospe a boca
Nos sentidos que me escarra a cara
as palavras trôpegas em lábios tortos fogem diante ao medo de pronunciá-las
Em movimentos tórridos de uma emoção aparente
ficando-se em versos de saudades e comoções vivas
escaldando em belezas desconhecidas de tudo e todos que habitam em nosso peito
desnudo pelo medo do cotidiano
e do pavor do dia a dia
entretanto
sempre se salva ao peito os versos mais nobres
dos poetas mais pobres
que enriquecem os espíritos dos desesperados
que não compreendem a metade de um décimo do que pulsa ao peito
e a língua úmida que deseja se calar
junto ao urro torpe e demência
afaga-se cega em vultos virtuais
criações monstruosas do próprio medo humanodo abandono e a solidão
e esta mulher de coxas lindas
de pernas lisas ao olhar
e de lábios afiados de um sorriso vivo
passa a paz que qualquer homem poderia sonhar
Mesmo sem nunca ter lhe visto
Já sinto saudades em acarinhar
todo este corpo........................................Lobato Dumond.
Tempo de gritar
As fotos já amarelaram pelo tempo ao longo da parede
Um inimigo ilusionista se torna o tempo
Muitos vão dizer que ele mata
E não muta
Que ele envelhece
Mas ele rejuvenesce os ideais
Vão afirmar com toda convicção
Arrasta a vontade e tudo pela frente
Corrói sentimentos e faz escorrer pelas mãos a areia da vida
Dirão ainda mais
Que a tristeza é a principal arma do decorrer do andamento
Não podemos corroborar com estas idéias profanas sobre o tempo
Pois só ele solidificaSerá então o principal responsável pelo amadurecimento
Pela superação e por toda magnificência da vida
Do fausto e do belo da convivência com aqueles que amamos
A transformação vem graças ao nosso principal aliado
Toda mutabilidade da vida está presente no decorrer de suas ilusões
Acoplado a seu próprio significado
Tempo
O que são os anos se não nossa própria existência
A morte é só mais uma das faces da vida, dentre tantas outras
Assim como todos os sentimentos que cercam o louco
E suas oscilações entre eles
Da afobação a timidez
Do holocausto interno a mais tenra paz
Da genialidade a estupidez completa
Da razão e a falta desesperada dela
Onde esta dará ensejo àquela
E esta dor garrida que temos que passar dará asas as nossas maiores alegrias
Adornado pelos nossos maiores feitos
naquele pulo de um penhasco sustentado pela corda
O vôo livre de um avião
Aquela conquista inesperada profissional
A paz de uma morte sofrida pela doença
O reencontro de um beijo já esquecido pela lágrima
Agora as fotos não mais amarelarão
Viverão em memórias
E a cada dia que se passa
Posso com júbilo fortalecer
Em cada sílaba
E em todas verdades
Eu te amo em silêncio
Por que se urrar ao mundo o que sinto por você
Morro
Pelo tempo que terei que gritar........................................Lobato Dumond.
O gosto de um rosto
Alguém a viu por ai?
Não agüento mais adoecer neste torpor
Por favor
Alguém a viu
Vivo a angústia de uma inevitável dor
Por favor
A madrugada invade minhas veias
Refletindo em meus olhos o espelho
E sinto as conspirações em teias
Da inquieta mente que atormenta a dor
Por favorAlguém a viu?
Não agüento mais adoecer neste torpor
Por favorAlguém a viu
Vivo a angústia de uma inevitável dor
Por favor
Lembro-me de quando você partiu
Pela porta afora
Partindo também meu seio
Confinando meus dias ao lamento de uma perda
E mesmo que todo o anseio
Que a terra há de esmagar
Eu realizo o impossível de ainda lhe ver
Ante a interminável madrugada
Meus olhos selam-se
Úmidos pelas lágrimas do seu beijo
E a compulsão me leva às ruas
E todas as mulheres agora têm
o seu gosto
Ou seu rosto
E eu choro, choro
Seguro minhas mãos trêmulas
Alguém a viu por ai?
Não agüento mais adoecer neste torpor
Por favor
Alguém a viu
Vivo a angústia de uma inevitável dor
Por favorA imaginação faz de tudo
Cria mundos
Interpreta seus jeitos
Olho com seus olhos mas não chego a ela
A multidão se forma viciada
Na amoralidade de não se amar
A paixão é fútil
Igualmente o mundo espetacular
E fantasioso
Quimera inútil
Alguém a viu?
Não agüento mais adoecer neste torpor
Por favor
Alguém a viu
Vivo a angústia de uma inevitável dor
Por favor
Por favor... Por amor a Deus........................................Lobato Dumond.
Heroína
O caminho nem sempre é certo quanto parece
basta saber não só aquilo que gostamos
mas também todas as coisas que nos busca, procura ou tortura pela falta
não satisfaz a vã filosofias
e a poesia é escarrada em provérbios
de pecados e alegrias perdidas nos lábios
de uma tristeza sem sentido
tão quanto sem significado
A força reside de todos os dias nos redescobrirmos
como humano
como espírito e como alma
para sempre continuarmos em nossos caminhos
em nossos poços de esperanças que teimam em não se secarem.
Cingidos por amores perdidos e ganhos ao longo da estrada
tortuosa imaginação perdida em sussurros silenciosos que nos dizem tudo
e mesmo assim esperamos sempre mais
mais daqueles que nos cercam
e mais daqueles que nos habitam em todas as formas variadas de sentimentos
enquanto meus frágeis dedos se esforçam a continuar a apontar um caminho
sigo cego
meus passos febris
nestes devaneios aumentamos a perspectiva de nosso universo
e as mãos que se fecham em punhos cerrados
são estendidas em versos em outra face
e algumas até camufladas em luvas de hipocrisia
outros, porém
matem-se irredutíveis e inabaláveis
nem as maiores intempestivas tempestades
farão descer de sua inabalável postura heróica
e nisto consiste toda minha paixão
por que te afirmo
que mesmo que me abandone
eu jamais lhe abandonarei.........................Lobato Dumond.
Espaço de um todo
O ciclo de luzes Espalhado em pontos no universo
Traduz nossas impróprias aspirações
Tão distantes
Jogado ao infinito azul escuro beirando ao negro
Untando emoções intensas
Quase insanas
Que movem o essencial do ser
O equilíbrio de si
Em si
O conjunto em movimentos voraz
Intragável pela sua própria essência
Dança pelo espaço em sua própria harmonia
E progressivamente vem crescendo
Evoluindo em aquarelas de encanto
nos quadros de gênios incompreendidos
E em ritos de uma religião esquecida pela história
Junto ao grito que se faz mudo
Opaco em sua própria surdez
Dilacera espíritos em pedaços cânticos de músicas
Tentando simplificar meu coração
Horas vazio pela dor
Seu âmago ferido pelo passado
Que se faz lembrar no presente instável e incerto
E tempos findos em outros
Transbordando sangue de tanto que lhe batem
E de todo este movimento
IninterruptoVoraz e fugaz
Fica preciso a pausa momentânea
Porém violenta
Fazendo a inércia existir no corpo
Acrescentando nesses segundos aglomerados um passado
regado a um amor incondicional
E parado olhando em meus poros de alegria
Vejo desenvolver você dentro de minha alma
Sua imagem sempre nítida
presente a minha pessoa
Como tudo aquilo que é parte de um todo
O todo também se finca à parte que lhe concluí
E assim se completa minha paz
junto ao calvário
Sem a sua presença sinto que me falta uma parte do meu todo
E justo minha melhor parte
Te amo...............................................................Lobato Dumond.
FlaFla
O glamour de uma noite de futebol
o fervor da torcida
Emanando dos poros de paixões inexplicáveis
O sangue rubro que arde aos olhos negros
jubilo de uma incessante em uma dor agonizante
um amor resguardada pela lágrima da derrota
Amparada pela mesma lágrima da vitória
As vozes ensurdecedoras
aturdindo os sentidos sem sentido algum
o urro de combate nas arquibancadas
sufocado pelo tremular de bandeiras
O sangue rubro que arde aos olhos negros
que no choro é moradia do alívio
o coração que rega o corpo
em um rufar rítmico e frenético
deixando seco o oceano de pensamentos
no momento em q o gol se perpetua
nasce em dois segundos de silêncio e expectativa
o uivo torrencial de um exército
unidos por alguns segundos em um mesmo comum
GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL!!!!......................................Lobato Dumond.
O sangue rubro que arde aos olhos negros.
Palafitas Torrenciais.
Às vezes à vontade de viver
mistura-se à pretensão de estar morto.
Caducando sobre os pés da insanidade
corremos estimulados pelas drogas,
as legais empurradas pela realidade,
e diante das sombras,
todas ilegais
injetamos em nossas veias
em doses homeopáticas de esperança,
aumentando nossos pecados
um refúgio de nossa realidade mesquinha.
A janela iluminada pelo sol
escalda imaculada os desejos obscuros.
Esperamos a salvação divina,
ou a de um herói perdido em seu próprio sonho.
Inundados pelo prazer efêmero
tentamos esconder a lágrimaque tão facilmente escorre pela tez
haurindo em goles largos amargos
as favelas de nossa própria existência.
Bate Mas Não Sente.
O tempo nos engole a todos
todos os dias
vivemos esbarrando na relva do desespero
aparadas pelo amparar de ombro
muitas vezes desconhecido
uma estranha
uma possível puta
as lembranças são inevitáveis
e esquecer tão mais, se não muito mais eficaz
fugaz é o amor
as labaredas do sexo resvalam no momento
um estranho, um possível jogo
a inevitável dor é o próprio tempo
a própria lembrança
ordenada junto ao esquecimento
é o estranho
é a puta
é o desespero de um coração frio...........................Lobato Dumond
Navio de Papel.
Nem sempre vejo aquilo que me envolve
Das profanas e sórdidas emoções
Consigo sentir todo o pouco que aflige
Deixo-me levar em insignificantes pensamentos
Que atormentam grandes poetas
Que enlouquecem os maiores gênios
Não sei as respostas de nada
Só sei as perguntas de um tudo
O amor vive longe e na lembrança
Esperava ver melhor,
Sentir muito mais
Todavia me perdi em um mar bravio
As auguras em ondas torrenciais
Derrubam meu frágil navio de papel
Choro amarguradamente em um desespero
Para esmorecer meu sorriso
E na mesma intensidade gargalhar para as mazelas da incerteza
Amo sem ser amado
Sou amado sem amar
O sexo às vezes tem o gosto de ausência
Tento esquecer para poder me dar
Os escarcéus vagos em minha mente
Sempre ecoam em profunda melancolia
Refugio-me em minhas lembranças
Fazendo uma guerra de precariedade insegurança
Assim nado para o fundo,
Bem fundo
De onde não poderão me resgatar
Tampouco me verão pequeno em meus sonhos
Cobiço a solidão em minhas vozes
Anseio ouvir apenas aquilo que eu possa me dizer
Para quando eu puder voltar
E se um dia meu domínio regressar
Olhar bem em seus semblantes
Na essência de sua retina
E lhe brindar com toda a segurança
Que você busca um dia encontrar em si mesmo.Lobato Dumond.